Risco de ter varizes aumenta se os pais já têm; dá para se prevenir?

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Se os pais têm veias dilatadas e tortuosas nas pernas, os riscos dos filhos também desenvolverem varizes são altas. Afinal, a genética está entre os fatores de risco da doença que surge devido ao enfraquecimento da parede venosa, o que dificulta o retorno do sangue ao coração.
"Quando pai e mãe têm a doença varicosa, a probabilidade de um filho desenvolvê-la é de cerca de 90%. Se só a mãe tiver a doença, essa chance é de 62%, e se for apenas o pai, é de 25%", diz Ivan Benaduce Casella, diretor de publicações da SBACV-SP (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular - Regional São Paulo).
Nessa condição, as veias perdem a elasticidade, e as válvulas que impedem o refluxo do sangue deixam de funcionar corretamente. Assim, o sangue retorna, acumulando-se e gerando dor. A gravidade varia de casos assintomáticos, com apenas desconforto estético, até situações mais avançadas que causam dor, inchaço, alterações na pele e até feridas. Mesmo sendo mais frequentes nos membros inferiores, ocorrem em outras regiões do corpo, como a região pélvica e esofágica, em menor escala.

É possível se prevenir?
A prevenção não depende exclusivamente do esforço do paciente, em especial quando os pais possuem a doença varicosa, segundo Casella. Os especialistas consultados pelo VivaBem enfatizam que se deve procurar orientação logo ao observar a presença de veias dilatadas nas pernas ou desconfortos como inchaço ou dor, independente da idade, visto que existem síndromes que afetam a circulação, desenvolvendo varizes, mesmo em crianças. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais simples e eficaz será o tratamento, com menores riscos de progressão e complicações futuras.
Uma das recomendações para evitar as varizes é a prática de atividade física, como a musculação, pois melhora a circulação e fortalece os músculos das pernas, facilitando o retorno do sangue ao coração. Porém, o exercício deve ser realizado com orientação profissional.
Cuidados simples, como exercícios físicos, não ficar sentado ou em pé por muito tempo e usar meias de compressão quando indicado, ajudam no controle do problema. Edwaldo Edner Joviliano, cirurgião vascular, presidente da SBACV-SP e coordenador da divisão de cirurgia vascular e endovascular do HC-FMRP-USP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Doença crônica e multifatorial
As varizes afetam, em média, 38% da população geral brasileira, segundo estimativas da SBACV. As mulheres são as mais afetadas, com a doença atingindo 45% delas, devido a fatores hormonais, uso de anticoncepcionais, gravidez e características genéticas. No entanto, apesar da incidência em homens ser de 30%, eles apresentam a doença em estágios mais avançados, porque negligenciam os sintomas iniciais.
A condição costuma aparecer entre 30 e 50 anos, mas pode surgir mais cedo, especialmente em pessoas com histórico familiar. Quanto mais idoso, maior é a prevalência, chegando a 70% das pessoas acima dos 70 anos.
Além da aparência visível de veias dilatadas, as queixas incluem pernas cansadas, dor, fadiga, queimação, formigamento, coceira e inchaço. Os casos mais avançados chegam a apresentar manchas na pele e feridas (úlceras) que demoram para cicatrizar. Cãibras no fim do dia são outro desconforto provocado devido à má circulação.
Se não forem tratadas, as varizes causam diversas complicações, como a ocorrência de flebite (inflamação na veia), sangramento, úlceras e trombose venosa superficial ou profunda, além de impactar a qualidade de vida.

Evolução nos tratamentos
O tratamento evoluiu e, como explica Thiago Oliveira e Silva, radiologista vascular e intervencionista do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), é possível cuidar da saúde vascular com mais conforto, segurança e bons resultados estéticos.
"A cirurgia é indicada quando há comprometimento funcional significativo secundário à presença de refluxo venoso diagnosticado pela ultrassonografia doppler, em casos de doença avançada, com a presença de complicações como úlceras e tromboflebites, ou quando o tratamento clínico não é suficiente para o controle sintomático", afirma Oliveira e Silva.
A técnica tradicional remove as veias doentes, incluindo a veia safena, para melhorar a circulação. Entretanto, já existem abordagens menos invasivas, como laser endovenoso, radiofrequência e escleroterapia com espuma, que apresentam rápida recuperação e resultados estéticos e funcionais. No entanto, a escolha do tratamento depende da avaliação médica individualizada. A cirurgia e a escleroterapia com espuma estão disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Para tratar as telangiectasias, vasos avermelhados na pele, usa-se o laser transdérmico. "Após a maioria dos tratamentos para varizes, o paciente não deve se expor ao sol. Tratamentos cirúrgicos ou realizados no consultório para telangiectasias podem exigir um período de duas semanas a dois meses sem exposição solar nas pernas. O período de temperaturas amenas é um bom momento para realizar esses procedimentos", explica Cynthia Mendes, cirurgiã vascular e endovascular do Hospital Israelita Albert Einstein.
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