Ageless

Ageless

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Ossos frágeis: o risco silencioso que a menopausa pode esconder

Falamos muito sobre os sintomas incômodos da menopausa, como os calores, a insônia, entre outros. Mas há uma condição que pode ser uma das mais perigosas dessa fase da vida da mulher — e que muitas vezes não dá nenhum sinal. Nenhuma dor, nenhum sintoma aparente. Ainda assim, os ossos podem estar carregando uma fragilidade invisível, até o dia em que você tropeça, escorrega ou levanta uma sacola pesada demais.

A osteoporose é uma condição traiçoeira: silenciosa, progressiva e, na maioria dos casos, só descoberta depois da primeira fratura.

No Brasil, cerca de uma em cada três mulheres acima dos 50 anos vai sofrer uma fratura osteoporótica ao longo da vida. A boa notícia? Isso pode ser prevenido. Nossa geração de mulheres maduras não aceita mais viver à mercê da sorte. Não queremos que a menopausa nos pare — queremos seguir ativas, fortes e com autonomia. Entender o que acontece com nossos ossos (e agir) é o primeiro passo.

Você sabia que seus ossos estão vivos e em constante renovação? Mesmo na vida adulta, eles passam por um processo contínuo de "demolição e reconstrução".

Durante a juventude, a formação supera a perda, mas, com a chegada da menopausa, esse equilíbrio se inverte. A queda nos níveis de estrogênio acelera a perda óssea e compromete essa renovação, tornando os ossos mais porosos e sujeitos a fraturas.

A osteoporose é multifatorial, uma combinação dos genes com o ambiente. Há uma fase especialmente sensível que vai dos 15 aos 25 anos, quando ocorre a mineralização dos ossos. Nutrição inadequada, transtornos alimentares e sedentarismo nessa fase já podem deixar a mulher com massa óssea abaixo do ideal.
Isabela Bussade, endocrinologista especialista em saúde da mulher madura

A outra fase crítica para os ossos é a menopausa. O estrogênio, hormônio que participa diretamente do metabolismo ósseo, começa a oscilar e depois despenca.

"A perda óssea se acelera justamente nos cinco a dez primeiros anos do início da menopausa. Por isso, quanto antes a mulher começar a reposição hormonal — se não houver contraindicações —, melhor", alerta endocrinologista. Por isso é tão importante a gente ter cuidado redobrado nessa fase.

O que você pode fazer hoje para proteger seus ossos

Reposição hormonal (TRH). Indicada para mulheres sem contraindicação, a terapia com estrogênio pode retardar ou evitar a perda óssea acelerada da menopausa. Estudos mostram que pode reduzir o risco de fraturas em até 50%, especialmente se iniciada nos primeiros anos após a menopausa.

Continua após a publicidade

Densitometria óssea (DEXA). É o exame padrão-ouro para diagnosticar osteopenia (fase inicial de enfraquecimento dos ossos) e osteoporose — ele mede com precisão a densidade mineral dos ossos e permite acompanhar a evolução ao longo do tempo. Fazer o exame a cada 18 a 24 meses, de preferência no mesmo aparelho e laboratório, garante comparações mais seguras e ajuda a guiar o tratamento ou a prevenção com base em dados reais.

Exercício físico com impacto e força, no mínimo três vezes por semana. Atividades como caminhada rápida, musculação, pilates com carga, pular corda ou exercícios com elástico ajudam a estimular a formação óssea. A recomendação atual para mulheres na menopausa é realizar pelo menos três sessões por semana, com estímulo à força e equilíbrio, para reduzir também o risco de quedas.

Alimentação rica em nutrientes ósseo-protetores

Cálcio (folhas verdes, sardinha, iogurte, tofu, gergelim)

Vitamina D (exposição solar regular, ovos, cogumelos; ou suplementação se necessário)

Magnésio e vitamina K2(castanhas, abacate, vegetais de folhas escuras)

Continua após a publicidade

Proteína suficiente. Mulheres acima dos 50 anos devem consumir entre 1,0 e 1,6 grama de proteína por quilo de peso corporal por dia — o equivalente a 60 a 100g por dia, em média. Distribuir esse consumo ao longo do dia (em todas as refeições) é fundamental para preservar a massa magra, que dá suporte e proteção aos ossos.

Evite álcool e cigarro. O álcool em excesso interfere na absorção de cálcio e vitamina D, enquanto o cigarro reduz a produção de estrogênio e acelera a perda de massa óssea.

Suplementação personalizada. Os suplementos mais usados na saúde óssea são cálcio, vitamina D3, magnésio, vitamina K2, colágeno hidrolisado e, em alguns casos, proteína em pó. Mas a necessidade e a dosagem variam de pessoa para pessoa. Por isso, o ideal é fazer uma avaliação com médico ou nutricionista antes de começar qualquer suplementação.

E, se o diagnóstico de osteoporose já chegou. Isabela explica que hoje existem tratamentos com medicamentos que ajudam a controlar a condição. Além da reposição, existem medicamentos que inibem a reabsorção óssea ou até estimulam a formação de novo tecido ósseo, reduzindo significativamente o risco de fraturas.

Mas a mensagem é: não espere por uma fratura para descobrir a osteoporose. A prevenção começa agora, atenção e atitude.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.

OSZAR »