Neymar precisa dar entrevista de verdade, e não só para passadores de pano
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Neymar está prestes a voltar a jogar com a camisa do Santos e provavelmente será nesta quinta-feira (22), em Maceió, no Estádio Rei Pelé, contra o CRB.
Talvez jogar num estádio com o nome do maior jogador da história, o Atleta do Século, o cara que rotulou a camisa número 10 como a do grande, faça o Neymar enxergar um pouco a realidade e entenda que não é só usar a camisa 10 para jogar como craque: é preciso ter comportamento de craque.
Mas o meu tema não é esse em relação ao Neymar, e sim a relação dele com a imprensa, porque ele só dá entrevistas para jornalistas, canais de TV ou YouTube, rádio e imprensa escrita que ou aceitam que as perguntas sejam filtradas para não tirá-lo da zona de conforto ou para quem é seu passador de pano profissional — e que são muitos.
Existe canal de YouTube que, além de transmissões de eventos esportivos, jogos de campeonatos importantes, também atua como escritório de advocacia em defesa do Neymar Jr.
Neymar não dá entrevista para quem irá tirá-lo da zona de conforto, para quem irá confrontá-lo, para quem irá enaltecer seus grandes momentos, mas que também irá tocar em suas feridas.
Existem aqueles que se calam nos momentos em que o Neymar merece ser criticado, que fingem que não está acontecendo nada, que se omitem totalmente.
Tem comentarista que trabalha em seus jogos que, quando ele erra, perde a bola ou dá contra-ataque, se cala, não faz um comentário. Mas, quando ele acerta um passe normal, diz que foi genial, e ainda acha que tem propriedade para julgar programas de TV, comentários de outros comentaristas, mas prefere ser amiguinho do Neymar em vez de ser comentarista e jornalista.
É o cara que separa ex-jogador comentarista de jornalista comentarista e acredita ser uma voz de peso.
Já passou da hora do "menino Ney" virar o "homem Ney", que tem forças para encarar uma entrevista séria, verdadeira, real, sem agressividade, mas sem passada de pano.
É inegável que esse texto irá incomodar os jornalistas que vestirem a carapuça, como já meu último texto já incomodou. Mas os jornalistas sérios, que não passam pano nem para ele e nem para ninguém, e que a carapuça não lhes serve, concordarão comigo.
Existem aqueles que defendem o Neymar com unhas e dentes, mas que neste momento fazem suas críticas sem passar pano, como por exemplo Thiago Asmar e Jorge Iggor, que mesmo tendo uma enorme paciência com o Neymar, ultimamente estão falando a real sobre ele.
Está na hora de Neymar Jr. encarar de frente seus críticos, sentar frente a frente com aqueles que o tratam como tratam os outros jogadores, e responder perguntas de verdade — e não para aqueles que deixam a bola quicando para ele chutar.
Ele só dá entrevistas para esses caras, e isso não permite que Neymar Jr. saia dessa bolha infantil que esses jornalistas colaboraram — e muito — para que ele entrasse nela.
Existem aqueles que se calam, mas também existem aqueles que tentam sempre, num momento crítico (e são muitos ultimamente), mudar o foco negativo sobre o Neymar.
O Santos está com cinco pontos, na antepenúltima colocação, na zona de rebaixamento, e o que interessa para o torcedor santista e para quem acompanha o futebol é se o Neymar comprou mais um carro para sua coleção ou não?
Se ele irá renovar o contrato ou não? Fora as estatísticas absurdas que aparecem para um jogador que não entra em campo há mais de um mês.
Esse é o momento mais negativo da história do Santos. E de Neymar também. Essa é a realidade.
Repito: passou do momento de Neymar Jr. encarar uma entrevista franca, aberta, verdadeira, sem medo de encarar a realidade e sem medo de ter pela frente um crítico.
Porque o Neymar está rodeado de gente que tem interesse que ele continue infantilizado: pessoas que tiram proveito disso, sendo jornalistas ou não, parças ou não, familiares ou não. Ou seja, ele está cercado de sanguessugas.
Ou Neymar Jr. vira homem de vez, ou viverá até o fim da sua vida em berço de ouro, mas com um legado de lata enferrujada.
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