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Carros encalhados: por que preço baixo também afasta possíveis compradores

Por mais aquecido que o mercado de carros usados esteja hoje em dia, não faltam modelos "encalhados" nos classificados.

Geralmente, o vendedor culpa o próprio carro pelo fracasso comercial, o que pode ser verdadeiro. Entretanto, muitas vezes, ele é o culpado, por não saber precificar o próprio carro do jeito certo. Não estou falando somente de preços muito altos, pois acredite: valores muito baixos também podem afastar possíveis compradores.

Hoje em dia, é fácil encontrar no mercado referências de valores, mas é fundamental entender a realidade do carro que você tem na garagem. É comum que apenas o vendedor acredite ter uma raridade nas mãos, mas, no mundo real, pode ser que seu carro seja apenas mediano, ou até mesmo inferior à média do que o mercado oferece.

Na coluna desta semana, apresento um passo a passo para aumentar a chance de sucesso na venda de um carro usado, que precisa ser anunciado com o preço certo.

1 - Pesquise o valor de mercado

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Imagem: Juca Varella/Folha Imagem

A tabela de preço mais utilizada e conhecida no mercado é a Fipe. Nela, os preços da grande maioria dos veículos à venda são atualizados mensalmente, considerando todas as versões e todos os anos de cada modelo.

Para chegar nesses valores e apresentar médias condizentes com a realidade do mercado, são feitas pesquisas de precificação em todo o país. A consulta da Tabela Fipe é simples de ser feita, bastando informar dados básicos, como marca, modelo e ano do veículo.

Esse é o passo inicial para se ter ideia do valor real de um carro usado ou seminovo, mas tem como ir além.

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A tabela da KBB, menos conhecida no mercado nacional, destaca-se por oferecer mais variáveis de pesquisa, com estado de conservação e quilometragem.

Ela também informa preços para quem pretende vender no particular ou para um revendedor. Com o resultado da pesquisa, é possível analisar se os respectivos preços estão alinhados com os da Fipe e, assim, fica mais fácil escolher melhor o preço que será anunciado.

Falando em anúncios, os classificados também são excelentes fontes de pesquisa, principalmente pelo fato de permitirem a comparação de carros semelhantes com aquele a ser negociado.

É comum descobrir que a realidade do mercado não condiz com o que é sugerido nas tabelas de referências.

2 - Estado de conservação

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Imagem: Getty Images/iStockphoto
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Não adianta olhar para o seu carro como se ele fosse um filho sem defeitos. É preciso ser crítico e se colocar no lugar de um possível comprador.

É provável que pequenos detalhes que não te incomodam sejam relevantes para o próximo dono.

É fundamental que a manutenção esteja em dia, inclusive com comprovantes do que foi feito. Se houver alguma manutenção relevante a ser feita no curto prazo, como, por exemplo, a troca da correia dentada, pode ser interessante realizar esse serviço antes de anunciar o veículo.

Quanto à aparência, vale a pena visitar empresas de reparos de funilaria e pintura para realizar eventuais reparos necessários e depois levar o veículo a uma estética automotiva, para efetuar serviços de polimento de pintura e higienização da parte interna.

Muitos carros são oferecidos no mercado sem passar por essas etapas, com a desculpa de o dono não querer "investir" em um carro que pretende vender.

Não tem nada de errado nisso, mas é preciso reconhecer que isso desvaloriza o automóvel - vale a pena deixar claro na descrição do anúncio que existem reparos a ser feitos. Já os carros gabaritados nesses pontos provavelmente serão vendidos acima da média do mercado.

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Documentação

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Imagem: Folhapress

Alguns pontos na documentação podem desvalorizar um carro, independentemente do seu estado de conservação.

Portanto, é importante saber se ele teve passagem por leilão, sinistro ou histórico de roubo e furto - além de multas pendentes.

Caso isso aconteça, não adianta tentar omitir isso do comprador, que tem meios para descobrir com facilidade.

Se esse for realmente o caso, o valor de venda vai ser menor, e vale a pena justificar o motivo na descrição. Muitos não se importam com isso e até aproveitam para pagar menos em um carro usado.

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Quilometragem

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Imagem: Divulgação

Esse é um ponto que pesa bastante na decisão do comprador, que geralmente escolhe o carro com a menor quilometragem possível.

Eu sei que isso não é fator determinante de qualidade, inclusive, já escrevi bastante sobre isso. Mas, no mundo real, compradores se apegam bastante a esse ponto.

Sendo assim, caso o seu carro tenha baixa quilometragem, é possível que valha acima da média.

Entretanto, é preciso pesquisar se existem outros exemplares do mesmo ano, modelo e versão com quilometragens próximas ou até menores, que podem fazer com que seu automóvel não valha tanto quanto você imagina.

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Já os que têm quilometragens mais altas, pouco atrativas para o comprador, precisam ter preços posicionados mais para baixo, sempre com a descrição honesta do carro, que pode até ter qualidades, mas vai valer menos por conta disso.

Versão e opcionais

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Imagem: Divulgação

Como disse anteriormente, tabelas como a Fipe e a KBB sugerem preços de acordo com a versão de determinado automóvel.

Porém, alguns carros oferecem farta lista de opcionais, que complicam a vida no momento da precificação.

É preciso entender se o carro que você tem na garagem traz pacote único de equipamentos por versão ou se ele conta ou poderia contar com pacotes de itens opcionais.

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Feito isso, procure saber o valor desses opcionais na época em que o carro era novo e faça um cálculo de proporção de acordo com a respectiva depreciação.

Por exemplo, considere um veículo que novo custou R$ 100 mil, mais R$ 5.000 de teto solar opcional. Passados 5 anos, o mesmo carro vale R$ 70 mil na Tabela Fipe. Se aplicar a mesma desvalorização para o opcional, é possível precificar esse carro usado por cerca de R$ 73,5 mil. Faça isso com qualquer opcional para chegar em um valor mais justo pelo que seu carro oferece.

Em alguns casos, não tem como ser tão objetivo, já que a falta de alguns opcionais pode jogar o preço muito para baixo.

É o que acontece justamente com o teto solar, muito desejado. Carros que saíram sem esse equipamento podem "micar" no mercado se não forem oferecidos com valores mais baixos.

Descrição final

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Imagem: Getty Images
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Com todas essas informações em mãos, é mais fácil sugerir um valor mais próximo da realidade do que seu carro efetivamente vale.

Mas não basta colocar esse preço no anúncio e esperar os interessados.

Um anúncio bem feito também precisa de boas fotos do veículo, de vários ângulos externos e internos.

Além disso, não poupe palavras na descrição. Sinto que os vendedores são preguiçosos nesse ponto, mas é justamente por meio de uma descrição bem feita que o interessado pode entender os motivos do valor pedido pelo carro, seja ele abaixo, acima ou dentro da média do mercado.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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