Histórias do Mar

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Acreano de 84 anos constrói casa que imita barco e vira atração na cidade

Desde que foi construída, três anos atrás, durante a pandemia, uma casa de formato curioso se tornou atração na pequena cidade da Mâncio Lima, no interior do Acre - porque ela mais parece um barco do que uma casa.

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"Essa era justamente a ideia", diz o idealizador, construtor e dono da curiosa casa, o acreano Valdemar Negreiro, de 84 anos, que para compor ainda mais o "cenário" criou um lago ao redor dela, a fim de parecer um barco de verdade - embora a casa fique em uma das ruas centrais da cidade.

Acreano de 84 anos constrói casa que imita barco e vira atração na cidade
Acreano de 84 anos constrói casa que imita barco e vira atração na cidade Imagem: Reprodução

"Eu não queria uma casa como outra qualquer", explica Valdemar, que ali mora com a esposa, Lucimar Gomes, de 67 anos. "E como sempre gostei de barcos, que são muito comuns aqui na Amazônia, resolvi juntar as duas coisas e construir uma casa-barco. Hoje, todo mundo da cidade gosta. Mas, no começo, me chamavam de maluco".

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Quer construir outra

A peculiar casa do casal Valdemar e Lucimar é toda de madeira - como os barcos da Amazônia -, tem dois quartos (que ele chama de "camarotes"), sala, banheiro, varandas tanto na "proa" (a parte da frente da casa, como nos barcos), quando na "popa" (a de trás), acesso por meio de uma passarela ("trapiche", segundo ele) e 25 metros de comprimento por apenas 5 de largura. E isso, segundo Valdemar é o único defeito da sua casa-barco.

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"A "boca" (largura dos barcos, em linguagem náutica) é muito estreita e os cômodos ficaram pequenos. Por isso, já decidi que vou construir outra, um pouco mais larga, no lugar dessa, aqui mesmo no lago. Ela vai ficar pronta até o final do ano", garante o acreano, um aposentado pai de 11 filhos, com 23 netos e 3 bisnetos, que ganhou a vida trabalhando como seringueiro e entregador de mercadorias nos rios da região, quando usava apenas os barcos como único meio de locomoção. Veio daí a paixão.

Virou atração na cidade

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"Eu queria morar numa casa sobre a água, mas não em um barco, muito menos em uma palafita. Daí resolvi juntar as duas coisas e fazer a minha casa-barco. Hoje, vem um monte de gente ver ela de perto e até o prefeito já pediu para colocá-la como atração da cidade, já que aqui não tem muita coisa pra ser vista", diz Valdemar.

Pesca o almoço sem sair de casa

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Quando sente fome, ele vai até a "proa" da casa e pesca o almoço, já que encheu o lago com peixes.

"Tem pirarucus, tilápias, carás, matrinxãs, traíras, curimatãs e até duas jiboias, que eu coloquei no lago pra ninguém vir nadar aqui e ameaçar a segurança da casa", diz o acreano. "Elas são os nossos cachorros e tomam conta do quintal, que é o lago. Adoro ficar vendo a casa refletida nele", diz o acreano.

Município mais distante do país

Até surgir a exótica casa do casal Valdemar e Lucimar - que apesar da aparência de barco tem até CEP e paga IPTU - , a cidade acreana de Mâncio Lima, nos confins do Brasil, só costumava ser lembrada pelo seu isolamento.

Trata-se do município mais ocidental do país (ou seja, o que fica mais a oeste do Meridiano de Greenwich), uma de suas divisas é com o Peru e, em linha reta, está a mais de 2 800 quilômetros de Brasília, o que o torna, também, o mais distante dos 5 570 municípios brasileiros, em relação à Capital Federal.

"Agora, é também o único que tem uma casa desse jeito", diz Valdemar, orgulhoso da sua obra.

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Outra ainda mais curiosa

Embora peculiar, a casa barco do casal acreano não é a única do Brasil a imitar um barco, nem de longe a mais original do gênero.

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Na praia de Boraceia, no litoral norte de São Paulo, outro casal - o também aposentado Ambrosio Gnacchi e sua mulher, Magda - moram há mais de 25 anos em uma estranha casa (que ele mesmo também construiu) que imita de tal forma um iate, que quem passa pela rua imagina tratar-se de uma marina - clique aqui para conhecer esta outra interessante história.

Mundo afora, as casas-barco são ainda mais frequentes - e impressionante -, com até mansões imitando navios transatlânticos, como pode ser visto nos exemplos abaixo.

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Outras casas que imitam barcos
Como este navio foi parar aí?

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Simples. Não é um navio. É um hotel em forma de navio: o extraordinário Sun Cruise Resort, na praia de Jeongdongjin, um famoso balneário na Coréia do Sul. O tamanho dele é fidedigno ao que representa. O navio-hotel sul-coreano tem 165 metros de comprimento, 211 quartos (que eles chamam de "camarotes", com janelinhas redondas, como nos navios) e outras peculiaridades, como uma piscina cheia de água do mar, como nos navios de cruzeiro de verdade. E para completar a ambientação, suaves sons de ondas emanam nos corredores.

O ex-cargueiro que virou mansão

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Durante muito tempo, o barco cargueiro Ford Benson, mandado construir pela Ford Motor Company, transportou minério de ferro entre o Canadá e os Estados Unidos, para abastecer as fábricas de automóveis da marca. Até que, obsoleto, foi desativado. Mas não desmanchado. Comprado pelo magnata Frank J. Sullivan, acabou virando casa de verão (na verdade, uma mansão) da família, depois de ser meticulosamente "ancorado" na ilha de South Bass, diante de um dos mais belos lagos de Ohio, onde está até hoje.

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Um barco na beira do rio

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Depois do próprio rio, esta casa é a principal atração da pequena cidade argentina de San Nicolás de los Arroyos, nas margens do trecho argentino do Rio Paraná. Ela foi construída por um poeta, que ali viveu por mais de 30 anos com a mulher e quatro filhos, até sua morte, uma década e meia atrás. Mas a família dele ainda vive lá. A casa barco três andares, quatro quartos, cozinha, sala e um terraço com vista privilegiada para o rio, onde o poeta adorava ficar.

O mini-transatlântico do imigrante

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No início do século passado, o italiano Luis Novelli imigrou da Itália para a Argentina, onde fixou residência para sempre. E que residência! Sua casa foi inspirada no navio que o trouxe para América do Sul, o transatlântico Roma, e fica no balneário de Pehuen-Có, no litoral sul argentino. Foi construída por ele em 1954, e até a entrada é igual à de um navio de fato, por meio de uma escadinha lateral. Dentro, três quartos, cozinha, terraço e sala com lareira - algo que os navios de verdade não tinham, para evitar riscos de incêndio.

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Viraram Patrimônio da cidade

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Em 1925, o engenheiro naval americano Miles Kellogg teve a ideia de usar a madeira de duas construções que estavam sendo demolidas na região de San Diego para erguer duas curiosas casas gêmeas em forma de barco. Batizadas de SS Moonlight e SS Encinitas (em homenagem ao nome da praia onde ele morava, Moonlight Beach, e ao velho hotel Encinitas que nela ficava), as duas casas fizeram tanto sucesso que, após sua a morte, foram compradas por uma associação local e tombadas como patrimônio histórico da cidade.

A casa-navio do velho capitão

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Para lembrar para sempre dos tempos em que trabalhou na Marinha Mercante, este ex-capitão venezuelano decidiu construiu sua casa a imagem e semelhança de um pequeno navio. E quase tão grande quanto um de verdade. Ela tem cinco suítes, nove banheiros, duas cozinhas, piscina e até salão de festas. Inaugurada quase 70 anos atrás, até hoje atrai muitos visitantes na cidade de Maracaibo. Tanto que a rua precisou ser fechada com portões de um lado e de outro da quadra, para conter os curiosos.

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Já foi barco de verdade

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No passado, o Double Eagle foi um barco de verdade, que operava nas águas do golfo do Alasca. Hoje é a mais curiosa forma de hospedagem oferecida pela empresa Alaska Adventure Cabins, nas margens da baía de Kachemak. Quer dizer, não exatamente na margem, mas sim no alto de um penhasco debruçado sobre a baía, para onde o barco foi levado e transformado em casa de verdade - com duas suítes, sala, cozinha e diárias de quase 400 dólares por dia.

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