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Fernanda Lima diz que sexo anda escasso; por que isso é comum em casamento?

Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa, em São Paulo

04/06/2025 14h04

Fernanda Lima, 47, fez um desabafo sobre a vida íntima com o marido, Rodrigo Hilbert, 45, durante o podcast "Surubaum", que vai ao ar amanhã. Na entrevista, ela explicou que a rotina agitada tem atrapalhado a intimidade do casal. "O sexo... Não está fácil. É que a vida vai ficando muito corrida", disse.

Qualquer relacionamento, mesmo os de longa data, costuma atravessar períodos em que as atividades sexuais são menos frequentes. Os motivos que levam a isso podem ser diversos.

Por que isso acontece?

Relações que atravessam longos períodos sem sexo são mais frequentes do que se imagina. Nem sempre resultam em separação, o que não impede que a questão seja encarada como um sinal de alerta e que mereça ser trabalhada. Por ter a sensação de que o outro estará sempre lá, no travesseiro ao lado, disponível, há a tendência de deixar o sexo para depois, pensando que depois haverá um momento mais favorável.

Momentos críticos da vida também podem atrapalhar. "A diminuição ou ausência de sexo em determinadas épocas do casamento é algo natural e costuma estar associada a momentos críticos da vida, como nascimento de filhos, reforma da casa, estresse no trabalho, conflitos interpessoais, crise financeira ou afetiva, abuso de álcool e ou drogas, infidelidade", diz Mara Lúcia Madureira, psicóloga especializada em TCC (terapia cognitivo-comportamental).

Quando percebem, já se passaram meses sem uma relação sexual. É muito comum ver casais que deixam de fazer sexo porque hoje ainda é segunda e amanhã tem que acordar cedo, ou porque hoje é sábado e ficaram fora o dia todo e é melhor deixar para domingo, que é quando estarão descansados. São pensamentos que acontecem tanto em homens quanto em mulheres, e isso começa a distanciar o casal. Adriana Severine, psicóloga especialista em TCC

Existem ainda aspectos fisiológicos que diminuem a libido. Entre eles estão remédios que têm uma interferência direta, variações hormonais, além de transtornos mentais, como a ansiedade e até a depressão. Isso deve ser analisado junto a um profissional especializado.

Vários fatores explicam a falta de sexo em relações mais longas Imagem: Canva

É preocupante?

Não existe um tempo limite para uma pessoa ou um casal ficar sem sexo. Esse período pode durar meses ou anos. "Há casais jovens que ficam quatro ou cinco anos sem sexo e mantêm o casamento, enquanto outros passam quatro meses sem transar e a relação desmorona. Sempre que falamos de relações humanas não se pode generalizar, pois cada indivíduo é único", diz Severine.

A pressão por uma vida sexual ativa a dois, no entanto, ainda é um ponto de preocupação. Às vezes, isso gera questionamentos e cobrança: quantas vezes devo transar na semana para que o meu relacionamento seja considerado saudável? "Não existe um número ideal. O importante não é a quantidade, e sim a satisfação das duas partes. Muitas vezes, você pode estar passando por um problema, e o seu parceiro, não. O desejo depende de muitas coisas, como foi o seu dia, como está a sua cabeça, então não tem essa de 'preciso transar hoje ou o meu relacionamento acaba'. Você precisa transar porque está a fim, senão o sexo vira uma obrigação, uma coisa mecânica", diz Marina Vasco, sexóloga e psicóloga pós-graduada pela SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana).

A relação sexual só é prazerosa quando é para dois. Não adianta ter prazer solitário em um casal. Uma relação vai ser objetivamente boa e intensa quando os dois optam por se amar. Isso independe da quantidade de vezes. É aquela prerrogativa: não é sobre quantidade, mas sim sobre qualidade. Rita de Cássia Cavalcanti Brandão, psicóloga, neurocientista e mestre em antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco

A apresentadora Fernanda Lima disse que a rotina agitada tem atrapalhado a intimidade com o marido, Rodrigo Hilbert Imagem: Reprodução/Instagram

Um estudo feito no Reino Unido revelou que adultos acima de 25 anos estão transando cada vez menos. Principalmente aqueles que estão casados ou morando juntos. A pesquisa ainda mostrou a forte conexão entre essa menor frequência e os transtornos mentais, como a depressão. Inclusive, indivíduos com vida sexual mais ativa foram aqueles com boa saúde física e mental, assim como estabilidade financeira, com emprego fixo e renda maior.

O sexo é importante na relação amorosa, mas hoje, com a maioria dos casais tendo jornadas duplas, responsabilidades, uma situação econômica não favorável no país, a relação sexual acaba não sendo prioridade —mas a prioridade ainda deve ser a comunicação, um carinho, abraço, uma pergunta de como foi o seu dia. Rita de Cássia Cavalcanti Brandão, psicóloga, neurocientista e mestre em antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco

Casamentos podem continuar mesmo sem sexo. Amizade, cumplicidade, amor, sonhos em comum, jeitos de pensar semelhantes e confiança são aspectos mais importantes do que sexo para algumas pessoas e que podem manter um casamento, ainda que sem sexo frequente. "Ter uma boa convivência fora do contexto sexual influencia muito a tolerarem à falta de sexo. Muitos casais têm uma vida conjugal muito boa no quesito vida a dois, filhos, família, trabalho. O sexo não é o que determinará uma separação", diz Juliana Bonetti, psicóloga e terapeuta sexual.

Mas afastamento emocional é um risco. Muito tempo sem transar pode afastar o par, e é justamente esse afastamento — não só sexual, mas sobretudo emocional — que provoca uma espécie de "trava" quando a vontade surge, impedindo a pessoa de expressar ao outro que sente desejo.

A solução está na conversa. O diálogo é um dos principais pontos para que qualquer relação —não só amorosa— seja saudável. No sexo, ele é imprescindível. É importante comunicar ao parceiro quais são os seus desejos e o que você gosta na cama, mas também dizer quando tem algo errado e que esteja incomodando. Conversas difíceis são necessárias. "Se não há comunicação, cria-se uma tensão e uma cobrança onde o desgaste se sobrepõe às necessidades do casal, ocorrendo o desinteresse e, gradativamente, a perda do desejo. O diálogo, a explanação de sentimentos e a compreensão são fundamentais e devem vir de ambas as partes", diz a psicóloga Cecília Pera.

*Com informações de reportagens de 20/01/2020 e 20/03/2024

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