Fim da calvície? O que a ciência descobriu sobre a perda dos cabelos

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Pesquisadores identificaram uma proteína essencial para manter vivas as células-tronco dos folículos capilares. A descoberta, publicada em março na Nature Communications, pode ser uma boa notícia para quem sofre com a calvície.
O que há por trás da degeneração?
No centro da produção de fios estão as HFSCs (sigla em inglês para células-tronco dos folículos capilares). São elas que fabricam novos cabelos sempre que os antigos caem. Mas, como qualquer operário numa linha de montagem, essas células precisam de condições adequadas para funcionar — e é aí que entra a MCL-1, a proteína descoberta pelos cientistas.
Essa proteína pertence a um grupo de moléculas que decide quem vive e quem morre no mundo celular. Os cientistas mostraram que, sem a MCL-1, as HFSCs entram em colapso: sofrem estresse celular, ativam a proteína P53 (conhecida por ser a "ceifadora" de células defeituosas) e morrem. O ciclo de regeneração capilar para por completo.
Experimento com camundongos
Para entender o papel da MCL-1, os cientistas criaram camundongos geneticamente modificados sem essa proteína. Eles rasparam pequenas áreas de pele e observaram o que acontecia. O resultado foi claro: sem MCL-1, nada de cabelo novo. Já nos camundongos com níveis normais da proteína, a regeneração foi como de costume.
Num segundo experimento, os pesquisadores foram além: retiraram também o gene da P53. O que viram foi surpreendente: o crescimento capilar voltou. Isso sugere que a P53, quando não freada pela MCL-1, desencadeia a morte das HFSCs. É como se a MCL-1 fosse um escudo protetor contra o estresse celular.
Nem tudo parece estar perdido
Embora a MCL-1 tenha se mostrado fundamental, há um desafio prático: ela não pode ser aplicada diretamente na pele como um creme ou loção. É aí que entra outro personagem importante dessa história: a via de sinalização ERBB.
Essa via funciona como um sistema de comunicação entre células e, entre várias funções, estimula a produção de MCL-1. Ou seja: se não podemos entregar a proteína pronta, talvez possamos ensinar o organismo a produzi-la — ligando o "interruptor" certo no maquinário celular.
Os experimentos indicam que ativar a via ERBB pode ser um caminho viável para manter as HFSCs saudáveis e ativas, oferecendo um atalho terapêutico promissor contra a calvície. Em vez de tentar fazer o cabelo crescer à força, a proposta é preservar a capacidade natural dos folículos de se regenerar — algo que se perde com o tempo ou em condições como a alopecia, que atinge cerca de 2% da população mundial.
Claro, ainda há muito a ser investigado. Os testes foram realizados em camundongos, e a biologia humana pode reagir de forma diferente. Mas o estudo oferece uma base sólida para novas terapias: compreender e modular o equilíbrio entre MCL-1, P53 e ERBB pode ser a chave para impedir que os fios desapareçam de vez.
Como preservar os fios

Enquanto os cientistas desvendam os bastidores moleculares do crescimento capilar, os fios que você vê no espelho também precisam de cuidados diários.
"Constância e disciplina são fundamentais para que haja sucesso no tratamento", explica a dermatologista Jaqueline Zmijevski. Ou seja: não adianta aplicar loções, tomar cápsulas ou seguir promessas tecnológicas se o básico não for respeitado. E esse básico começa no chuveiro e vai até o prato de comida.
Manter o couro cabeludo saudável exige uma rotina que, embora simples, faz toda a diferença. Veja as principais recomendações:
Evite calor excessivo: secadores, chapinhas e banhos pelando são inimigos dos fios. O calor constante danifica a estrutura capilar e acelera a quebra.
Lave com regularidade: lavar os cabelos todos os dias ou dia sim, dia não ajuda a controlar a oleosidade e a manter o couro cabeludo limpo — essencial para a saúde das HFSCs.
Alimente seus fios: cabelos são feitos, basicamente, de proteína. Sem ela, não há matéria-prima para crescer. Uma dieta rica em proteínas de boa qualidade (como ovos, carnes magras e leguminosas) é vital.
Trate o corpo: doenças sistêmicas (como distúrbios hormonais e autoimunes) muitas vezes afetam o ciclo capilar. Seguir os tratamentos médicos à risca é parte essencial da recuperação capilar.
Consulte um médico: para obter um diagnóstico preciso, receber indicação de tratamento e ajustar estratégias.
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