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Governo quer apagar derrota do PL das fake news e busca regular redes

Colunistas de Tilt e Colaboração para Tilt

04/06/2025 05h30

(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, os assuntos são: O uso disseminado de ferramentas de IA generativa está comprometendo nosso senso crítico e nossa criatividade?; Novas estratégias do Governo Federal para regular as redes; 'Morde e assopra' entre Google e Apple; A nova guerra dos browsers.)

O PL 2630/2020, conhecido como "PL das Fake News", que pretendia criar normas para as redes sociais e para aplicativos de mensagens privadas foi se transformando ao longo do tempo. O que começou como uma estratégia para evitar disseminação de desinformação, foi se modificando até se tornar uma tentativa de regular as Big Techs. Mas o projeto mudou tanto que morreu.

A falta de avanço do PL é considerado uma derrota para o atual governo, que agora tenta novas medidas para retomar as rédeas nesse segmento.

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Agora o governo desenvolve um projeto dentro do Ministério da Fazenda que vai dar mais poder ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A visão do governo é que o Cade tem poucas ferramentas para lidar com o setor tecnológico. As empresas são tão grandes e dominam tantos mercados que quando elas mudam alguma coisa, o regulador só vai perceber quando é tarde demais
Helton Simões Gomes

Em novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Gomes destaca que a nova estratégia do governo se inspira em táticas da Europa, que possui uma configuração diferente do Brasil, o que pode causar bastante barulho antes mesmo de ser lançado.

Nesse novo PL, o governo não vai se deter no conteúdo, mas trazer outras legislações como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e o Estatuto do Idoso para a conversa. A ideia é observar questões como adequação de faixa etária e possíveis golpes sofridos nas plataformas por esse público.

O governo não vai olhar para os conteúdos, mas para o modelo de negócios de uma plataforma digital. Ou seja, ele vai avaliar quais são os riscos de uma plataforma diante dessas leis, por que uma rede social pode afetar para uma criança, um idoso pode sofrer caso esteja dentro de um ambiente digital? listar vários riscos e vai falar para as plataformas mitigarem eles
Helton

O governo já está se preparando caso esses projetos sejam aprovados. Entre as medidas sendo discutidas estão pensar em formas de tornar as redes mais saudáveis do ponto de vista tecnológico e também discussões para fazer valer o que for aprovado na lei para que as plataformas consigam se ajustar.

Uma das medidas é a avaliação de uma forma de as redes sociais comprovarem as idades dos usuários. Atualmente há um grupo de trabalho que se dedica à questão, e tem como sugestões, por exemplo, o reconhecimento facial, o uso de IA para analisar o conteúdo acessado por esse usuário (e assim determinar sua idade) ou criar um Token que analise dados a partir da base do governo.

Helton Simões Gomes ressalta que essas medidas ainda esbarram na privacidade.

Além desse movimento do governo, o STF (Supremo Tribunal Federal) está julgando o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que discorre sobre a responsabilidade das plataformas sobre os conteúdos que circulam. Para Diogo Cortiz, pesquisador e professor, apresentador de Deu Tilt, esse julgamento também vai trazer uma mudança no cenário.

Uma configuração precisa estar posta, que é o poder quase que irrestrito das plataformas em vários lugares do mundo. Elas têm um poder muito grande de influência tanto econômica quanto política, não há espaço para discussão mais. Agora, é como os diferentes organismos dentro dos governos estão reagindo a isso
Diogo Cortiz

Os apresentadores destacam que há um sentimento de corrida contra o tempo, visto que 2026 é ano eleitoral, quando discussões dessa natureza podem ficar congeladas.

É bom a gente ter em mente que esses processos, por lidarem com grandes questões, acabam se influenciando mutuamente e a gente está discutindo coisas que ainda vão chegar ao congresso e dependendo da configuração política, podem não chegar
Helton Simões Gomes

Apple e Google: amigos ou inimigos?

Não é só a Meta enfrentando julgamento por monopólio. O Google também passa por algo semelhante. A empresa foi condenada por monopolizar as buscas na internet e agora o que se discute é como remediar a questão.

Uma das soluções é vender o Google Chrome.

A gente está numa fase do julgamento em que são convidados grandes nomes da tecnologia. Um deles é parceiro do Google, foi peça chave na acusação de monopólio e de alguma forma é rival também
Helton Simões Gomes

Para o jornalista, é uma relação de "morde e assopra".

Uma nova guerra dos browsers no horizonte?

Era 2010 quando a revista norte-americana Wired estampou na capa: "The web is dead" (A web está morta) decretando o fim da navegação online, ainda que as pessoas continuassem online via e-mails, aplicativos de mensagens e streamings.

Mas parece que os browsers estão cada vez mais em alta. Em novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes comentam que há um súbito - e crescente - interesse de grandes empresas na compra de navegadores.

Diogo Cortiz avalia que se trata de uma mudança, que também envolve hábitos de consumo. Entre os interessados em adquirir a ferramenta do Google, Cortiz destaca a Perplexity, empresa de IA nos mesmos moldes da OpenAI (e que também já quis comprar o TikTok) e o Yahoo!

O browser acaba se tornando a próxima grande interface da nova onda de IA, que vai ser a dos agentes
Diogo Cortiz

O uso crescente da IA está nos deixando mais burros?

A ascensão de chatbots como o ChatGPT , Perplexity e Google Gemini é relativamente recente. Esses bots conquistaram as massas faz pouco tempo, mas aparentemente já estão contribuindo para uma queda cognitiva entre os humanos. Pelo menos é o que suspeitam algumas pesquisas.

Só que algumas pesquisas mostram que esse efeito flynn pode estar estagnando. Ou pior, pode estar acontecendo o efeito flynn reverso, que é as próximas gerações tendo uma queda do QI
Diogo Cortiz

Existem hipóteses que apontam para o uso de IA e redes sociais como responsáveis por essa diminuição cognitiva. O pesquisador Michael Gerlich da Swiss Business School, realizou pesquisa com 666 pessoas no Reino Unido e identificou que há uma correlação entre diminuição do pensamento crítico e uso frequente de inteligência artificial.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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