Com Pedrinho, dívida do Cruzeiro já atinge quase R$ 1 bi por contratações
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Há pouco mais de um ano era oficializada a venda do Cruzeiro SAF de Ronaldo para Pedro Lourenço, dono do supermercado BH. Não foi apenas uma troca de acionista majoritário, mas da política de contenção de gastos por investimentos ousados.
O balanço de 2024 do Cruzeiro SAF mostra o efeito: a dívida líquida do clube teve um salto de R$ 388,7 milhões. O valor atingiu R$ 981,1 milhões. Em 2023, esse montante era de R$ 592 milhões.
O principal fator foi o investimento em contratações de jogadores, bem acima da geração de receita do clube. Incrementar o elenco era algo previsto pelo novo dono.
O relatório financeiro do Cruzeiro aponta gastos com aquisições de atletas no total de R$ 331,9 milhões. O valor é registrado no intangível.
Para se ter uma ideia, a receita líquida inteira do Cruzeiro foi de R$ 282 milhões durante o ano. Com as contratações, também houve um aumento de custo operacional: um salto de R$ 176 milhões para R$ 395 milhões. Como consequência, o déficit foi de R$ 112 milhões.
O peso das contratações também pode ser visto no passivo. O Cruzeiro tinha R$ 183 milhões a pagar por contratações de jogadores ao final de 2024, sendo os principais investimentos Walace, Matheus Henrique e Kaio Jorge. Para efeito de comparação, esse número era de R$ 29 milhões ao final de 2023.
Não estão aí os investimentos posteriores feitos em Gabigol e Dudu, por exemplo, nem Fabrício Bruno. O atacante ex-Palmeiras já deixou o Cruzeiro com a perspectiva de receber parte do seu contrato.
Além das contratações, outro fato foi um aumento da dívida com a associação Cruzeiro. Na verdade, são valores que a SAF tem que pagar dos débitos do clube, da Recuperação Judicial e de tributos (neste último caso, relacionado à cessão dos CTs).
O número das dívidas na Justiça saiu de R$ 505,9 milhões para R$ 590,2 milhões. Já as pendências tributárias saltaram para R$ 236,7 milhões, um crescimento de quase R$ 40 milhões.
Não é que o Cruzeiro SAF tenha deixado de pagar as dívidas: foram quitados valores, sim, desses débitos. Mas as correções monetárias e por juros foram superiores aos pagamentos ou acréscimos de devedores.
No final das contas, como ocorreu em outras SAFs, vai depender da vontade de Pedro Lourenço de operar em vermelhos constantes para bancar o futebol. Ele ainda tem que fazer pagamentos anuais em torno de R$ 30 milhões a Ronaldo pela aquisição do Cruzeiro SAF.
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