IA usará 3% da energia global em 2030; Tem como reduzir essa conta de luz?
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(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: O paradoxo elétrico da IA; Chips 'made in USA'; Os maus negócios de Musk; Black Mirror)
No ritmo atual, a inteligência artificial vai ser responsável pelo consumo de 3% de toda a eletricidade do mundo em 2030, nos cálculos da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O volume é equivalente à energia elétrica consumida pelo Japão por todo ano.
Daqui a 5 anos, ao atingir esses 3% de consumo, a IA vai se igualar a aviação civil, que é usada por muito mais pessoas do que quem usa IA
Helton Simões Gomes
Para alguns países, os pesquisadores da agência conseguiram mensurar a tendência de consumo da IA em relação a outros segmentos econômicos que consomem eletricidade intensamente. Nos cálculos da agência, a previsão é que os Estados Unidos gastem mais energia com IA do que na fabricação de bens de consumo e itens como alumínio, aço e produtos químicos.
Isso denota pelo menos duas coisas: a primeira é que os EUA está cada vez menos se apoiando na indústria e por isso que a indústria gasta cada vez menos energia. A segunda é que é uma economia muito centrada nos serviços, que estão cada vez mais usando IA e por isso vai ter essa disparidade
Helton Simões Gomes
Sistemas de IA por trás do ChatGPT, Gemini e outras ferramentas rodam em data centers Esses equipamentos cruciais ao mundo das plataformas digitais consomem grande quantidade de energia, seja para manter os computadores funcionando e executando os complexos cálculos necessários a operações da IA, seja para resfriar as máquinas e não permitir que elas se danifiquem. Esse resfriamento também exige recursos hídricos abundantes.
Por ter matriz energética limpa e cada vez mais renovável, o Brasil tem atraído diversos projetos de data centers, voltados a atender a alta demanda local pelos serviços das grandes empresas de tecnologia norte-americanas, como Google, Meta e Microsoft. Alguns executivos da área, porém, classificam esse movimento como uma "exportação de energia".
Diante da explosão de consumo de energia pela IA, a IEA vislumbra uma saída paradoxal para reduzir a conta de luz gerada pela tecnologia: a IA que elevará o consumo de energia também será a ferramenta que permitirá à humanidade criar inovação para poupar ou gerenciar o consumo de eletricidade.
O relatório da IEA, sobretudo a solução proposta para o alto consumo energético, não foi bem recebido pela comunidade internacional. Entre as principais preocupações, estão o risco ambiental da tecnologia da moda e uma suposta carta-branca para as iniciativas do governo de Donald Trump e das grandes empresas de tecnologia norte-americanas.
Independentemente do número exato, estamos falando de uma porcentagem muito grande no consumo de energia elétrica global, e isso tem sérios riscos na nossa habilidade de atingir os objetivos climáticos
Alex de Vries, fundador da consultoria Digiconomist
Em vez de fazer recomendações práticas para o governo sobre como regular ou minimizar o grande impacto da IA e da instalação os grandes data centers no sistema de energia, a IEA e seu diretor executivo Fatih Birol estão oferecendo um grande presente de boas vendas para à administração de Donald Trump e para as companhias de tecnologia que patrocinam o governo dos EUA
Claude Turmes, ex-ministro da Energia de Luxemburgo por 10 anos (1999-2008)
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DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo às 15h.
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