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Voz dos Oceanos parte da Indonésia para concluir volta ao mundo na COP30

Depois de uma rápida escapada ao Brasil, voltamos ao veleiro Kat, ancorado em Sorong — maior cidade de Papua Ocidental, província da Indonésia localizada na ilha da Nova Guiné. Agora, é preparar um embarque para a grande aventura: cruzar dois oceanos (Índico e Atlântico) em apenas seis meses e concluir a primeira volta ao mundo da Voz dos Oceanos, chegando em Belém, no Pará, para a COP30.

Começaremos essa jornada ainda pela região da Indonésia, passando - mais uma vez - rapidamente pela Austrália considerando apenas uma parada estratégica (e importante) na África. Uma navegação que exige ousadia e coragem, sempre com segurança. Regressar ao Kat com essa missão nos anima - e muito! Ainda mais porque o destino é o Pará, justamente onde vivemos uma das jornadas mais longas e marcantes de nossa história.

Curiosamente, nossa rota inicial pela costa brasileira segue até Fernando de Noronha e, de lá, para o exterior. Porém, iniciamos a expedição Voz dos Oceanos em um momento "transitório" da pandemia de covid-19 com todos os cuidados necessários, incluindo ajuste de rota diante das especulações que surgiam com a variante Ômicron. A partir desse desafio, prolongamos nossa permanência no Brasil, valorizando ainda mais o Nordeste e incluindo o Norte do país em nossa programação.

Projeção em homenagem à Voz dos Oceanos na Igreja Santo Alexandre, em Belém
Projeção em homenagem à Voz dos Oceanos na Igreja Santo Alexandre, em Belém Imagem: Divulgação

Foi assim que, em fevereiro de 2022, chegamos a Soure, dando início a uma fascinante jornada pelo Pará. O estado embarcou na causa oceânica destacando nossa passagem por Belém com ações simbólicas e de impacto: iluminação em azul da Estação das Docas, do Theatro da Paz e da Samaumeira do Parque do Utinga, além do espetáculo de vídeo mapeamento na Igreja Santo Alexandre. Da capital, seguindo navegando pelos rios do Pará, em uma etapa importante para fortalecer a conexão entre rios e oceanos e lembrar que cuidar dos rios é também cuidar dos oceanos.

Navegar pelos rios da Amazônia foi uma experiência impactante para todos nós. É difícil traduzir em palavras todas as sensações. Por isso, "pego emprestado" um trecho do lindo relato da minha companheira e tripulante da Voz dos Oceanos, Erika Cembe-Ternex, que escreveu:

"(...) O som da água no casco, a floresta, as pequenas e grandes ilhas dos igarapés, as canoas e as casas dos ribeirinhos escorrem lentamente ao nosso redor. O doce motor do rio nos leva e nos abraça em sua cama funda e confortável. Uma grande paz, uma sensação de meditação envolve o barco e nós. Ao contrário da energia energizante e introvertida do mar, a energia do rio é social, calma e doce como suas águas. Quem sabe isso não tenha a ver com o conforto de ver a terra, com a falta do medo antigo e atual de ir sem horizonte, sem enxergar o destino, aquele medo prazeroso e viciante das travessias em alto-mar.

O rio se divide ao nosso lado em vários braços de diversos tamanhos, assim como a floresta, com as suas árvores pequenas e majestosas, cada uma com sua própria personalidade. Os braços maiores do rio lembram as árvores que se erguem imponentes, alcançando facilmente os 30 metros de altura. Já os braços menores, mais estreitos e sinuosos, são como as árvores mais jovens, que continuam crescendo e se desenvolvendo. Juntos, criem uma harmonia, uma dança e um movimento que, assim como a água, flua constantemente, mudando e celebrando a diversidade e a beleza da natureza".

E assim segue Erika, navegando pela poesia para compartilhar nossa vivência no Pará, que incluiu ainda paradas em Japiim, Breves, Chico, Almerim, Prainha, Monte Alegre. Santarém/Alter do Chão e Afuá - uma "Veneza Marajoara". Foram quase dois meses desbravando o Pará e, a partir desse primeiro encontro, o estado passou a ter um papel de destaque em outros projetos da nossa iniciativa. Em 2024, a Voz dos Oceanos retornou a Belém, onde concluiu a primeira expedição científica com uma tripulação exclusivamente feminina. E foi justamente nesse momento que começamos a planejar nosso próximo grande marco na capital: a COP30!

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Nós, tripulantes e veleiro sustentável Kat, somos parte de diversas ações de grande impacto. Por isso, nossa navegação tem dados certos para aportar em Belém e, ao lado das demais frentes planejadas pela Voz dos Oceanos, garantir que a COP30 tenha seu epicentro oceânico. Afinal, navegamos ecoando a clássica afirmação da admirável oceanógrafa Sylvia Earle: "Sem o azul, não existe o verde!"

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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