Flavia Guerra

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Opinião

Em Cannes, Tom Cruise é rei e se despede de 'Missão Impossível'

Alguns fenômenos são inexplicáveis e só nos resta aceitar. Mesmo depois de quase 30 anos e sete filmes depois, "Missão Impossível" e, claro, Tom Cruise, continuam parando não só a Croisette, a famosa avenida à beira-mar da cidade francesa que é sede do maior festival de cinema até o dia 24, mas também o mundo do cinema.

Assim como em sua segunda passagem pelo festival, em 2022, com "Top Gun Maverick", Cruise parou a cidade, que costuma ficar (muito) lotada só na sexta-feira, quando os espectadores "normais", ou seja, os que não estão credenciados como profissionais do evento (como a própria imprensa, produtores, atores, entre outros do audiovisual), têm tempo para badalar pela Riviera Francesa e tentar ver um pouquinho de seus ídolos no evento que mais exclui que inclui o público.

Mas Tom Cruise é sempre assim. Magnético, carismático, atencioso. Mesmo em meio ao caos diante do tapete vermelho mais concorrido do cinema, parou sorridente para tirar fotos com os fãs, dar autógrafos e desfilar com calma ao som do tema de "Missão: Impossível", composto por Lalo Schifrin, executava ao vivo por uma orquestra de 40 músicos e da trupe do filme dirigido por Christopher McQuarrie, que contou com a presença de nomes como Simon Pegg and Ving Rhames.

O elenco também inclui Hayley Atwell, Pom Klementieff, Henry Czerny, Angela Bassett e Nick Offerman, entre outros.

Não raro são sessões de gala, as chamadas premières, em que muitos aplausos calorosos são dados às estrelas e equipes dos filmes e, ao final, apenas palmas protocolares são ouvidas (caso de "Indiana Jones - A Relíquia do Destino" em 2023, de "Furiosa - Uma Saga Mad Max" em 2024, entre outros). Mas a sessão de gala de "Missão Impossível - O Acerto Final", o oitavo da franquia criada em 1996, foi puro carisma do início ao fim das mais de 2h40 de filme.

Claro que houve alguns poucos que saíram no meio da sessão, mas isso também é comum em um festival em que festas disputam a atenção dos filmes na mesma medida. O crucial é que o público que lotou o Grande Théâtre Lumière na noite desta quarta, riu, ficou tenso, aplaudiu em cena aberta várias vezes e bateu palmas por mais de 5 minutos ao final não só do longa, mas também da saga que elevou Cruise ao status de uma das maiores, e últimas, grandes estrelas de Hollywood.

"Acerto Final" é, a priori, a última aventura do ator que, aos 62 anos, ainda faz questão de atuar ele mesmo em cenas perigosas e sequências que fazem qualquer ser normal se coçar de tensão. Nesta última aventura, ele tem de combater um inimigo digital, o Rei das Mentiras, a "Entidade". Para isso, ele, o único homem capaz de salvar ou de por o mundo a perder, tem de evitar um apocalipse nuclear e cumprir uma missão, obviamente, impossível.

Mas nada é impossível para o agente Ethan Hunt, que mergulha em profundidades absurdas (atente para a escapada só de shorts mesmo em meio a águas congelantes), voa e se pendura em um avião, salta de paraquedas, luta muito, livra-se de todas as formas de armadilhas inescapáveis, faz cálculos incríveis, tem charme para dar e vender, flerta (de leve) com as companheiras de suas equipes sempre incríveis e ainda tem empatia pelos que estão próximos e pelos que nunca vai conhecer, ou seja, pela humanidade. Se Hunt é tudo isso, nada disso seria possível sem o carisma de seu intérprete.

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É inexplicável, mas Cruise é realmente puro carisma. E é isso que faz dele um astro único, capaz de levar milhões e ajudar a salvar a pátria das bilheterias em 2022, que arrecadou mais de US$ 1,46 bilhão em todo mudo com "Top Gun Maverick" e promete bater os US$ 571 milhões de Missão Impossível: Acerto de Contas Parte 1 (2023) e US$ 791 milhões de "Fallout" (2018).

Se depender dele, de McQuarrie e da plateia, vai ser um sucesso, ainda que mais do mesmo, "O Acerto Final" pode até não ser a despedida do ator da franquia. "Estar aqui em Cannes e ter esses momentos, quer dizer, quando eu era criança, quando estávamos crescendo, eu realmente não consigo nem sonhar que algo assim está acontecendo", afirmou o ator ao final da sessão.

"Acho que McQuarrie disse tudo. Eu sou muito grato por 30 anos poder entreter vocês com esta franquia", acrescentou. Cruise, então, finalizou: "Sou grato a você, meu amigo. Cada passo do caminho, tudo o que você fez e como expandiu — superou as nossas expectativas. Mal posso esperar para fazer vários outros tipos de filmes com você."

Já McQuarrie, que dirige a franquia desde "Fallout", comentou que quando criança não se encaixava muito no padrão e "grande parte da minha vida foi uma brincadeira imaginativa. Eu cresci e tive meu próprio boneco de ação."

Cruise é muito mais que um boneco de ação e sabe equilibrar sua persona, cenas de ação e valorização do cinema na tela grande (para a qual ele afirmou em 2022, quando também recebeu uma Palma de Ouro especial, que faz filmes). "Acerto Final" estreia nos cinemas em 21 de maio de 2025 e, então, o público do mundo vai poder dizer se Cruise deve mesmo se despedir da saga e de Hunt ou, quem sabe, mesmo aos 62 anos, dar aos fãs mais um gostinho de seu fôlego infinito como um dos agentes secretos mais memoráveis que já existiu.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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