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Por que Fair Play Financeiro é passo importante para nova gestão da CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) iniciou os trabalhos para implementar um modelo de Fair Play Financeiro no futebol brasileiro. Em portaria assinada nesta segunda-feira (9) por Samir Xaud, presidente da entidade, foi criado um grupo de trabalho para tratar sobre o tema. Os integrantes do GT terão 90 dias para elaborar uma regra para ser aplicada gradualmente aos clubes do País.

No documento, a entidade entende ser necessário criar regras para garantir a sustentabilidade financeira dos clubes. A CBF fala inclusive sobre "riscos" relacionados às contas dos times. De acordo com um levantamento recente da Consultoria Convocados, somente em 2024, a dívida dos clubes brasileiros aumentou 22%. O valor já ultrapassa a marca dos R$ 10 bilhões.

Outros motivos elencados no documento para criar a nova regulação são a busca por transferência, equilíbrio econômico-financeiro e responsabilidade fiscal dos clubes. Além disso, a necessidade de contemplar a nova realidade com as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs).

"Temos uma nova oportunidade no futebol brasileiro de trabalhar pela recuperação financeira de clubes e criar um sistema que passe a evitar os problemas. Esse tema foi ignorado pela gestão anterior da CBF, e o resultado não poderia ter sido pior, com clubes se deteriorando. Quando a CBF expõe publicamente o desejo de desenvolver em portaria, torna o processo ainda mais forte. Espero que tenhamos debates sérios, e que os processos sejam desenvolvidos de forma a prevalece a técnica. Temos um cenário propício para colocar o sistema em operação, definitivamente", pontua o economista Cesar Grafietti.

Fernanda Soares, advogada especializada em direito desportivo, entende que a iniciativa da CBF em criar um grupo de trabalho para implementar o fair play financeiro é um marco crucial para o futebol brasileiro, ainda que tardio.

"A medida é essencial para corrigir a desordem fiscal que há décadas compromete a competitividade e a credibilidade do esporte no País. A ausência de um sistema robusto de controle financeiro tem gerado uma disparidade gritante entre as equipes, prejudicando a paridade de armas e desvalorizando o campeonato nacional", avalia.

Andrei Kampff, jjornalista, advogado e colunista do Lei em Campo destaca que a "medida é fundamental para trazer justiça para o esporte. É preciso valorizar aquele que trabalha respeitando orçamento e boa governança. Agora, é preciso construir essa regulação privada com coragem para superar resistências históricas e diálogo plural, envolvendo clubes, federações, atletas e especialistas, o que trará legitimidade e conformidade para o projeto. Assim, o Fair play será um ativo a mais na construção de um futebol mais forte e responsável".

Ricardo Gluck Paul, vice-presidente da CBF e presidente do grupo de trabalho, destaca que o Fair Play Financeiro é um passo essencial para a construção de um futebol mais equilibrado, sustentável e transparente no Brasil. Segundo ele, a intenção é de que os clubes sentem à mesa para debater o tema.

"O cenário atual exige responsabilidade na gestão dos clubes e a criação dessa Comissão representa o compromisso da CBF com essa nova cultura. Sob a liderança do presidente Samir Xaud, que tem tratado esse tema como uma das grandes prioridades da atual gestão, daremos início a um processo técnico, participativo e transparente. A proposta é simples, mas ambiciosa: colocar os clubes na mesa para dialogar, ouvir diferentes realidades e construir soluções em conjunto. É um marco importante e necessário para o futuro do nosso futebol", conta.

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Sob o nome Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), esse conjunto de normas será traçado por um grupo composto por membros da CBF, de clubes das Séries A e B, federações e consultores.

"Com essa iniciativa, resgatamos em uma única ação dois compromissos importantes de campanha — enfrentar com seriedade o tema do Fair Play Financeiro e dar protagonismo aos clubes no debate. Ao trazê-los para a mesa, estamos cumprindo esse papel. Acreditamos na força do diálogo e na construção coletiva de soluções para um futebol mais justo e sustentável", acrescenta Ricardo Gluck Paul.

Os clubes terão cinco dias para manifestar seu interesse de participar do grupo. Se houver um número muito grande, caberá ao presidente do grupo determinar quem serão os participantes.

O sistema de Fair Play Financeiro, amplamente utilizado nas cinco principais ligas de futebol, estabelece regras para os clubes em geral com limites de gastos de acordo com a receita, necessidade de quitação de dívidas atrasadas, entre outros pontos.

Vale lembrar que essa não será a primeira vez que a CBF tentará implantar regras financeiras no futebol brasileiro. Durante a gestão de Rogério Caboclo, a pauta acabou sendo engavetada após pressão de clubes que enfrentavam problemas financeiros.\

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