Ancelotti transmite competência e serenidade, precisa ter independência
Ler resumo da notícia
Carlo Ancelotti é o novo técnico da seleção brasileira. Finalmente, Ednaldo Rodrigues conseguiu o que queria. Demorou um pouco, mas não é o maior dos problemas. Um ano é suficiente para conseguir organizar a seleção para competir na Copa do Mundo de 2026.
O que transmite Carlo Ancelotti? Transmite competência, serenidade e transmite independência. Essa terceira palavrinha é muito importante. Porque temos todos a impressão de que há interferências indevidas em convocações. E até na escolha do próprio treinador. Se Ancelotti tiver independência, e não se imagina o contrário, se tiver autonomia para escolher quem quiser e colocar o time para jogar do jeito que achar melhor, isso é bom sinal.
Ancelotti vinha em baixa na carreira, quando foi resgatado pelo Real Madrid e teve temporadas extraordinárias. Agora, sai em baixa, após um ano sem os principais títulos e seguidos banhos levados do Barcelona. Mas tem lá seus álibis, pelas lesões e a falta de contratações para o sistema defensivo. Importante ressaltar que ele ganhou a Supercopa da Europa no início da temporada e a Intercontinental no meio, mas o que consideramos o Mundial, a coisa mais importante do universo, lá para o Real Madrid é secundário.
O universo de seleções é outra coisa. Carlo Ancelotti nunca quis e nunca foi técnico de seleções, porque gosta do dia a dia, do contato direto e constante com os jogadores. De alguma maneira, deve ter sido convencido pelo desafio histórico de levar o Brasil, a seleção mais importante do mundo, ao hexa. E é só um ano, ele não terá de ficar quatro anos frequentando nossos estádios e sentindo a tristeza que é conviver 24/7 com o futebol brasileiro.
Vai morar um aninho no Rio, conhecer uma cultura nova, respirar o ambiente de um país que sabe amar e odiar o futebol como poucos, escolher uns jogadores, respirar as altitudes de Quito e La Paz, ter história para contar para os netos e ouvir 40 mil perguntas sobre Neymar. Dá para aguentar. Se pegar gosto, de repente continua. Se não, daqui um ano volta para o universo de clubes ou para a aposentadoria em uma Vila na Toscana.
Eu acho que fui o primeiro a falar de Ancelotti, exatos três anos atrás, em maio de 2022. Aqui está a coluna que escrevi para o UOL. Acho que as virtudes seguem as mesmas. É um técnico simples, que não inventa, calmo e que sabe lidar com estrelas, sem sucumbir diante dos caprichos da juventude. Ednaldo, no fim, acertou ao não abrir mão de sua obsessão. Hoje, eu preferia Jorge Jesus, mas essencialmente por achar que Ancelotti não queria o cargo. Se ele quer, então que seja muito bem vindo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.