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Opinião

Os netos do rei Charles: entre coroas, caretas e controvérsias?

Por: Ana Claudia Paixão - via Miscelana

Se você acompanha a Família Real britânica sabe que de abril a maio, os netos do Rei Charles III fizeram aniversário, praticamente um atrás do outro. Os taurinos reais são Louis, Charlotte e Archie, que, ao lado de Lilibet e George, representam o futuro da monarquia britânica -- e também seus dilemas mais contemporâneos. Na fantasia pré-Megxit, quando ainda acreditávamos na amizade inabalável dos irmãos, príncipe William e príncipe Harry, imaginávamos que os primos seriam próximos e teríamos muitas imagens deles brincando. A realidade não poderia ser mais oposta.

Ainda assim, desde a ascensão de Charles III ao trono há três anos, seus netos se tornaram rostos cada vez mais simbólicos dentro da estrutura real: três vivem dentro dos muros do Palácio, dois estão do outro lado do Atlântico. Juntos, formam um retrato da complexidade de uma família real em transformação.

Catherine (Kate Middleton), Príncipe Louis, Príncipe William, Príncipe Harry, Meghan (Meghan Markle), Príncipe George, Rei Charles III, Rainha Camilla, Princesa Charlotte
Catherine (Kate Middleton), Príncipe Louis, Príncipe William, Príncipe Harry, Meghan (Meghan Markle), Príncipe George, Rei Charles III, Rainha Camilla, Princesa Charlotte Imagem: Reprodução

O mais velho é o príncipe George, que está prestes a completar 11 anos em julho de 2025 e já é o segundo na linha de sucessão ao trono. Filho de William e Catherine, o príncipe e a princesa de Gales, George nasceu em 22 de julho de 2013 sob uma onda de entusiasmo nacional. Desde então, tem sido preparado, com cautela, para o papel que herdará do pai. Em 2023, foi pajem de honra na coroação do avô, uma participação altamente simbólica e pública que reforçou sua posição de herdeiro. Apesar da responsabilidade histórica, seus pais tentam garantir que ele tenha uma infância relativamente normal, longe do peso constante dos holofotes.

Dois anos mais nova, a princesa Charlotte, nascida em 2 de maio de 2015, é a primeira mulher da realeza britânica a manter sua posição na linha de sucessão — graças à mudança na lei que eliminou a preferência por homens. Atualmente em terceiro lugar, Charlotte se destaca pela confiança e carisma nas aparições públicas, muitas vezes ofuscando até os adultos com sua espontaneidade. Seu nome é uma homenagem direta ao avô (Charlotte é Charles no feminino), mas também à bisavó, Elizabeth II, e à avó, a princesa Diana, uma vez que seu nome é Charlotte Elizabeth Diana, o que só reforça seu apelo popular.

O caçula do trio de Gales é o príncipe Louis, nascido em abril de 2018, hoje com 6 anos. Apesar de ocupar o quarto lugar na linha de sucessão, Louis é talvez o mais conhecido do público por suas expressões impagáveis durante eventos oficiais. Ele roubou a cena durante a coroação de Charles com caretas, bocejos e gestos espontâneos que renderam memes e manchetes. Comparado ao tio Harry por sua personalidade extrovertida, Louis se tornou uma espécie de "mascote real" — o mais distante do trono, mas o mais adorável para o público. Atualmente sem os dentes da frente, por estar trocando os de leite pelos permanentes, ele sempre é irônico, engraçado e imprevisível.

Do outro lado da monarquia — literalmente — estão os filhos do príncipe Harry e Meghan Markle. Archie Harrison nasceu em 6 de maio de 2019, em Londres, mas mudou-se para a Califórnia com os pais após a saída deles da vida oficial da família real em 2020. Ou seja, não completou nem dois anos na terra natal de seu pai, ou conviveu com a família.

O aniversariante de hoje, 6 de maio de 2025, frequentemente está no coração do que os que antagonizam com Harry e Meghan chamam de "chantagem emocional" de seu pai. Afinal, Harry reiterou há poucos dias que enquanto não tiver sua segurança pública garantida no Reino Unido, seus filhos e esposa não voltarão ao país. Ou seja, Charles só esteve com o neto pessoalmente pouquíssimas vezes nos últimos 6 anos. Imaginava-se que havia pelo menos videoconferências, mas como Harry alega que seu pai não fala com ele, nem isso.

O aniversário de 5 anos de Archie, em 2024, coincidiu justamente com o primeiro ano da coroação de Charles. Harry foi à cerimônia, mas voltou correndo para a Califórnia (literalmente) para estar com o filho. Entre as polêmicas que o pequeno Archie protagonizou indiretamente estão as acusações de racismo feitas por seus pais contra a Família Real. Meghan chegou a alegar que ele não era chamado oficialmente de príncipe por esse motivo. Não é correto: Archie só virou oficialmente príncipe após a morte da rainha Elizabeth II, porque essas são as regras estabelecidas por George V há 115 anos. Embora tenha sido apresentado oficialmente em fotos e cartões de Natal de seus pais, hoje o rosto de Archie tem sido protegido por eles: só o vemos de costas ou de longe, para não conseguir identifica-lo.

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A mais nova entre os netos de Charles é a princesa Lilibet Diana, que completará 4 anos em junho. Nascida em Santa Bárbara, Califórnia, Lilibet foi nomeada em homenagem ao apelido de infância da rainha Elizabeth II e à avó paterna, Diana. Sua imagem é fortemente protegida pelos pais — ela raramente aparece em fotos públicas e só conheceu a bisavó pessoalmente uma única vez, durante o Jubileu de Platina em 2022. Como Archie, também adquiriu o título de princesa após a ascensão de Charles, embora o título seja pouco utilizado.

A linha de sucessão atual ao trono coloca os três filhos de William nas primeiras posições, seguidos por Harry, Archie e Lilibet. A distância geográfica e emocional entre os ramos de Gales e Sussex da família real é uma constante fonte de especulação pública. Enquanto George, Charlotte e Louis participam de eventos oficiais e são educados para funções institucionais, Archie e Lilibet crescem em um ambiente privado e desvinculado das obrigações reais. Não há convívio frequente entre os primos, e a relação entre os irmãos William e Harry continua marcada por tensões públicas e privadas, sem nenhum sinal de trégua a curto prazo.

Charles, como avô, parece manter laços mais visíveis com os netos que vivem no Reino Unido. George, Charlotte e Louis são frequentemente fotografados ao seu lado em datas comemorativas. Já com Archie e Lilibet, a relação é mais discreta, embora, segundo fontes próximas ao Palácio, o rei tenha feito questão de incluir os dois como príncipes após sua coroação - um gesto formal, mas interpretado por alguns como tentativa de apaziguar tensões familiares.

Mais do que herdeiros de sangue azul, os netos de Charles simbolizam o verdadeiro dilema da monarquia britânica no século 21: entre a continuidade institucional encarnada por George e a liberdade conquistada para Archie, a Casa de Windsor se vê dividida entre o dever e o desejo, entre o protocolo e a autonomia pessoal. O abismo entre os filhos de William e os de Harry não é apenas físico ou emocional -- é uma representação viva da crise de identidade da própria instituição. O futuro da monarquia talvez não dependa apenas de coroas e títulos, mas da capacidade de Charles -- e, depois, de William -- de unir esses dois mundos que hoje quase não se reconhecem. A esperança de reconciliação ainda existe, mas a cada aniversário que passa, parece mais um sonho distante

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Imagem: Divulgação

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BOL

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