Golpe do intermediário: como bandidos enganam comprador e vendedor do carro

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Alguns assuntos que envolvem o mercado de carros usados são cansativos para mim. Estou na internet há mais de 12 anos falando sobre o tema, sempre denunciando sobre vários tipos de golpes, na esperança de alertar os seguidores e acabar com os maus elementos.
Mas a impressão que tenho é de que os golpes crescem na mesma proporção das negociações, e por isso é um assunto cansativo. Mesmo assim, preciso acreditar que alguns leitores e seguidores atentos conseguem absorver minhas dicas e se livram de situações negativas com oficinas mecânicas, quilometragem adulterada e negociações de compra e venda.
Na coluna dessa semana vou relatar um golpe muito comum nas negociações, que é o 'golpe do intermediador'. É antigo, mas continua vivo no mercado de carros usados.
Quando bem aplicado, o golpista consegue envolver ambas as partes, comprador e vendedor, que se sentem seguros na negociação, e só percebem que caíram no golpe quando já é tarde demais.
A primeira coisa que o golpista faz é entrar em contato com o vendedor, demonstrando interesse no carro anunciado em algum classificado, mas adianta que está comprando para outra pessoa, geralmente um funcionário. Depois pede mais informações do carro, como fotos, vídeos e dados da documentação, alegando que são para mostrar para essa suposta terceira pessoa.
Na segunda etapa, o golpista utiliza essas informações para criar um novo anúncio do mesmo carro, mas agora com os dados dele, e sempre com um preço bem abaixo do praticado no mercado, para agilizar o golpe. Quando um interessado aparece, ele avisa que está vendendo o carro de outra pessoa, que deve dinheiro para ele.
Com essas duas pessoas envolvidas, ele agenda a visita para que todos se encontrem e ele possa mostrar o carro do vendedor para o comprador. Minutos antes do encontro, inventa uma desculpa de que não poderá acompanhar, mas avisa que a outra pessoa está lá e pede que não entrem em detalhes do valor da negociação e do pagamento, assunto que deve ser tratado somente com ele.
Veja que é um golpe complexo, onde o golpista consegue fazer com que essas duas pessoas se encontrem sozinhas. Pela parte do vendedor, ele acredita que existe de fato um comprador e sente que está seguro por saber que só vai liberar o carro depois de receber o pagamento. Já o comprador também acredita na veracidade do negócio, pois está vendo o carro pessoalmente e pensa que não pode se tratar de um golpe.
Feito isso, o falso intermediário entre em contato novamente com o comprador e passa uma conta para o pagamento do carro. Parece difícil de acreditar, mas várias pessoas aceitam fazer o pagamento, e assim o golpista consegue concluir a última etapa do golpe.
Claro que depois disso ele some, e deixa as duas pessoas que caíram no golpe se entenderem sozinhas. Pior para o comprador, que perde o dinheiro, mas o vendedor também pode se dar muito mal nessa, pois o interessado no veículo pode supor que ele faz parte do crime, e sabe-se lá o que pode fazer com ele em uma situação como essa.
Sinais de alerta
- 'Intermediário' que pede para tratar tudo só por WhatsApp ou e-mail.
- Pressa para fechar o negócio.
- Conta bancária diferente do nome do vendedor/comprador.
- Preço muito abaixo do mercado.
- Vendedor/comprador não quer se identificar claramente ou evita ligação/vídeo.
Como se proteger
- Sempre verifique os dados bancários e confirme se pertencem à pessoa com quem você está negociando.
- Não aceite intermediários que você não conhece.
- Use plataformas seguras e reconhecidas.
- Se possível, faça o pagamento apenas após assinar contrato ou efetivar a entrega, de preferência presencialmente.
- Desconfie de qualquer história que envolva urgência, doença, viagem, ou pagamento adiantado.
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