'Mesmo delegada, não consegui me ver como vítima de relacionamento abusivo'

'Amar + Materna' é o programa apresentado por Mariana Kupfer que vai ao ar toda segunda-feira no YouTube de Universa e toda sexta às 20h no Canal UOL. No episódio desta semana, a delegada Amanda Souza conta as violências que viveu até entender que estava em um relacionamento abusivo com o ex-marido - ele não aceitou o fim do casamento e matou os dois filhos do casal.

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Antes da relação acabar em tragédia, ela diz que a família vivia em harmonia. O cenário mudou quando ela decidiu ir para Belém passar pela formação para ser delegada.

"Vivi 20 anos em Minas Gerais achando que eu tinha um casamento maravilhoso, tinha problemas que qualquer relação tem. Por 20 anos vivi sendo a melhor esposa que eu poderia ser", lembra.

A chantagem psicológica foi a primeira arma escolhida pelo ex-marido para tentar controlar Amanda.

Ele me moldou para que eu entendesse que o homem que chega em casa nervoso e se acha no direito de falar algumas coisas inadequadas tem esse direito porque ele trabalhou o dia inteiro e é o responsável pela família. Então quando ele se descontrolava com uma violência psicológica, eu não conseguia enxergar.Amanda Souza

Em Belém, mesmo trabalhando como delegada e acompanhando de perto outras mulheres vítimas de violência doméstica, demorou para que ela entendesse que estava passando pela mesma situação.

"Eu não consegui me enxergar como vítima, porque era como se eu batesse no peito e falasse 'isso eu dou conta'. Quando ele percebeu que a tortura psicológica dele não estava me abalando, ele começou a ameaçar a tirar a própria vida", conta.

Demorou para que Amanda decidisse colocar fim ao casamento.

"Eu tinha uma gratidão muito grande por ele. Ele me ajudou muito a chegar como delegada de polícia, foi ele que me incentivou, que me deu condições para estudar. Então aquilo ficava me remoendo porque eu sabia que meu casamento tinha acabado, mas eu sabia que tinha uma dívida de gratidão com ele e eu não podia simplesmente falar 'eu não preciso disso'", lembra.

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Quando ela entendeu que não dava mais para continuar e pediu a separação, as chantagens emocionais aumentaram. Em 2023, depois de uma série de ameaças, ele mandou uma mensagem para Amanda, que dizia: "seu futuro será de tristeza e solidão".

No mesmo dia, ele ligou para ela dando a notícia de que havia assassinado os filhos do casal: na época, Marcelo tinha 12 anos e Letícia, 9. "Meu telefone tocou e ele falou: 'parabéns, você conseguiu o que queria, eu matei os seus dois filhos'", conta Amanda.

Quando chegou em casa, ela encontrou os dois filhos mortos e o ex-marido também, que tirou a própria vida após cometer o crime.

Hoje, ela continua atuando como delegada e ajudando outras mulheres vítimas de relacionamentos abusivos.

"O meu objetivo hoje é transformar vidas com o meu testemunho e eternizar o quanto eu puder o Marcelo e a Letícia", afirma.

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