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Como casamento complicado com a Mercedes gerou nova aposta da BYD no Brasil

Denza D9: minivan híbrida deve estrear no Brasil e foi feita em parceria com a Mercedes Imagem: Divulgação

Eduardo Passos

Colaboração para o UOL

09/05/2025 05h30

Entre as novidades que a BYD trará ao Brasil nos próximos meses está a Denza. Essa é uma das submarcas pelas quais os chineses venderão carros mais luxuosos no país, concorrendo diretamente com Porsche, Land Rover e outras.

Enquanto a Yangwang focará em performance e tecnologia extremas, com preços na casa do milhão, a Denza competirá no segmento de R$ 500.000 a R$ 800.000. O que pouca gente sabe, entretanto, é que tais carros são, literalmente, um pouco de Mercedes.

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Isso porque a Denza foi criada como uma parceria da BYD com o grupo Mercedes-Benz em 2010, com metade das ações para cada lado.

Poltronas contam com telas individuais para os passageiros ajustarem a cabine Imagem: Divulgação

Segundo comunicado da época, os alemães queriam aprender mais sobre a tecnologia de baterias da China, que já liderava o setor. Além disso, apostavam no segmento de carros elétricos, que ainda engatinhava.

Os chineses, por sua vez, queriam aprender sobre a fabricação de automóveis. "É um modelo de negócios ganha-ganha. Estamos muito empolgados com esta oportunidade de trabalhar junto aos inventores do automóvel", disse o CEO da BYD na ocasião, Wang Chuanfu.

Casamento breve

Após 600 milhões de euros investidos, as vendas do Denza EV começaram em 2014. O carro de estreia usava a plataforma do Mercedes Classe B, motores elétricos da BYD e, em 2016, já tinha versões com 400 km de alcance.

Mas nem a reestilização profunda do EV, nem o lançamento do SUV Denza X — feito à base do BYD Tan, mas com opções híbridas plug-in — funcionaram. No fim das contas, a Denza jamais entrou no top 50 das fabricantes que mais vendem na China.

Primeiro carro da Denza teve vendas fracas Imagem: Divulgação

Por isso, em 2021, a Mercedes-Benz decidiu quase desfazer a sociedade: os alemães repassaram quase todo o controle acionário à BYD, que desde então detém 90% da Denza.

A saída foi motivada, segundo o CEO da Daimler na época, Ola Källenius, pelo imenso prejuízo e pela mudança de foco para carros mais luxuosos, com maior margem de lucro.

Os 10% restantes serviam para que a Mercedes-Benz ainda aproveitasse tecnologias de bateria da BYD. Além disso, também teriam uma função diplomática com a nova gigante, segundo diferentes relatórios financeiros.

Bao 5: nova aposta da BYD para mercados internacionais, incluindo o Brasil Imagem: Divulgação

Nova fase

Com a BYD no comando, os lançamentos passaram a focar ainda mais no gosto dos consumidores chineses. A minivan D9 — que deve ser vendida no Brasil — estreou em 2022, com variantes elétrica e híbrida. Logo depois, veio o SUV N7, 100% elétrico.

A dupla fez com que as vendas anuais da fabricante saltassem de 9.803, naquele ano, para 127.840 em 2023, segundo a consultoria MarkLines. Um aumento de 1.204,2%.

Segundo Wang Chuanfu, em reunião com investidores, "quanto menos a Mercedes-Benz se envolvia com a Denza, mais bem-sucedida ela se tornava". Assim, a BYD acabou comprando os 10% restantes e se livrando dos alemães.

O sedã Z9 — esperado no Brasil — já surgiu dessa nova fase, e tem versão híbrida plug-in de 870 cv ou puramente elétrica de 965 cv. Também é esperada sua versão perua, chamada de Z9 GT, que se destaca pelo sistema de baliza em torno do próprio eixo.

O jipe Bao 5 deve estrear antes, com conjunto PHEV de três motores, totalizando 680 cv e mais de 1.100 km de autonomia. Ele, inclusive, é um dos modelos que a marca venderá exclusivamente fora da China.

Tanto ele quanto a D9 híbrida devem estrear nos próximos meses. Segundo a revista Quatro Rodas, eles serão vendidos nas próprias concessionárias da BYD. Cada lojista, entretanto, poderá escolher se oferece a marca premium ou não.

Variante sedã do Z9 ainda será lançada, mas sabe-se que terá comprimento do que o de uma Toyota Hilux Imagem: Divulgação

Na Europa, a Denza estreou no início de 2025, sem pudor da ambição de se tornar uma das líderes de vendas no segmento de luxo. Com base nas declarações fortes de Wang Chuanfu, até a antiga parceira deve se cuidar: "Talvez agora, com a BYD sendo dona exclusiva da Denza, o céu seja realmente o limite".

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