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Barra de proteína ou de energia? Não se engane com alimentos proteicos

Com a crescente demanda por alimentos proteicos, vemos cada vez mais rótulos estampando a palavra proteína. Mas é preciso ter cuidado. Na tentativa de equilibrar nutrição, sabor e preço, alguns produtos "proteicos" acabam prometendo algo que não cumprem. Nesse processo, quem pode sair perdendo é o consumidor.

Ter proteína em destaque na embalagem nem sempre garante que o produto é, de fato, uma escolha superior.

Para ilustrar esse cenário, selecionei algumas estratégias utilizadas pela indústria para alavancar as vendas de alimentos proteicos. Elas serão apresentadas em uma série de 3 edições do Guia do Supermercado, que se inicia hoje. Embora não sejam ilegais, essas práticas podem distorcer a percepção do consumidor e induzir a escolhas equivocadas.

1. Barra de proteína ou barra de energia?

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Imagem: Reprodução/Les Marchi

Proteína é destaque no rótulo, mas a composição do alimento é rica em carboidratos, gorduras e calorias extra

Nem toda barra vendida como "proteica" tem uma quantidade relevante de proteínas. Algumas até contêm uma porção considerável desse nutriente, mas trazem valores ainda maiores de carboidratos e gorduras.

Um exemplo é a Dark Bar, da Integralmedica. Para comportar bastante proteína, a barra precisa ser grande. Isso explica seu tamanho de 90 g por unidade, que é o dobro de muitos concorrentes. Mas se desses 90 g apenas 27 g são proteínas, você já parou pra pensar no que compõe o restante da barra?

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Imagem: Reprodução/Arte UOL
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Se compararmos com um Snickers (45 g), a Dark Bar realmente contém mais proteínas, mas também mais carboidratos, mais gorduras e muito mais calorias que o chocolate. Ou seja, apesar do apelo proteico, funciona mais como uma barra de energia (calorias) do que como uma opção adequada para quem busca proteína sem excessos.

"A diferença entre o Snickers e a Dark Bar é que o primeiro todo mundo sabe que não é saudável, enquanto o segundo passa a impressão de ser uma boa escolha."

Como esse produto parece saudável, algumas pessoas o consomem como sobremesa. Ao fazer essa escolha, você está ingerindo 376 calorias extras — o equivalente a mais um prato de comida.

Imagem feita por IA que simula uma refeição com calorias equivalentes às da barra de proteína.
Imagem feita por IA que simula uma refeição com calorias equivalentes às da barra de proteína. Imagem: Grok

Antes de se deixar levar por números chamativos, avalie o tamanho da porção que faz sentido para você. Essa é a melhor forma de traduzir os dados do rótulo para a sua realidade.

Embora os industrializados proteicos sejam úteis para consumo eventual, não devem substituir os alimentos naturais com frequência. As melhores fontes de proteína na dieta são as contidas nos alimentos in natura, como carnes, peixes, frango, leite e derivados, ovos, ou leguminosas, como a soja.

  • Na próxima semana, na segunda edição desta trilogia, falarei sobre outra estratégia da indústria para alavancar as vendas de alimentos proteicos: a armadilha do tamanho da porção.
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Eu sou Sari Fontana, química industrial de alimentos e faço avaliações didáticas para ajudar você a comer de forma mais consciente (me siga no Instagram).

Como você já sabe, o Guia do Supermercado não é patrocinado por nenhuma marca. Por isso temos a liberdade de criticar, mas também de elogiar os produtos que merecem um lugar no nosso carrinho de compras.

Os produtos apresentados aqui são usados como exemplo ilustrativo, mas as explicações valem para alimentos similares de outras empresas. O mais importante é mostrar para você como interpretar a tabela nutricional e a lista de ingredientes dos alimentos, para fazer boas escolhas.

Lembre-se sempre de conferir o rótulo dos produtos que avaliamos, pois o fabricante pode alterar a receita a qualquer momento, adicionando ou substituindo ingredientes.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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