Alê Youssef

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Opinião

Queremos ver Gaga, Beyoncé e U2 também na Avenida Paulista. Por que não?

Enquanto a Prefeitura do Rio de Janeiro marca um golaço político-cultural com os mega shows nas areias de Copacabana, a cidade de São Paulo restringe de forma radical a realização de eventos de grande porte na Avenida Paulista, espaço que carrega todo o peso simbólico da maior cidade do país e ao mesmo tempo comporta milhões de pessoas.

Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2007 pela Prefeitura de São Paulo, Ministério Público do Estado e entidades da sociedade civil, definiu apenas três grandes eventos na emblemática avenida: Parada LGBTQIA+, Corrida de São Silvestre e Réveillon.

Quase 20 anos depois da assinatura desse rígido acordo, está na hora de uma urgente atualização. Nesse período, São Paulo se transformou radicalmente com diversas manifestações culturais passando a ocupar seu espaço público. A força da vanguarda paulistana, que antes acontecia apenas em espaços fechados como teatros, casas de shows e clubes noturnos, agora também se manifesta nas ruas.

Apenas dois anos depois da publicação desse TAC, o Acadêmicos do Baixo Augusta fazia seu primeiro desfile, considerado um marco da retomada do Carnaval de rua e na ocupação cultural da cidade. Algum tempo depois, a própria Paulista foi aberta para as pessoas aos domingos, e se transformou em um ponto de encontro tradicional da cidade.

Outra questão importante é que, na prática, são apenas dois grandes eventos na emblemática avenida autorizados pelo TAC. São Silvestre e o Réveillon acontecem no mesmo dia, sendo que a corrida reúne uma fração muito pequena de pessoas, em comparação com os outros eventos.

Além da maravilhosa e incomparável Parada LGBTQIA+, que todos os anos nos enche de orgulho da São Paulo diversa e cosmopolita, poderíamos abrir espaço para outros mega eventos na Paulista. É incompreensível que uma das capitais mundiais da cultura, que realiza centenas de festivais e shows de todos os grandes artistas nacionais e internacionais em seus estádios e tem a vida noturna mais agitada do país, não possua um espaço público simbólico para mega shows gratuitos.

Lady Gaga foi um golaço político e cultural que precisa ser celebrado como exemplo de estratégia de valorização da economia criativa em todo país. Pesquisas da Prefeitura do Rio de Janeiro mostram que o evento teve 2.1 milhões de presentes, levou 500 mil turistas para circular na cidade e movimentou R$ 600 milhões na economia carioca.

O evento catártico apontou para uma política pública contemporânea e transversal e foi uma ação ousada que ajudou uma narrativa que se contrapõe ao histórico problema de segurança pública e à permanente guerra entre facções do crime organizado que assola a cidade há anos. A mídia internacional espontânea gerada foi enorme e muito positiva. O Rio encontrou nesses mega eventos internacionais gratuitos, uma maneira de ampliar sua inequívoca vocação cultural e criativa para todo o mundo.

Os motivos para revermos esse TAC de eventos na Avenida Paulista se acumulam: a dimensão econômica desse tipo de iniciativa, a democratização do acesso à grandes artistas internacionais, a explosão do turismo e a visibilidade mundial que a cidade ganha são apenas alguns.

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Espero que o poder público de São Paulo se inspire no Rio de Janeiro, onde Prefeitura e Estado inclusive superaram diferenças políticas para apoiar juntos a produtora — que de forma muito competente — realizou o espetáculo. Queremos ver Lady Gaga, Beyonce, Rolling Stones, Maddona, U2 e outros artistas desse porte também na Avenida Paulista. Por que não?

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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