Juventus de São Paulo deve virar clube-empresa. E agora?
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No próximo dia 14, o Conselho Deliberativo do Juventus se reúne para definir o futuro do tradicional clube da Mooca, na zona leste de São Paulo. O encontro visa analisar três propostas de transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Durante o encontro, os investidores interessados apresentarão seus projetos aos conselheiros do clube. As ofertas foram encaminhadas até o fim do prazo, que se encerrou em 30 de abril.
Carlos Pedroso, presidente do Conselho Deliberativo do Juventus, confirmou o recebimento dos documentos com as intenções de compra. Contudo, por questões de confidencialidade, ele não revelou a identidade das empresas interessadas na aquisição do clube.
Segundo Pedroso, a transformação em SAF é fundamental para o futuro do Juventus.
"A transformação do clube em SAF é algo extremamente necessário para a continuidade do departamento de futebol. A situação da modalidade está muito longe do que nossa torcida merece há anos. Só conseguiremos virar esse jogo com a entrada de investidores sérios, com credibilidade no mercado, que consigam administrar o nosso querido clube e devolvê-lo para um lugar de destaque", disse em entrevista ao Lance!.
Especialistas ouvidos pelo Lei em Campo entendem que a SAF é um bom caminho para o Juventus, mas há ressalvas.
"A transformação pode ser extremamente positiva - desde que seja feita com responsabilidade. O modelo empresarial permite atrair investimentos, profissionalizar a gestão e dar mais fôlego financeiro. Mas é fundamental que isso aconteça com mecanismos que protejam a identidade do clube. O risco é transformar o clube num negócio sem alma, e isso não interessa a ninguém - nem ao torcedor, nem ao investidor sério", avalia o advogado desportivo Andrei Kampff.
"A SAF é um bom caminho para o Juventus porque permite reestruturar dívidas, separar o futebol do clube social e atrair investimentos com segurança jurídica. A Lei da SAF viabiliza uma gestão profissional e financeira mais eficiente, algo essencial para modernizar o clube e tirá-lo do amadorismo", acrescenta a advogada Ana Mizutori, especialista em direito desportivo da AK Direito na Comunicação e no Esporte.
Assim como aconteceu com outros clubes brasileiros que se transformaram em SAFs, a história do Moleque Travesso seria protegida.
"Em qualquer negociação de SAF, por exemplo, é perfeitamente viável incluir cláusulas que resguardem os símbolos do clube: o hino, as cores, o escudo, o nome, o estádio. Tudo isso pode ser tratado como patrimônio imaterial, protegido juridicamente. A Javari, por exemplo, não é só um campo — é memória, é pertencimento. Isso pode e deve ser blindado", explica Andrei Kampff.
A reunião de 14 de junho representa apenas o início do processo decisório. Após a apresentação inicial, novas reuniões serão convocadas para cumprir os procedimentos previstos no estatuto. A decisão final sobre a transformação em SAF caberá à Assembleia Geral dos sócios do clube.
Nova tentativa de SAF
Esta não é a primeira tentativa do Juventus de se transformar em SAF. Em 6 de junho de 2022, o Conselho Deliberativo votou uma proposta semelhante que envolvia a venda parcial do departamento de futebol. Na ocasião, 53 conselheiros votaram contra e 49 a favor, rejeitando a iniciativa, já que o estatuto exigia aprovação por dois terços dos votantes.
No entanto, a conjuntura atual é mais favorável à mudança. Segundo Pedroso, o cenário atual apresenta diferenças em relação à tentativa anterior.
"Em primeiro lugar, as propostas que recebemos anteriormente não são iguais aos documentos que recebemos neste novo processo que abrimos. Agora temos possibilidades mais atraentes", disse Pedroso.
Sem calendário
Apesar de uma história tradicional, incluindo conquistas importantes como o título do Campeonato Brasileiro da Série B em 1983, o Campeonato Paulista da 2ª divisão em 1929 e 2005, além da Copinha em 1985, o Juventus hoje está fora das divisões da competição nacional.
Na temporada de 2025, o clube disputou apenas a Série A2 do Campeonato Paulista, sem avançar à fase eliminatória, e optou por não participar da Copa Paulista pela primeira vez desde a criação do torneio, alegando limitações financeiras.
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