O boom dos superalimentos: por que os cogumelos são os queridinhos da vez

Cordyceps (militaris e sinensis): estudos indicam como auxiliar na captação de oxigênio e produção de ATP para melhorar a saúde mitocondrial, associada a longevidade, energia e performance. Por isso, é consumido por esportistas, mulheres no climatério e pessoas que enfrentam rotinas exigentes e precisam de mais disposição ao longo do dia, como mães, professores, empresários e plantonistas.

Lion's Mane (Juba de Leão): um dos cogumelos mais estudados e utilizados em suplementações, ele estimula o NGF, um fator de crescimento nervoso que atua no sistema nervoso central. Pode auxiliar na melhoria de foco, memória e cognição —e até como tratamento complementar para Alzheimer, Parkinson e fibromialgia.

O que tem de novo?

Apesar de não fazerem parte da alimentação tradicional da maioria das famílias brasileiras —como ocorre em países asiáticos —, o consumo de produtos à base desses fungos reconhecidos pela ciência vem crescendo por aqui.

O mercado local é gigante —e a demanda é clara: o país soma altos índices de depressão, ansiedade, sobrepeso, doenças crônicas e burnout.

Exemplo disso são as recém-lançadas barrinhas com proteína, granola e pasta de amendoim da Smush. Veja, a seguir, meu bate-papo com Lorenzo Rolim, engenheiro agrônomo e especialista em cogumelos da marca:

De onde surgiu a ideia de transformar cogumelos como o chaga, cordyceps e lion's mane — antes restritos a nichos da medicina oriental —em produtos acessíveis para o consumidor comum no café da manhã ou no lanche da tarde?

Como os cogumelos não são algo culturalmente disseminado no Brasil, seria difícil que a população os consumisse de outras formas. Decidimos, então, criar uma linha de produtos que são comuns no dia a dia da população e podem ser facilmente incluídos na rotina, com os mesmos benefícios.

Em um mercado saturado de superfoods, qual é o diferencial bioativo real desses cogumelos? O que a ciência mais recente nos conta sobre os mecanismos por trás do foco mental, da imunidade e da energia que eles prometem?

Essa resposta dá uma dissertação! Os cogumelos possuem uma série de princípios ativos. O Lion's Mane, por exemplo, tem ericinona e herinacina, dois polissacarídeos que estimulam a produção de neurotrofinas, como o NGF —que estimula o funcionamento do nosso sistema nervoso. O cordyceps, por sua vez, possui uma proteína chamada cordycepina, que é fenomenal para performance física e esportiva, melhorando a oxigenação do sangue. E o diferencial, para mim, é justamente isso: são superalimentos fáceis de incluir no dia a dia de várias formas.

Muita gente ainda acha que cogumelos funcionais são moda ou estão associados a misticismo. Como sua marca vem quebrando esse estigma e educando o público sobre os benefícios concretos e mensuráveis dessas espécies?

Com muita ciência e evidências de prática clínica. Existe muita evidência científica de ponta e muita informação utilizada há milênios pela Medicina Tradicional Chinesa. Aliamos isso a uma rede de nutricionistas que receita esses produtos e vê seus efeitos no dia a dia das pessoas. Nós somos muito focados em resultados palpáveis; nossos clientes têm que ver os benefícios, senão nada faz sentido.

Você acredita que o futuro da nutrição esteja na intersecção entre ciência alimentar e biotecnologia fúngica? Como os cogumelos podem ajudar a redefinir o que chamamos hoje de "comida funcional"?

Empreender com produtos no Brasil é uma grande aventura. Os desafios são diversos, de design, embalagem e ingredientes até as regulações. Optamos por linhas de alimentos justamente porque o Lion's Mane é um cogumelo comestível como qualquer outro, o que facilita sua inclusão em nossas linhas de produtos. Além disso, contamos com amplo suporte para o nosso próximo passo, que é a inserção de todos os nossos ativos em farmácias de manipulação, dando ainda mais ferramentas para nutricionistas e médicos incluírem os cogumelos na rotina de seus pacientes.