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Duelo na Inglaterra tem 'prêmio' de R$ 1,5 bilhão e brasileiro em destaque

Qual é o jogo que vale mais dinheiro no futebol mundial? Se você respondeu a final da Copa do Mundo ou a decisão da Champions League, passou bem longe.

A resposta está na Championship, a segunda divisão da Inglaterra — mais precisamente na final do playoff de acesso à Premier League. A edição deste ano, entre Sheffield United e Sunderland, acontece neste sábado às 11h, em Wembley.

Quem vencer garante a terceira vaga do acesso à Premier League na temporada 2025-26, juntando-se a Leeds United e Burnley, os dois primeiros classificados. A terceira vaga é disputada entre os quatro times que ficam entre o 3º e o 6º lugares.

A chegada à elite do futebol inglês vale cerca de 200 milhões de libras (R$ 1,5 bilhão). No caso da decisão do playoff, todo esse dinheiro está em disputa em um jogo único: o vencedor vai para a Premier; o perdedor, volta a disputar a segundona na temporada seguinte.

O valor bilionário inclui os pagamentos de direitos de transmissão da Premier League (cerca de R$ 630 milhões), a projeção de aumento na venda de ingressos ao longo da temporada, possíveis acordos comerciais e ainda as verbas paraquedas — uma espécie de "seguro" que os times recebem caso sejam rebaixados.

"A recompensa financeira é a mesma do primeiro e do segundo colocados, que sobem de forma direta. Mas esse jogo tem um charme, por ser uma partida única, um playoff, em Wembley", explica Oliver Seitz, brasileiro que esteve à frente das operações do Sheffield United durante quatro anos, até a venda da equipe, no início deste ano.

Nesta temporada, o Sheffield United ficou na terceira colocação e o Sunderland, em quarto lugar. Nas semifinais dos playoffs, as duas equipes confirmaram o favoritismo contra Bristol City e Coventry City, rivais com orçamentos bem menores.

Vini Souza: um brasileiro no jogo de R$ 1,5 bilhão
Vini Souza: um brasileiro no jogo de R$ 1,5 bilhão Imagem: Divulgação

Toque brasileiro

Um dos destaques do Sheffield na atual temporada é brasileiro: o volante Vinícius Souza, ex-Flamengo, chegou ao time em agosto de 2023. Ele amargou o rebaixamento meses após a estreia, mas ficou no time para disputar a Championship. Firmou-se como referência do meio-campo.

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Nas semifinais dos playoffs, destacou-se nas duas vitórias por 3 a 0 sobre o Bristol City, dando uma assistência na primeira partida. Agora, vai para sua primeira participação no jogo bilionário, sabendo o tamanho do desafio que o aguarda.

"A partida por si só já é especial demais. É uma final, em Wembley, um dos principais estádios do mundo, contra um grande rival e que vale uma vaga para a Premier League. Tenho certeza de que a atmosfera estará incrível e somente por tudo isso já é uma oportunidade única", disse Vini ao UOL.

"A gente também sabe o que representa para o clube e para nós, jogadores. É um jogo que envolve muita coisa, não somente o fator esportivo de campo. A vitória nos recolocará na elite do futebol inglês, onde estávamos até o ano passado, e mudará todo o planejamento do clube com as novas receitas", concluiu o volante.

Adam Armstrong, do Southampton, comemora gol contra o Liverpool: time acabou rebaixado
Adam Armstrong, do Southampton, comemora gol contra o Liverpool: time acabou rebaixado Imagem: Robin Jones/Getty Images

Prêmio bilionário não garante futuro

A premiação conquistada por quem vence o duelo em Wembley é a maior dada em um único jogo de futebol, mas não é garantia de sucesso na elite. Nos últimos anos, a Premier League tem mostrado uma tendência: quem sobe em uma temporada, corre sérios riscos de cair no ano seguinte.

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A classificação da temporada 2024-25 mostra isso: Leicester, Southampton e Ipwisch Town, os três egressos da Championship, voltarão à segundona. Mesmo com o cheque gordo que recebem na chegada à elite, nenhum conseguiu se firmar — o rebaixamento veio com rodadas de antecedência.

Oliver Seitz, que viveu essa gangorra do futebol inglês com o Sheffield United, explica que só o prêmio não basta, e que, no atual contexto, ele pode não ser o bastante para bater de frente com os gigantes.

"Quando o time sobe para a Premier League, os salários dos jogadores aumentam, e os preços de contratações também sobem. O clube precisa ter um planejamento muito bem feito. Você ganha muito dinheiro, mas o risco também aumenta", avalia o gestor.

Na história recente do futebol inglês, os clubes adotaram diferentes estratégias: o Nottingham Forest, por exemplo, teve muito investimento externo para complementar o orçamento. Deu certo: o time chega à última rodada na luta uma vaga na Champions League de 2025-26.

Já o Sheffield United, que neste sábado tenta voltar à elite, decidiu investir o dinheiro de seu acesso mais recente em infraestrutura, aumentando seu patrimônio e valorizando o clube para uma revenda. O Luton Town, que estava na Premier League em 2023-24, acaba de cair para a League One, a terceira divisão. Motivo: direcionou o salto no orçamento para remodelar seu estádio.

Reportagem

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