Torcer para a seleção brasileira não dá título de patriota a ninguém

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O que é a seleção brasileira de futebol masculino hoje? Um produto da CBF. E nada mais do que isso. Um produto que promove jogadores, incrementa o valor de mercado dos convocados - mesmo aqueles convocados uma vez apenas e nunca mais lembrados - e movimenta bilhões.
Em campo, um time que não representa essa nação no que ela tem de mais precioso: sua cultura. O que vemos é um bando de homem correndo destrambelhadamente e sem um esquema tático decente atrás da bola. Rigidez, caretice, conservadorismo, covardia. São esses os pilares do estilo de jogo dessa seleção. Há muitos e muitos anos.
O treinador é um coach motivacional, que é o que foi Tite durante sua passagem pelo comando da seleção. A panela comandada pela Neymar S/A organiza o dia a dia, as festinhas, a bagunça. Quem não é da panela deixa de ser bem-vindo - como Jorge Jesus.
Na arquibancada, um tal de Movimento Verde e Amarelo, a torcida privatizada. Músicas cafonas, roupa cafona, comportamento cafona, alegria fabricada e artificial. Ninguém mais vai ao estádio torcer por esse time por amor. Quem vai, pagando muito dinheiro para estar ali, são os turistas do esporte. Estão de passagem. Veem o jogo sentados. Aplaudem o gol. Fazem centenas de selfies. Berram mesmo de alegria quando se veem no telão.
A camisa amarela hoje é símbolo do fascismo e, internacionalmente, perdeu um tanto de seu peso.
Ignorar a seleção é, portanto, absolutamente compreensível. Desprezá-la, idem. Torcer contra é também bastante aceitável e, eu diria, um ato de patriotismo se nessa forma de protesto estiver a compreensão de tudo o que foi escrito acima.
A seleção não nos representa mais. Ela é ferramenta de acumulação de riqueza de poucos em detrimento do amor de muitos. Mais um dos símbolos dessa fase do capitalismo. Mais uma das violências praticadas contra a população brasileira, alienada de uma de suas mais poderosas expressões identitárias.
Bem vindo, Carlo Ancelotti. E boa sorte.
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