Palco pequeno, som baixo e lotado: Yellowman é subestimado pela Virada

São Paulo é uma cidade que pulsa cultura. Caminhando tanto pelo centro quanto pelas periferias, é possível vivenciar diferentes linguagens em sua forma mais expressiva e original, como o reggae e suas vertentes.
Seja no terminal São Mateus, no Point 331 ou nas praças de diversas quebradas, os sistemas de som promovem cultura e educação nas ruas, proporcionando o acesso a mensagens de conscientização, além de estimular o corpo em dança —e isso é revolucionário.
Na Virada Cultural de 2025, fomos surpreendidos com a notícia de que Yellowman, considerado um dos pioneiros do dancehall a alcançar reconhecimento internacional e figura essencial na globalização da música jamaicana —respeitado não apenas na cena reggae, mas também na música mundial, tendo em vista que seu estilo de canto falado influenciou a cultura hip-hop norte-americana— faria duas apresentações gratuitas na cidade.
Na noite de 24 de maio, ao lado do coletivo Fresh Dancehall, Yellowman se apresentou no palco da Rua XV de Novembro, no centro histórico de São Paulo. As ruas estavam lotadas, com pessoas penduradas nas janelas dos prédios e sentadas na estrutura de ferro do mapa de shows da Virada Cultural, evidenciando a subestimação, por parte da prefeitura, não apenas da grandiosidade do artista, mas também do poder de mobilização da cultura reggae e do dancehall.
Com um palco baixo e apenas um gradil separando o público do artista, Yellowman cantou e encantou a multidão presente. O som, porém, estava bem baixo, e quem não conseguiu se aproximar do palco, apesar de permanecer durante todo o show, teve dificuldade para escutar sua voz.
É gratificante ver toda a mobilização e o esforço para trazer o Rei do Dancehall de volta ao Brasil, mas faltou conhecimento sobre sua trajetória artística para oferecer a estrutura digna e necessária à altura da importância do cantor e de sua obra.
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