Fiat usado pelo papa Francisco no Brasil é relíquia e traz marcas da visita

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Com quatro meses de pontificado, em 2013, o papa Francisco fez sua primeira viagem internacional na função, tendo o Brasil como destino.
Francisco veio ao Rio de Janeiro para acompanhar a Jornada Mundial da Juventude e surpreendeu desde quando desembarcou no Aeroporto do Galeão.
O pontífice cruzou a cidade em um simples Fiat Idea, então pertencente à locadora Localiza, que ficou preso no engarrafamento e deixou claro: sua visão de simplicidade era firme.
A cena emocionou os fiéis e hoje o carro, posteriormente adquirido pela Fiat é guardado pela montadora como uma relíquia na sua sede em Betim (MG).
Bastidores da escolha

Pouco antes da primeira viagem internacional do Papa Francisco, a equipe do Vaticano visitou a fábrica da Fiat em Minas Gerais.
Foram oferecidos os melhores carros do catálogo na época, inclusive em versões blindadas, mas até um Fiat Linea já era muito luxuoso para o gosto de Francisco.
O Comissariado do Vaticano optou por uma versão mais barata do Fiat Idea, que tinha o mais importante: janelas grandes com vidro traseiro que abaixava completamente.
O pedido foi tão inesperado que, por questões logísticas, não foi possível para a montadora levar uma unidade para o Rio. Logo, a saída foi alugar um Idea em uma agência da Localiza na capital fluminense.
Engarrafamento, emoção e susto

Após desembarcar na cidade do Rio de Janeiro e ser recebido pela então presidente Dilma Rousseff (PT), o papa seguiria para a Catedral Metropolitana, no Centro.
A ideia era de que lá ele subisse ao papamóvel oficial - um modelo adaptado da Mercedes-Benz trazido da Europa - e desfilasse por cerca de 5 km até o Palácio da Guanabara, onde cumpriria o cerimonial de chefe de Estado do Vaticano.
Segundo o então secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Carlos Osório, disse à época, a rota prevista deveria estar bloqueada para o trânsito. Entretanto, uma "falha de comunicação" fez com que o comboio parasse, deixando que os fiéis chegassem perto.
Com a comoção inesperada, o motorista do Idea ainda errou o caminho e pegou uma rua liberada para o tráfego. Naquele momento, o carro ficou preso em meio a ônibus urbanos enquanto Francisco cumprimentava a multidão pelas janelas, com os vidros abaixados. O contato foi tão próximo que a lataria do carro ficou amassada.
Segundo o porta-voz do Vaticano, o Papa adorou a experiência e se sentiu empolgado pela recepção calorosa e sem discrição dos brasileiros.
O padre Federico Lombardi contou na entrevista coletiva daquele dia, entretanto, que o evento causou bastante apreensão nos assessores.
Horas depois, uma nota da prefeitura do Rio e do governo federal afirmou que foi escolha do próprio Vaticano montar um comboio com pouca escolta e proximidade do público. "A velocidade reduzida do comboio e a janela do veículo aberta são fatos que demonstram o perfil do pontífice e incentivam a aproximação dos fiéis", disse o comunicado.
Relíquia guardada em Minas Gerais

Logo após a viagem do Papa Francisco ao Brasil, a Fiat reconheceu que seu produto foi personagem inesperado de um momento histórico. Assim, a fabricante decidiu comprar o Idea "abençoado" (por preço não divulgado) e guardá-lo no acervo de sua fábrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo relatos ouvidos por UOL Carros, o veículo é tratado com certa deferência pelas pessoas que têm acesso ao local. Mesmo os não religiosos reconhecem o simbolismo e evitam, por exemplo, se sentar no banco traseiro direito ocupado pelo pontífice.

Em viagens seguintes, o Papa Francisco repetiu a escolha, usando outro Idea no Equador e um Fiat 500L nos Estados Unidos.
Em outros países, o argentino também optou por um Kia Soul e um Ford Focus modelo 2006.
A Fiat diz que planos de eventualmente expor o carro dependem de questões religiosas e institucionais. Desse modo, a marca optou por não se pronunciar além da confirmação dos fatos.
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