Vinho inglês existe e é espetacular (mas a razão para isso não é nada boa)

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A imagem de sir Winston Churchill portando um copo de Champagne é clássica (dizem que ele bebia duas garrafas por dia). Se tivesse vivido até agora, o estadista teria visto seu próprio país ombrear com a região do norte da França na feitura de espumantes. Tá bom, ombrear pode ser um pouco de exagero, mas a produção de borbulhas inglesas já é uma realidade, e a qualidade é impressionante.
O florescer da Inglaterra e do País de Gales na produção de vinhos, porém, vem a reboque de uma tragédia: o aquecimento global. Até o começo do milênio, a região era fria demais para produzir bons vinhos com regularidade. As uvas simplesmente não amadureciam. Hoje, embora ainda sofra com excesso de umidade, o Reino Unido tem tido safras relativamente regulares. Contam-se em mais de 450 as vinícolas instaladas por lá.
O videocast Vamos de Vinho desta semana aborda o tema dos vinhos ingleses. Dá uma espiada lá.
Onde o vinho inglês é produzido
A produção de vinhos se concentra nas regiões menos frias do Reino Unido: ou seja, o sul. E é mais forte a partir do sudeste, perdendo um pouco de relevância na medida em que caminha em direção ao sudoeste. Ou seja, têm mais importância as regiões de Kent, Sussex, Surrey e Hampshire. Em seguida, Wiltshire, Dorset, Somerset, Devon e Cornualha. Um pouco mais ao norte, também há vinhos dos dois lados do mapa, em East Anglia e no País de Gales.
É só espumante?

Não, também existe uma crescente produção de vinhos tranquilos, especialmente brancos. A uva mais relevante é a chardonnay, mas os ingleses também se dedicam a vinificar cepas menos comuns, como a bacchus e a ortega.
Também há tintos e rosados, principalmente com a pinot noir, mas nunca topei com um (só na foto acima).
Uma uva: bacchus

A bacchus foi criada em laboratório, na Alemanha, em 1933. É filha de um cruzamento de sylvaner com riesling e müller-thurgau. Amadurece rápido e é bastante produtiva. Em geral, é comparada com a sauvignon blanc no perfil aromático: maracujá, grapefruit, flor de sabugueiro (aquele cheirinho que fica entre algo vegetal e uma nota de suor -acredite, é bom). No Brasil, a importadora Zahil traz um bacchus do produtor Redbrook Estate.
SAIDEIRA

Esse tava bom: Gusbourne Exclusive Release Brut 2019
Espumante inglês da Gusbourne, uma vinícola grande. Feito em Sussex, com chardonnay, pinot meunier e pinot noir, as uvas clássicas de Champagne, pelo método tradicional, de segunda fermentação em garrafa. Delicioso, com impressionante equilíbrio entre as notas de frutas, florais e de panificação, com grande volume na boca e borbulhas finas e persistentes. Os espumantes ingleses não são uma alternativa barata a Champagne (para isso, melhor ficar com os nacionais, chilenos, argentinos e cavas). Custa R$ 576 para não-sócios na Divvino, importadora e e-commerce para a qual a cuvée foi desenhada.

O barato da semana: Pizzato Fausto Brut
Essa é uma boa opção de espumante nacional de custo relativamente baixo. Sempre consistente, costuma ter um pouco de floral, frutas cítricas e um toque de tostado. É elaborado pelo método tradicional, de segunda fermentação em garrafa, pela vinícola de Bento Gonçalves (RS). O local de onde vêm as uvas, porém, é o vinhedo Dr. Fausto, em Dois Lajeados, a cerca de 50 km do Vale dos Vinhedos. É feito com chardonnay e um pouco de pinot noir. Custa R$ 78,60 na Amazon (se você comprar por este link, o UOL ganha uma comissão).
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