Espartilhos e letras sobre sexo: garotas do Last Dinner Party tocam no C6

Elas usam vestidos coloridos e extravagantes, espartilhos e saias volumosas, em looks que parecem saídos do século 18. Entre os acessórios, há luvas rendadas e colares que trazem crucifixos e outros símbolos (religiosos ou não).
A música passeia entre o glam rock de David Bowie e Roxy Music e o pop barroco e teatral de nomes como Kate Bush, Queen, Florence and the Machine e Nick Cave. E as letras não se intimidam ao tratar de sexo e feminismo.
Tudo isso é a banda inglesa The Last Dinner Party, nascida em plena pandemia e uma das ótimas atrações do C6 Festival, que será realizado no parque Ibirapuera entre os dias 22 e 25 de maio.
Abigail Morris (vocal), Georgia Davies (baixo), Lizzie Mayland (guitarra), Emily Roberts (guitarra) e Aurora Nishevci (teclado) vão se apresentar no domingo dentro do evento, tendo na bateria Casper Miles.
O quinteto é bem jovem: foi formado em 2021, em Londres, mas já arrancou belos elogios com o disco "Prelude to Ecstasy" (2024). Uma boa porta de entrada para o Last Dinner Party é a faixa "Nothing Matters", que traz uma melodia dramática que virou hit no circuito do rock indie.
Em entrevista ao TOCA, Abigail Morris e Georgia Davies falaram sobre como será o show em São Paulo e a curta, mas destacada, trajetória do Last Dinner Party.

O que elas disseram?
TOCA - Vocês vão tocar músicas novas no show de São Paulo? E como é para vocês a experiência de se apresentar ao vivo e sair em turnê?
Abigail Morris - Sim, gostamos muito! É especialmente empolgante e revigorante quando vamos para um lugar onde nunca estivemos antes, como agora no Brasil. Ouvi falar muito sobre o país e estamos animadas para ver como será a atmosfera e como isso muda a dinâmica do nosso show.
Acho que uma das partes mais divertidas de tocar ao vivo é responder à energia do público, sentir o que as pessoas gostam, qual é o clima, e se alimentar disso. Se a plateia está animada, o show sempre fica melhor, porque nos incentiva a dar ainda mais e a elevar a intensidade da apresentação. Vamos tocar as principais faixas do nosso disco, mas não posso falar se haverá alguma surpresa.
A banda surgiu durante a pandemia. Como foi criar música e uma identidade artística em um período tão difícil?
Georgia Davies - Foi difícil começar a banda naquela época, e também muito frustrante porque não podíamos nos apresentar, experimentar as músicas ao vivo. Nossos ensaios eram esporádicos e não conseguíamos entrar em um ritmo consistente para desenvolver as ideias. Mas teve um lado bom: quando finalmente fizemos nosso primeiro show, já tínhamos ensaiado tanto, que parecia que já éramos uma banda experiente.
Muitas músicas da banda brincam com imagens e símbolos distintos, como crucifixos, e vocês usam roupas que remetem à Era Vitoriana. Ao mesmo tempo, as letras são sensuais, estranhas, provocadoras. De onde vem isso?
Abigail Morris - Sim, é totalmente isso! Fazem parte da nossa identidade, tanto na estética visual quanto nas letras, elementos contrastantes que se inspiram uns nos outros. Desde que existe arte, o catolicismo é um ponto de referência temático, especialmente quando falamos de sexo ou identidade, porque muitas vezes são coisas que se opõem. Essa tensão cria algo artisticamente rico. Visualmente, somos muito atraídas por silhuetas vitorianas e peças de época. Achamos bonito e interessante.
O que vocês ouviam quando começaram a banda? Quais são os artistas que vocês admiram ou que serviram de inspiração?
Georgia Davies - Nos inspiramos em artistas como David Bowie, Fiona Apple, Leonard Cohen, Florence and the Machine, Weyes Blood, Nine Inch Nails, entre outros. Como letrista, admiramos muito a Fiona Apple.
O produtor do disco de vocês é o James Ford, que já trabalhou com Arctic Monkeys e Pet Shop Boys. Vocês já tinham uma ideia clara de como queriam soar?
Abigail Morris - Sim, tínhamos uma ideia muito forte do que queríamos. Quando começamos a gravar o disco, tudo já estava muito desenvolvido, as partes já estavam bem definidas, embora algumas coisas tenham evoluído no estúdio. Viemos muito preparadas para o processo, e o James Ford trouxe sua magia e ajudou a fazer com que o som florescesse.

Como uma banda nova como a de vocês consegue construir uma carreira e ganhar público? Lançando muitas músicas, sendo ativa nas redes sociais, dominando novas linguagens?
Georgia Davies - Se eu soubesse a fórmula, seria uma executiva de gravadora! Acho que, para a gente, houve muito trabalho, mas também sorte. O que representamos musical e esteticamente veio em um momento certo, quando a cultura estava aberta para isso. Sobre redes sociais, não somos muito fãs, não somos tão habilidosas nisso. Até evitamos por um bom tempo.
Acho que hoje em dia ninguém realmente sabe o que está fazendo; às vezes algo funciona para um artista, às vezes só por um tempo curto, às vezes não funciona. É tudo meio aleatório, como uma bruxaria moderna. O que realmente funcionou para nós foi fazer muitos shows, muitos mesmo.
Quais são os próximos planos da banda? Já pensam em novo disco?
Abigail Morris - Estamos trabalhando no segundo álbum. Está indo muito bem, estamos muito animadas. Acho que vai ficar ótimo. O lançamento vai acontecer em algum momento, ainda não podemos falar.
Serviço:
C6 Fest
Quando: 22 a 25/5
Onde: parque Ibirapuera, São Paulo
Quanto: a partir de R$ 272 (meia entrada clientes C6 Bank)
Ingressos à venda pelo site https://c6fest.byinti.com/#/event/2pHYpaTshcnO_vjjaxQv
Classificação: 16 anos; menores somente acompanhados dos pais ou responsável legal
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.