Cantora paquistanesa mostra no Brasil sucesso que encantou Barack Obama
Thiago Ney
Colaboração para o TOCA, de São Paulo
22/05/2025 07h00
Ela já foi chamada de "a cantora mais cool do mundo" (pela revista britânica ?Uncut?) e uma de suas músicas entrou na lista das mais ouvidas de um ex-presidente dos EUA (Barack Obama, em 2021).
E isso porque ela cresceu no Paquistão e muitas de suas músicas são cantadas em urdu, a língua mais falada naquele país. E seu som é bastante influenciado pelo jazz e pela música tradicional do sudeste asiático.
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Esta é Arooj Aftab, cantora que chega ao Brasil para se apresentar na perna jazz do C6 Fest, em São Paulo. O show dela será nesta quinta (22), no auditório Ibirapuera. Os ingressos já estão esgotados.
Quem é ela?
Arooj Aftab nasceu na Arábia Saudita, mas seus pais voltaram para o Paquistão quando ela ainda era criança. Pouco antes de completar 20 anos, ela mudou-se para os Estados Unidos para estudar produção musical.
A música a acompanha desde quando era pequena. Tanto que, em entrevista ao TOCA, conta que "a música sempre foi a minha melhor amiga".
Aftab já lançou quatro discos. Os mais populares são "Vulture Prince" (2021) e "Night Reign" (2024). Em ambos, ela faz uma mistura de jazz, pop e música tradicional do Paquistão, entre outros elementos.
O que ela disse?
TOCA - Como deve ser o show em São Paulo?
Arooj Aftab - Vou tocar algumas músicas antigas do "Vulture Prince", que é um disco mais triste. Depois, várias do disco mais novo, "Night Reign", que é mais divertido. Então o show vai ser um pouco triste, um pouco divertido, dançante, e espero que, ao longo da noite, fique cada vez mais envolvente. É a minha ideia.
No ano passado, você lançou "Night Reign", que veio depois de "Vulture Prince", um disco que fez sucesso e recebeu muitos elogios. "Night Reign" chega a ser mais experimental? Foi difícil fazer um disco depois que o anterior foi tão bem-sucedido?
Não foi difícil, na verdade ele veio rapidamente porque eu tinha muitas músicas na cabeça. O sucesso do "Vulture Prince" me encorajou, me validou como artista, então pensei: "Vocês gostaram? Tenho mais para mostrar".
Para ser sincera, não acho que "Night Reign" seja mais experimental. Acho que "Vulture Prince" já era bastante experimental. "Night Reign" tem mais grooves, até coisas que parecem standards de jazz. Achei que fosse mais acessível do que o anterior, mas é interessante que achem mais experimental. "Night Reign" é menos triste. É um disco que tenta celebrar a vida, em vez de ficar no luto. No fim das contas, estamos apenas fazendo a música que reflete quem somos no momento.
Sua música mistura muitos gêneros: jazz, pop, música paquistanesa. Como você costura todos esses elementos?
Não sei ao certo, sou alguém que se mudou muito na vida, até mesmo dentro das cidades em que morei. Não sou uma pessoa constante, e minha prioridade ao compor é que a música soe o mais natural possível. Sou influenciada por muitos lugares e culturas, gosto de conhecer pessoas, aprender sobre a história de diferentes lugares. Para mim, tem a ver com contar histórias, e existe muita afinidade musical pelo mundo. Tento enxergar isso e colocar na música sem pensar demais, porque pensar demais pode matar a espontaneidade.
Quais são as suas influências musicais?
Tenho grandes referências em vários lugares. Ouvi muito (Concha) Buika, Amália Rodrigues, Björk... Muitas mulheres poderosas. Em algum momento me apaixonei pelo fado. E também pela Esperanza Spalding, que é muito influenciada pela música brasileira. Acabei sendo muito influenciada pela música brasileira também, como os irmãos Assad, Marisa Monte... É um universo muito amplo e maravilhoso.
Como imigrante e alguém que transita entre várias culturas, de que forma o movimento e a identidade influenciam a sua música?
Acho que estão no centro de tudo. Não existe nada mais forte na minha música do que movimento e identidade. Isso está presente em todas as faixas; sem isso, a música nem soaria assim.
Uma das músicas mais marcantes do Vulture Prince é "Mohabbat", que até entrou na lista de músicas de verão do (ex-presidente dos EUA) Barack Obama. Pode contar como essa música surgiu e o que ela representa na sua carreira?
"Mohabbat" é como a joia da coroa para mim, é o meu grande sucesso. E é incrível pensar que uma música de oito minutos, em outro idioma, sem grandes firulas, possa ser um hit. É uma canção longa, genuína, e as pessoas responderam de forma impressionante. Sempre dizem para fazermos músicas curtas, a partir de fórmulas prontas, mas "Mohabbat" viralizou do jeito dela, inclusive entre pessoas que nem falam urdu. Isso mostra que a música é sólida: se ela toca alguém, é isso que importa. Não existe fórmula.
Serviço:
C6 Fest
Quando: 22 a 25/5
Onde: parque Ibirapuera, São Paulo
Quanto: a partir de R$ 272 (meia entrada clientes C6 Bank)
Ingressos à venda pelo site https://c6fest.byinti.com/#/event/2pHYpaTshcnO_vjjaxQv
Classificação: 16 anos; menores somente acompanhados dos pais ou responsável legal