Ferrari foi do inferno ao céu em Imola e segue sem entender o porquê
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Há uma máxima na imprensa italiana de que a passagem de Mattia Binotto no comando da Ferrari foi marcada pela frase "precisamos entender". Precisamos entender por que o carro não foi bem, por que a estratégia não funcionou, e por aí vai. E eis que Binotto saiu há tempos e o tom das entrevistas seguiu o mesmo
"Talvez eu tenha que parar de dizer isso toda hora, mas é a verdade", admitiu Charles Leclerc em um fim de semana no qual a Ferrari foi do inferno na classificação, quando os dois pilotos ficaram de fora do top 10 mesmo tendo feito voltas limpas, ao céu na corrida, com Lewis Hamilton chegando perto do pódio e o monegasco só ficando mais atrás por ter dado azar na estratégia.
Não é que a Ferrari não tenha ideia do que está causando a flutuação no rendimento. Eles sabem que o carro tem um problema fundamental na traseira, ligado à interação entre o câmbio e suspensão, que tem reflexos aerodinâmicos e, na prática, impede que o carro seja configurado da maneira que foi projetado para ser.
O antídoto contra isso está sendo preparado pelo diretor técnico de chassi Loic Serra e é esperado para antes das férias de agosto. Nas previsões mais otimistas, uma atualização na suspensão poderia chegar já para Silverstone, no começo de julho.
Eles sabem, também, que há uma dificuldade em extrair rendimento de pneus novos, o que é o problema central na classificação. Quando está com pneus usados, a Ferrari se aproxima dos líderes. Com pneu novo, cai muito.
Esse, sim, parece ser um problema que eles não têm muita ideia de onde vem.
"Não podemos ficar colocando peças novas sem saber para onde estamos indo, não é assim que funciona. Precisamos entender a base do problema. Não é que não entendamos nada sobre o que está acontecendo, obviamente há sinais, estamos testando muitas coisas no simulador. Ainda não encontramos a solução e estamos trabalhando duro nela", disse Leclerc.
Hamilton voltou a ter a sensação da China
É claro que o tom de Leclerc era mais comedido após o GP da Emilia Romagna. Ele largou à frente do companheiro Lewis Hamilton. Preso atrás de Lance Stroll, antecipou sua parada e conseguiu deixar para trás Russell, Sainz e Alonso com a tática, mas acabou tendo azar com um Safety Car Virtual cedo demais para sua estratégia funcionar. E, no final da prova, com um Safety Car quando não tinha mais pneus novos que aguentariam até a bandeirada para colocar.
Teve que ficar na pista, foi passado por Hamilton e Albon, e terminou em sexto, enquanto o companheiro foi o quarto.
Hamilton estava com uma estratégia contrária à de Leclerc, largando com o pneu duro à espera de um Safety Car, que apareceu na volta 29. E quando a corrida foi neutralizada novamente, ele tinha um jogo de duros para colocar e manter o ritmo até o fim, inclusive se aproximando de Oscar Piastri, outro que teve que ficar na pista com pneu usado.
Mas o inglês saiu do carro dizendo que pular de 12º para quarto não foi algo explicado apenas pela estratégia.
"Na China [quando venceu a sprint] eu me senti alinhado com o carro e hoje também. Senti uma sinergia real, acho que o acerto estava ótimo. Progredimos em nossa performance de corrida. Só temos que desbloquear o potencial na classificação. Se tivéssemos nos classificado mais à frente, poderíamos ter lutado pelo pódio, o que eu não acreditava que seria possível."
Depois de um GP tenso em Miami, com respostas ríspidas para o engenheiro de pista, Hamilton salientou a calma de todos. "Riccardo [Adami, seu engenheiro] fez um trabalho fantástico de comunicação comigo. Eu mantive a calma, e ele por conseguinte manteve-se calmo, assim como toda a equipe, na execução da estratégia e dos pit stops. Foi uma corrida excepcional sob todos os aspectos."
Curiosamente, até Hamilton, recém chegado, já adotou o discurso padrão ferrarista. "Temos um bom ritmo, então devemos analisar e entender onde e por que. Achei que melhoramos neste fim de semana com algo que tentamos consertar e acho que haverá mais melhorias. Mas o acerto foi muito bom."
Mônaco vai ser difícil
O acerto estava bom, mas na corrida. E Mônaco, já neste fim de semana, tende a expor a dificuldade da Ferrari na classificação ainda mais, pois ela é mais importante do que em outras provas. "Espero me surpreender", disse Leclerc, vencedor do ano passado no Principado. "Espero um fim de semana muito difícil."
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