Histórias do Mar

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Com doença rara e sem saber navegar, jovem começa volta ao mundo de barco

Três anos atrás, o americano Oliver Widger, um pacato vendedor de uma loja de pneus no estado de Oregon, então com 26 anos, foi diagnosticado com uma doença rara: a Síndrome de Klippel-Feil, que provoca a fusão das vértebras cervicais.

O diagnóstico médico foi que ele deveria se submeter a uma cirurgia, mas, caso ela não fosse bem-sucedida, o próprio procedimento poderia deixá-lo paraplégico.

Oliver, então, tomou uma decisão improvável, mas que habitava sua mente há tempos: pediu demissão do emprego, juntou todas as suas economias e comprou um velho veleiro, passou meses reformando ele mesmo o barco, e, quando ficou pronto, partiu para realizar o sonho de dar uma volta ao mundo navegando - mesmo sem ter experiência alguma em navegação.

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Imagem: Reprodução/Instagram

Vinte dias atrás, na companhia apenas de um gato, que ele resgatou de uma lata de lixo e batizou de Phoenix - mesmo nome que deu ao seu veleiro -, Oliver partiu da costa de Oregon com destino ao Havaí, uma jornada de quase 4 000 quilômetros no mar aberto, onde ele jamais navegou, já que toda sua experiência com barcos se resumia a pacatos treinamentos em rios da sua região, onde tentou colocar em prática o que aprendeu sobre navegação pesquisando na internet - mesmo meio que, desde então, Oliver vem usando para narrar sua história nas redes sociais e viralizando cada vez mais.

Na semana passada, sua conta @Sailing_With_Phoenix atingiu 1 milhão de seguidores no Instagram e outros 700 000 no TikTok. E os números não param de aumentar.

Todos torcem por Oliver e seu plano pra lá de ousado de dar uma volta ao mundo navegando, mesmo sem jamais ter pilotado um barco no mar.

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Imagem: Reprodução/Instagram
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Até agora, a postagem de Oliver recordista de acessos é justamente aquela na qual ele conta como, após aquele chocante diagnóstico médico, tomou a decisão de mudar radicalmente de vida.

"Um dia, um cliente entrou na loja onde eu trabalhava com uma camiseta que tinha a estampa de um barco, e eu disse pra ele que meu sonho era dar uma volta ao mundo com um veleiro. Daí ele respondeu: 'se você quer velejar pelo mundo, o que está fazendo aqui nessa loja?'. No dia seguinte, eu pedi demissão e comprei um barco usado. Foi a melhor coisa que fiz pela minha saúde. Pelo menos, a mental".

No meio do oceano Pacífico

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Imagem: Reprodução/Instagram

No momento, Oliver e Phoenix estão no meio do oceano Pacífico, já quase chegando ao Havaí, como ele vem relatando nas suas redes sociais, graças a um serviço de internet via satélite que instalou no barco.

Diariamente, o jovem americano atualiza sua posição e conta detalhes da viagem, já repleta de imprevistos e perrengues, que ele vem contornando com muito bom humor.

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Como quando entrou no porão do barco para revisar o motor e o vento fechou e travou a tampa do alçapão, deixando-o pateticamente preso, por ele próprio, no interior do casco, sem conseguir sair - uma situação de altíssimo risco para quem navega sozinho.

Por sorte, depois de muito esmurrar a tampa do alçapão, Oliver conseguiu quebrar a trava externa e sair da enrascada que ele mesmo se meteu.

Ou quando quando teve que consertar o leme do veleiro em pleno mar, algo que também jamais havia feito antes.

"Foram experiências assustadoras, mas incríveis, já que eu consegui sair bem das duas", escreveu o americano, que ao partir confessou, também por vídeo, que estaria mentindo se dissesse que não estava com medo.

"E acho que logo eu ficarei aterrorizado", completou no vídeo que gravou ao partir do Oregon.

1 milhão de seguidores

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Imagem: Reprodução/Instagram
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Três dias depois, um tanto surpreso com o próprio sucesso na navegação ("Sou apenas uma pessoa comum e consegui! Estou aqui, no meio do oceano, com meu barco. Isso prova que tudo é possível, basta acreditar", gravou em um dos vídeos), Oliver comemorou, eufórico, o encontro com baleias e golfinhos no mar.

Dias depois, ainda mais entusiasmado, comemorou com outro vídeo e uma latinha de cerveja quente ("Porque a geladeira do barco parou de funcionar"), a marca de 1 000 milhas navegadas e a conquista de 1 milhão de seguidores no Instagram, quase todos os últimos dias.

"Quero agradecer a todos, pelas mensagens tão positivas. Elas têm me ajudado a superar os momentos difíceis", disse, emocionado.

Depois, quando o vento cessou e o seu barco estancou no mar, Oliver decidiu dar um mergulho, mesmo admitindo que "morria de medo de lugares profundos".

"Espero que não tenha nenhum tubarão por perto", gravou, antes de se atirar na água, mas voltar rapidinho para o barco.

"Ele agora é a minha ilha particular", brincou no vídeo, antes de soltar um profundo arroto, consequência das seguidas crises de enjôo que vem tendo no mar.
"Meu gato está bem melhor do que eu", admitiu.

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Não sabe nada sobre navegar

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Imagem: Reprodução/Instagram

Esta talvez seja a razão do estrondoso sucesso que o americano vem tendo nas redes sociais: seus seguidores se identificam com o jeito sincero e espontâneo que ele usa para narrar a viagem, sem pretender parecer o super-herói que enfrenta o mar. E Oliver é humilde ao reconhecer que não sabe nada sobre navegar.

Ainda assim, ele está indo sozinho até o Havaí, com seu gato, em um barco.

E se tudo der certo, os dois devem seguir em frente, primeiro para a Polinésia Francesa, e de lá para o resto do mundo.

"O Havaí é só o começo", diz o americano, feliz da vida com a nova vida que escolheu ter - uma mudança que pouco teriam coragem de executar, como ele fez.

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"Oliver está fazendo o que todos nós deveríamos fazer: indo atrás do seu sonho, custe o que custar", resumiu um dos seus - agora - um milhão de seguidores no Instagram.

"E o seu gato é uma ótima companhia, porque não reclama de nada", brincou outro seguidor.

Em vez de gato, uma galinha

Guiréc Sooudé e sua galinha
Guiréc Sooudé e sua galinha Imagem: Reprodução

Oliver é um caso um tanto raro de alguém que, sem experiência alguma, se propõe a dar uma volta ao mundo velejando em solitário. Mas nem de longe é o primeiro fazer isso na companhia de um animal.

Muito menos um gato, animal que historicamente sempre fez parte das tripulações nas grandes navegações, até porque ajudava a caçar os ratos que infestavam os navios no passado.

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Mas há quem prefira outros tipos de mascotes a bordo. Alguns deles, bem curiosos.

Como o francês Guiréc Sooudé, que durante cinco anos navegou na companhia apenas de uma galinha, que ele batizou de Monique, com a qual, além de dar a volta ao mundo, também esteve nos dois polos extremos do planeta, o Polo Sul e o Ártico.

Foi a galinha que mais viajou no mundo, como pode ser conferido clicando aqui.

Também inexperientes

Neste momento, Oliver e seu gato estão quase chegando ao Havaí, e até agora lidaram bem com os desafios e riscos de uma travessia oceânica em solitário, mesmo sem nenhuma experiência anterior no mar.

Mas a história mostra que mesmo velejadores inexperientes são capazes de vencer as adversidades de uma longa travessia no maior dos oceanos, mesmo quando nem tudo dá certo.

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Como aconteceu com o casal inglês Maralyn e Maurice Bailey, que logo em sua primeira travessia oceânica teve o barco afundado por uma baleia, também no meio do Pacífico, mas ambos sobreviveram, após uma extraordinária odisseia no mar, que pode ser conferida clicando aqui ou neste vídeo recém-lançado.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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