Inter, gigantesca, passa de uma semifinal épica que ninguém merecia perder

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Já foi um épico 15 anos atrás. E voltou a ser hoje. Inter de Milão e Barcelona, Barcelona e Inter de Milão. Somados os dois jogos, possivelmente acabamos de presenciar a maior semifinal europeia da história. Aquela típica disputa que ninguém merece perder. O futebol é recheado de jogos e campeonatos que ninguém merece ganhar. Raro mesmo é ver isso aí. Um épico dos épicos em que, salvos os fanáticos que amam ou odeiam algum dos clubes, todos ficamos tristes por quem perdeu.
E quem perdeu foi o Barcelona. Que, convenhamos, precisou correr atrás durante toda a eliminatória de uma Inter incrivelmente coletiva e bem treinada. A única exceção foi o intervalo entre o gol de Raphinha, aos 43min do segundo tempo, e o surreal empate de Acerbi, seis minutos depois. Fora isso, foi quase o tempo todo de Inter na frente, adversário correndo atrás. Incluindo aí toda uma prorrogação com heroísmos de Sommer, um goleiro subestimado, e da linha defensiva interista.
Essa Inter é melhor que a de Mourinho, campeã da Europa 15 anos atrás. É melhor porque não se esconde. Sim, sabe se defender, como qualquer time da escola italiana. Sabe, gosta, faz quase que por herança genética. Mas também ataca. E como ataca. Ataca com os alas, em um 3-5-2 que funciona de verdade, com dois atacantes atacantes, não pontinhas ciscadores.
O Barcelona é um time espetacular, que permite este tipo de eliminatória. Porque marca com linhas altas (altíssimas), arrisca, tenta sufocar o adversário lá em cima e acaba jogando no risco dos contra ataques sofridos. Foi assim o ano todo. Com Lamine Yamal (o próximo ET), Raphinha (em temporada de ET) e Lewandowski (que fez muita falta na semifinal), Olmo, Pedri, De Jong, gente que joga muita bola por trás, o Barça foi garantia de gols e diversão o ano todo. Basta lembrar de outros épicos, contra Benfica, Atlético, Real Madrid...
Classificação e jogos
A questão realmente era o risco defensivo. E também alguma falta de qualidade defensiva. Ou, no mínimo, de experiência para controlar alguns jogos incontroláveis.
O Barça parecia pronto para ganhar a sexta Champions League de sua história, exatamente por ter este DNA de loucura. Times assim são ótimos para mata-mata, porque são capazes de golear ou buscar déficits em qualquer momento.
A Inter, claro, o outro lado da moeda, um time que sofreu somente um gol em oito jogos na fase de liga da Champions - o Barça marcou 28 na mesma fase, ou seja, melhor defesa de um lado, melhor ataque do outro. O Barcelona se despede da Champions com 43 gols marcados em 14 jogos, uma média absurda. A melhor defesa não conseguiu parar o melhor ataque. Levou seis gols em dois jogos!
A chave é que a Inter fez sua parte do outro lado do campo para cima da vulnerabilidade do Barça. Thuram e Lautaro Martínez fizeram uma eliminatória inacreditável, mas não só eles. O que dizer de Dumfries, lateral que jogou do jeito que se tem que jogar em um 3-5-2? O que dizer de Di Marco, o que dizer de "refugos" como Çalhanoglu e Mkhitaryan.
Sim, esta Inter é melhor do que a de 2010, mesmo que talvez não faça a mesma história. E é uma evolução da Inter de dois anos atrás, que chegou à final da Champions e deu um trabalho danado para o City de Guardiola. Não era acidente. É uma construção. E a enésima prova de que esse jogo que amamos é cada vez mais de times, cada vez menos de indivíduos.
Ninguém merecia perder. Mas talvez a Inter merecesse ganhar um pouquinho além da conta.
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