Tony Levin sobre supergrupo com Steve Vai: 'No topo da habilidade musical'

"Músicos no topo de suas habilidades musicais e que ainda se divertem no palco". É desta forma que o baixista norte-americano Tony Levin descreve - e tem ouvido os críticos e fãs descreverem - a iniciativa batizada de Beat, que desembarca nos palcos brasileiros no dia 9 de maio, para apresentação única em São Paulo.
Ao lado do cantor e guitarrista Adrian Belew, com quem esteve durante muito anos integrando a formação do King Crimson, ele interpreta o repertório dos discos que o gigante do rock progressivo lançou na década de 1980: "Discipline" (1981), "Beat" (1982) e "Three Of Perfect Pair" (1984).
Em comum, os álbuns traziam tanto uma influência maior do pós-punk quanto da música africana. "Por anos, pensamos em como poderíamos fazer aquilo de novo. Não com os mesmos integrantes, mas com integrantes muitos especiais, para honrar e dar vida àquelas músicas mais uma vez", diz ele, em entrevista ao TOCA.

Quem faz parte da super banda?
Com a benção do próprio Robert Fripp, guitarrista, fundador e poderoso chefão do King Crimson ("Robert não apenas adorou a ideia, como disse: vocês deveriam chamar este projeto de Beat"), os dois convocaram uma dupla de instrumentistas de peso.
Na guitarra principal, ninguém menos do que Steve Vai. E na bateria, Danny Carey, integrante do Tool.
Tanto Steve quanto Danny, é bom lembrar, são fãs declarados do King Crimson. Steve Vai diz que é uma honra tocar as partes de guitarra de Robert Fripp, um de seus ídolos.
Mas Tony deixa claro que o clima de tietagem ficou para trás, assim que veteranos e "novatos" se conheceram. "Quando nos reunimos para tocar, nos tornamos uma banda e fazemos o que músicos que tocam juntos fazem: reagimos um ao outro, aprendemos um com o outro, discutimos o que não está funcionando, todos com a mesma paixão.
A paixão com a qual Danny desempenha o seu trabalho, aliás, é um dos muitos desafios que fizeram Levin, do alto de seus 78 anos e com um currículo de dar inveja (ao ter acompanhado em estúdios nomes tão variados quanto John Lennon, Stevie Nicks, Pink Floyd, Paul Simon, Lou Reed, David Bowie, Tom Waits e Buddy Rich, entre muitos outros), topar a empreitada. "Adoro desafios. Não sou do tipo que gosta de apenas fazer aquilo que sempre fez. Não é meu perfil."
Na cozinha do Beat, ele diz que se influencia bastante pela bateria de Danny Carey, que entrega uma performance diferente a cada noite. "Ele meio que chuta a minha bunda", brinca. "Me desafia a melhorar o meu lado baixista e não apenas tocar como eu tocava anos atrás."

O que rola no show?
Claro que existem algumas questões técnicas no meio do caminho ("O jeito que eu toco hoje é diferente do que eu fazia na época, tinha uma sensibilidade diferente"), como a utilização frequente que o músico fazia, em tempos oitentistas, do chamado Chapman Stick, instrumento musical elétrico muito comum nos anos de 1970, com suas dez ou doze cordas e obviamente muito usado para tocar linhas de baixo. "Ele trazia este som fora do usual, afinado de um jeito diferente, o que fazia o meu cérebro pensar de maneira distinta".
Além disso, os vocais de apoio que o baixista fazia precisaram ser adaptados. "Porque eles eram bem altos, e minha voz já não é tão alta assim."
Mas mais do que qualquer uma destas coisas, ele diz que o grande desafio é não apenas tocar estas canções, mas também se conectar novamente com elas.
"Nem é o ponto de mudar este ou aquele trecho para ficar mais fácil ou simples de executar, mas sim fazer com que seja de fato válido para quem eu sou hoje". Justamente por isso, eles mesmos estão dispostos a ser surpreendidos. Dá para esperar faixas como "Heartbeat", "Man With an Open Heart" ou "The Sheltering Sky". Mas...
"Algumas das músicas vão ser improvisadas, então não vai ser do jeito que se espera. Portanto, não dá pra prever muito. Teremos muitas surpresas no set mas principalmente pelo jeito que abordamos cada uma das músicas. Nos solos, nos improvisos", explica. "Amamos tocar estas músicas e passamos um tempo de qualidade no palco".
Serviço:
Beat
Quando: 9 de maio de 2025
Onde: Espaço Unimed (Rua Tagipuru, 795 - Barra Funda, São Paulo - SP)
Ingressos à venda no site do Eventim
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.