Flavia Guerra

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Reportagem

Robert De Niro em Cannes: 'Eu tenho medo da morte, mas não tenho escolha'

Robert De Niro é um habitué do Festival de Cannes. "Taxi Driver", de Martin Scorsese, chacoalhou a cidade francesa e venceu a Palma de Ouro de 1976, fazendo com que o nome do ator nova-iorquino entrasse de vez para a lista das grandes estrelas do cinema internacional. Entre idas e vindas, em 2023 voltou ao festival com Martin Scorsese para a première mundial de "Assassinos da Lua das Flores", em que divide a cena com Leonardo DiCaprio.

Neste ano De Niro volta a Cannes para receber a Palma de Ouro Honorária, entregue a ele na cerimônia de abertura do evento, na última terça-feira, e para participar de entrevistas e um debate especial com cerca de mil pessoas.

O concorridíssimo rendez vous com o ator foi tão histórico quanto frustrante, uma vez que o mediador da conversa, o videoartista francês JR (de "Visages, Villages", que ele dirigiu com a cineasta Agnès Varda) mais quis falar do filme que dirige com De Niro do que repassar a carreira e seus maiores papeis.

Leonardo DiCaprio entrega prêmio de honra a Robert De Niro em Cannes
Leonardo DiCaprio entrega prêmio de honra a Robert De Niro em Cannes Imagem: Stephane Cardinale - Corbis/Corbis via Getty Images

Ainda assim, foi um grande privilégio poder assistir a cenas inéditas do filme que eles estão realizando juntos. JR não necessariamente dirige De Niro no documentário que investiga a vida, a carreira e, principalmente, a história do pai do ator, que tinha o mesmo nome do filho e que foi, de certa forma, ofuscado por sua fama.

Pintor abstrato, Robert pai era um cara afetuoso e uma grande referência cultural e ética para o filho. "Eu tenho também exercer a paternidade dessa forma", comenta o ator, que em uma das cenas do filme se deita em posição fetal sobre uma imensa foto do pai em um gramado.

JR é famoso pelas ampliações gigantes dos retratos que faz desde pessoas comuns até anônimos. No filme com Vardas eles viajam pela França ouvindo relatos das pessoas, que são fotografadas e têm seus imensos retratos "colados" nas paredes das casas e prédios de suas cidades.

Mais preocupado em criar sensações e imagens do que de fato fazer entrevistas, o artista e diretor francês já mostra tanto nas cenas que foram exibidas quanto no próprio papo com De Niro que o filme vai trazer uma visão autoral e criativa do ator, de sua trajetória e história com o próprio pai e a paternidade.

De Niro, que foi pai novamente há pouco tempo, traz as reminiscências de sua história no filme. Já na conversa, ele contou que não tem medo da morte, ou quase. "Eu tenho medo, na verdade, mas não tenho escolha. Então, é melhor não ter medo", disse ele, que também acrescentou que não está preocupado com o prazo para concluir o filme. "Não é essencial que eu veja (a versão) final", afirmou o ator que, aos 81 anos, não quer se aposentar, mas tampouco quer continuar fazendo filmes de máfia.

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Em conversa com a imprensa, ele afirmou que só vai voltar a viver um mafioso no cinema se o roteiro tiver algo a dizer, como "Assassinos" e os demais filmes que fez com Scorsese. Aliás, eles mesmo só fala quando tem algo a dizer, como DiCaprio bem afirmou quando entregou a Palma de Ouro honorária a DeNiro: " A questão é que Bob não fala muito, mas quando fala, é algo que importa", disse o ator.

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