Ajeitou o penteado? O que significa mexer no cabelo ao ver alguém

Assim como o sorriso, o cruzar de braços ou o olhar prolongado, mexer no cabelo faz parte do repertório da comunicação não verbal. Esse toque nos fios, muitas vezes involuntário, pode expressar nervosismo, desejo de causar uma boa impressão ou atração física e sexual.

Quando interagimos com alguém e percebemos que estamos sendo observados, o cérebro ativa regiões relacionadas à autoimagem. Mexer no cabelo pode ser uma forma sutil de ganhar tempo, reorganizar o pensamento e regular a ansiedade que surge no contato social.

Essa movimentação também reforça nossa presença. Em termos evolutivos, pode ser vista como uma forma de destacar atributos físicos associados à atratividade. Cabelos bem cuidados, por exemplo, historicamente foram associados à saúde e juventude, fatores que o cérebro ainda reconhece como sinais de valor biológico.

Pista sobre o estado emocional

Em muitos casos, esse gesto faz parte do que a psicologia chama de comportamento de autorregulação: uma maneira inconsciente de lidar com a tensão ou desconforto. Assim como roer as unhas ou bater os dedos, mexer nos cabelos pode ser uma forma de aliviar a ansiedade em situações de contato interpessoal.

Esse comportamento pode ser ainda mais frequente em pessoas com traços ansiosos, que usam movimentos repetitivos como válvula de escape emocional. Ou seja, o gesto não é necessariamente um sinal de interesse pelo outro — pode ser apenas um jeito do cérebro de manter a calma.

Quando requer ajuda médica

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Quando a ansiedade vai além de apenas mexer nos cabelos e a pessoa começa a arrancar os fios e até levá-los à boca, é sinal de que algo mais sério está acontecendo — e é fundamental procurar um especialista em saúde mental.

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Esse comportamento pode ser um sintoma da tricotilomania, um transtorno caracterizado pelo impulso repetitivo de arrancar os próprios cabelos. Ele está frequentemente associado a distúrbios da mesma família do TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

Estudos indicam que entre 30% e 40% das pessoas com tricotilomania também apresentam tricofagia, ou seja, o hábito de engolir os fios que arrancam. Nesses casos, os impactos não são apenas emocionais ou estéticos — envolvem também sérios riscos físicos: diarreia, gastrite crônica, perfurações no trato gastrointestinal e até pancreatite.

Além dos danos físicos, quem sofre com esse tipo de transtorno costuma enfrentar problemas de autoestima, vergonha e dificuldades de socialização, o que agrava ainda mais o sofrimento emocional.

Fontes: Eduardo Perin, psiquiatra; Juliana Toma, dermatologista; e Carla Guth, psicóloga.

*Com informações de reportagem publicada em 02/03/2021

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