CBF vive fase final de novela com Ancelotti em meio à nova guerra no STF

A CBF espera, com otimismo, o desenlace da novela do técnico Carlo Ancelotti para a próxima semana. Enquanto isso, volta a viver uma disputa sobre seu futuro que envolve o Supremo Tribunal Federal (STF).

Na sede da CBF, o presidente Ednaldo Rodrigues nutre uma expectativa de que o longo affair com o treinador italiano se conclua na próxima semana, possivelmente depois do clássico entre Real Madrid e Barcelona, domingo.

Mas tudo depende de um acordo entre Ancelotti e o time de Madri para sua saída. Se isso se concretizar, a entidade não vê obstáculos para que ele aceite a oferta para dirigir a seleção brasileira na próxima Data Fifa, em junho.

O Real Madrid nega que já tenha havido um acordo para a saída do treinador.

De todo modo, a CBF congelou as conversas com Jorge Jesus — mesmo com o português livre e demitido do Al Hilal.

O lado político

Mas essa não é a única nem a maior preocupação de Ednaldo, que tem sido aconselhado a apressar o passo em relação ao treinador.

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF Imagem: Rafael Ribeiro/CBF

De certa forma, é até uma reprise: a CBF espera por Ancelotti, enquanto pode ter o destino definido na Justiça. Na última vez, na virada de 2023 para 2024, não deu certo.

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Ednaldo foi temporariamente afastado na Justiça do Rio, e o italiano renovou com o Real Madrid. A volta de Ednaldo um mês depois (graças a uma liminar) foi tarde demais. Por isso, Dorival Júnior foi contratado.

No momento, uma ofensiva de políticos questiona o presidente da CBF. Nos bastidores, quem observa os movimentos aponta uma sequência de elementos que fizeram a pressão sobre Ednaldo crescer.

Teve matéria da Piauí sobre a gestão e a relação dela com o STF. Tem a falta de técnico na seleção, apimentada pela discussão sobre a camisa vermelha para 2026. Para completar, a suspeita de uma assinatura falsificada e, agora, de novo uma expectativa sobre o que o STF pode decidir.

A falta de atitude sobre o comando da seleção tem desanimado até aliados. Em Brasília, a classe política vê um engajamento de quem, em tese, não teria envolvimento anterior com a CBF.

Vai andar no STF?

Nesta semana, a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) — ex-ministra do Turismo no governo Lula — entrou com pedido de afastamento de Ednaldo no STF.

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Ela alega que é irregular o acordo firmado com dirigentes na Justiça do Rio, que encerrou a ação contra a eleição de Ednaldo e enfraqueceu a discussão no Supremo.

O motivo? Uma suposta assinatura falsa do Coronel Nunes, ex-presidente da CBF.

A perícia apresentada na petição foi feita por Jacqueline Tirotti, que já teve trabalhos questionados em uma acusação de pedofilia contra o padre Julio Lancelotti e no caso de apresentadora Ana Hickmann.

A saúde mental e cognitiva do Coronel Nunes também é questionada graças a um laudo médico.

Em nota, a CBF diz que "todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados".

Como Daniele Carneiro não é parte na ação, há uma expectativa na CBF que a petição nem sequer seja analisada pelo ministro Gilmar Mendes, relator do caso. São partes o PCdoB, autor da ação, a procuradoria geral e a advocacia geral da união.

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Se o questionamento for avaliado, pode ser discutida a legitimidade do acordo em favor da eleição de Ednaldo. Mas, mesmo que o trato caia, o futuro da CBF ainda estaria em discussão.

Explica-se: o STF marcou para o dia 28 de maio a continuação do julgamento da ação de inconstitucionalidade relacionada ao caso Ednaldo.

O plenário analisará se o Ministério Público pode ou não atuar em eleições de entidades esportivas como a CBF. O caso foi pautado automaticamente pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, após o ministro Flávio Dino devolver sua vista.

Se o acordo for mantido, o julgamento não afeta Ednaldo. Caso o acordo caia, aí o STF decidiria se o presidente fica ou não no cargo a partir de sua definição sobre a atuação do Ministério Público. Seria um julgamento da liminar dada anteriormente por Gilmar Mendes.

Há outros movimentos contra Ednaldo no momento, como uma denúncia ao MP do Rio de Janeiro, feita pelo vereador Marcos Dias (Podemos). E políticos como Sargento Gonçalves (PL-RN) também querem levar o caso ao Congresso. Ambos os casos envolvem a assinatura do Coronel Nunes.

A ofensiva de políticos envolve a direita e também partidos do centrão. Diante da crescente pressão, a gestão de Ednaldo tem se concentrado em estratégias para tentar se defender. Há uma preocupação a respeito dos próximos passos.

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Esses dois movimentos paralelos vão definir o futuro da CBF e da seleção durante o mês de maio.

A meta da CBF é ter um técnico a tempo de mandar a pré-lista, no dia 18, para os jogos contra Paraguai e Equador. A meta de Ednaldo também é conseguir esfriar a pressão crescente sobre si.

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