Vamos de Vinho

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Opinião

A ilha italiana da Sicília é linda e não decepciona na taça

Maior ilha do Mediterrâneo, a Sicília tem paisagens naturais deslumbrantes, cidades históricas incríveis e gastronomia saborosa. Além disso, apresenta grande variedade e qualidade nos seus vinhos, que só ganham espaço no mercado internacional.

Contudo, não foi sempre assim. Com plantio de videiras datado de cerca de 3.000 anos atrás e situação geográfica perfeita para a exportação, a ilha teve a reputação de seus vinhos esmaecida no século passado, quando se produzia muita quantidade e pouca qualidade.

A situação começou a mudar por volta dos anos 70/80, quando vinhos como o Rosso del Conte (nero d'Avola e perricone) e Conte Enrico (nero d'Avola) caíram no gosto dos apreciadores. Desde então, a região observou um crescimento muito dinâmico, com vinhos de muita qualidade, frequentemente produzidos organicamente (o clima quente, seco e frequentemente ventoso favorece o plantio sem pesticidas).

Existem variedades internacionais na região, mas as castas típicas são excelentes e têm personalidade própria. Das tintas, a mais plantada é a nero d'Avola, que dá vinhos potentes, encorpados, que mesclam a força mediterrânea com uma certa complexidade de especiarias. A cepa também compõe o Cerasuolo di Vittoria, junto com a delicada e refrescante frappato.

Aos pés do Etna, vinhedos produzem vinhos elegantes, complexos e um pouco terrosos
Aos pés do Etna, vinhedos produzem vinhos elegantes, complexos e um pouco terrosos Imagem: Alberto Masnovo/Getty Images/iStockphoto

Nas últimas décadas, a atenção global se voltou para o Etna, região vulcânica e fria que produz vinhos elegantes, complexos, um pouco terrosos, com as uvas nerello mascalese e nerello capuccio. Também produz brancos magníficos, normalmente com a cepa carricante.

E, por falar em brancos, eles também existem em outros lugares da ilha e fazem escolta perfeita para os pratos de peixes e frutos do mar da região.

A uva catarratto produz vinhos muito refrescantes, com cara de beira-mar, e a grillo é um pouco mais complexa, trazendo um pouco mais de corpo ao copo. A inzolia, uva comum do Mediterrâneo (e que, na Toscana, atende por ansonica), também aparece por ali, especialmente em cortes.

Essas linhas são extremamente resumidas: a Sicília é todo um universo vitivinícola. Para saber um pouco mais (mas não tudo porque nem o programa todo deu conta), tem um episódio de Vamos de Vinho sobre a região. É só clicar aqui.

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E mais: os vinhos doces são históricos e maravilhosos

Essa feiúra aí é a ilha de Pantelleria, onde se faz um magnífico vinho doce
Essa feiúra aí é a ilha de Pantelleria, onde se faz um magnífico vinho doce Imagem: Getty Images

Durante muito tempo, a Sicília foi famosa por um vinho fortificado, quase sempre doce: o Marsala. Esse também sofreu muito com uma produção de baixa qualidade, mas nomes como Marco de Bartoli levaram adiante teimosamente a bandeira do Marsala, e hoje há uma renascença de bons vinhos.

O sistema de classificação é complicado: inclui envelhecimento (fine, superiore, superiore riserva, vergine/solera, vergine/solera stravecchio), cor (oro, ambra e rubino) e açúcar (secco, semisecco e dolce). Se você estiver na ilha, vale buscar o raro Vecchio Samperi, de Marco de Bartoli.

A Sicília guarda dois outros deliciosos segredos: o Passito de Pantelleria, feito com uvas zibbibo (moscatel de Alexandria) passificadas. É um vinho naturalmente doce, muito caro, de baixa produção e inesquecível.

E o Malvasia delle Lipari, da cepa malvasia bianca, raro e famoso. Desse, só conheço a fama, uma garrafa nunca cruzou na minha frente. Aceito convites.

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UMA UVA:
Frappato

A frappato é uma uva delicada, de casca fina, que, como varietal, entrega um vinho leve e frutado, com aromas de frutas vermelhas e especiarias, ótimo para acompanhar charcutaria, vegetais, aves e até alguns peixes e frutos do mar típicos da culinária siciliana, com passas, azeitonas, tomates secos e pimentões. Alegre, é perfeito para piqueniques. No mercado internacional, é mais comum em cortes com a nero d'Avola, formando o Cerasuolo di Vittoria.

SAIDEIRA

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Imagem: Divulgação

Um vinho de frappato
Nem sempre é fácil encontrar varietais dessa uva no Brasil. Existem algumas versões baratas na internet. Mas a dica de hoje é o COS Frappato 2022 IGP Terre Siciliane, um vinho vibrante, com notas de frutas vermelhas, ameixas, figos e algo de terroso. Custa R$ 237,15 no site da importadora.

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Imagem: Divulgação

O barato da semana (falhou)
Não consigo recomendar os três sicilianos tintos abaixo de R$ 100 que provei. Não conheço o Parthenium DOC Sicilia Grillo 2023, um vinho da gigante Pellegrino. Lojas dizem que tem aromas cítricos e florais e acidez refrescante. É meio-seco. Dá pra achar por uns R$ 60.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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