Mais que livros: Bienal do Rio virou parque de diversões temático e lotado
Nem só de livros é feita a Bienal do Rio. Além de ser vitrine para diversos autores e promover debates, pela primeira vez o evento incorporou experiências imersivas dignas de parque temático e virou um "book park".
O que aconteceu
No primeiro final de semana do evento, atrações como a roda-gigante, labirinto fantástico e escape room fizeram sucesso. Fãs ainda podem aproveitar as ativações até 22 de junho, no Riocentro, na zona oeste da capital fluminense.
A roda-gigante, batizada de Leitura nas Alturas, é uma das principais atrações. Nela, os visitantes embarcam em cabines tematizadas por personagens e trechos de livros, ouvem histórias narradas em áudio e veem crianças e adultos interagindo com o universo literário de um jeito inédito. A entrada custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).
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Os amigos Julia Costa, 24, e Matheus Folena, 26, vão a bienal desde crianças e celebram ver ações para atrair novos públicos. "Eu sou grata de Bienal. Venho aqui desde pequena. Eu amo. É a primeira vez que tem roda-gigante, escape room, é novidade. A Bienal do Rio é diferente de outros eventos nerds, mais acessível, gente que gosta e que nem tosta de ler", diz a assistente social.
Não costumo ir às experiências porque têm fila, mas aqui sobrou um ingresso e foi bem rápido. Gostei muito por isso. A gente estava na cabine com uma mulher e uma criança que a gente não conhecia. Me deixou feliz ver muitas criança, assim como vinha na época da escola e conversava com outras crianças. Muitas escolas públicas dão voucher para os alunos comprarem livros. Isso não acontece isso na CCXP, por exemplo
Matheus, atuário
Outro destaque é o Labirinto de Histórias, um espaço lúdico com quatro entradas diferentes, cada uma representando uma narrativa. Ao entrar, o visitante é instigado a explorar livros de forma sensorial e interativa. Não há custo para entrar na atração.
Também estreante na programação, o escape room desenvolvido com apoio de editoras leva os participantes para dentro de um mistério literário — com desafios e enigmas inspirados em clássicos como "O Mistério do Quarto Fechado", de Agatha Christie. "Queríamos uma Bienal imersiva, que permitisse às pessoas se inserirem nas histórias", explica Leonora Monnerat, diretora-executiva da HarperCollins Brasil. A visita ao escape room está incluso no ingresso de entrada da Bienal.
A expectativa da editora é receber cerca de 6 mil pessoas no espaço ao longo do evento. "Pensamos junto com o Escape 60 nos enigmas para os leitores e até para quem nunca leu Agatha. O contato foi muito próximo com o estilo dela"
A edição de 2025 é especial: o Rio foi nomeado Capital Mundial do Livro pela Unesco, e a Bienal aproveita o título para ampliar seu impacto social. Com a participação de escolas públicas e distribuição de vouchers para compra de livros, o evento ajuda a democratizar o acesso à leitura.
Destaques
Entre os destaques do primeiro final de semana da Bienal, que teve um dia esgotado pela primeira vez na história do eventos, estiveram encontros com grandes nomes nacionais e internacionais. Chimamanda Ngozi Adichie participou de uma conversa ao lado da atriz Taís Araujo, em uma das mesas mais aguardadas do festival. Outro momento marcante foi o encontro "Páginas no palco - À flor da pele", com leituras e reflexões em torno da obra de Lázaro Ramos, acompanhado por Edvana Carvalho, Gabz e Bussaka Kabengele.
O estande do TikTok também se tornou ponto de interesse. O bate-papo "Mil formas de falar sério com os jovens" reuniu Heloísa Perissé, Thalita Rebouças e as criadoras de conteúdo Pétala e Isa, do projeto Afrofuturas, para discutir diferentes maneiras de dialogar com o público jovem por meio dos livros.
Entre as atrações internacionais, outro nome que marcou presença foi o de Alexene Farol Follmuth, autora de romance para jovens adultos como "A mecânica do amor" e "Noite de cavaleiros" (Globo Livros). "Estou amando conhecer meus leitores brasileiros. Fico dizendo para todo mundo que eles são tão fofos e se vestem tão bem... Eu sei que isso não é o mais importante, mas com certeza é um fator. Tem sido maravilhoso ver o quanto as pessoas estão animadas, quantas realmente praticaram o inglês — e o inglês de vocês é muito melhor do que eu jamais conseguiria falar em português. Estou muito feliz", disse autora, conhecida pelo pseudônimo Olivie Blake a Splash.
Uma das melhores coisas das redes sociais literárias é que é possível ler em comunidade, não apenas ser um leitor sozinho e isolado. Quando penso em como quero escrever meus livros, também penso nas conversas que quero que os leitores tenham e nas reflexões que quero que eles façam. E, com sorte, os livros que escrevo são do tipo que despertam a vontade de conversar com outras pessoas sobre eles. É ótimo escrever numa época em que sei que os leitores vão ter essas conversas. Fico feliz se as pessoas estiverem se divertindo. Alexene Farol Follmuth a Splash