Como SUV elétrico foi dirigido por criança e bateu na joalheria de shopping
Eduardo Passos
Colaboração para o UOL
10/06/2025 05h30
No último sábado (7), uma criança acelerou e bateu um carro elétrico que estava dentro do shopping Villa-Lobos, em São Paulo (SP). O veículo — um SUV elétrico avaliado em R$ 184.990 — colidiu com uma joalheria, sem deixar feridos.
Nas redes sociais, centenas de usuários questionaram como foi possível que o incidente ocorresse sem nenhum impedimento. Embora as causas oficiais não tenham sido esclarecidas, as peculiaridades dos carros elétricos dão dicas do que pode ter acontecido.
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Sem barulho
GAC Aion Y estreou há algumas semanas no Brasil, em versões exclusivamente elétricas. Devido a esse tipo de motorização, até que o SUV efetivamente esteja em movimento, não há qualquer ruído ou vibração vinda do propulsor de 204 cv.
O modelo até conta com um sistema que emite ruído artificial até 25 km/h, a fim de alertar pedestres. O som, porém, é baixo se comparado ao volume de um shopping em horário comercial.
O Aion Y também dispensa chaves tradicionais: para ligá-lo, basta ter a chave presencial por perto e acionar o botão ao lado do volante.
Segundo o manual, é possível deixá-lo energizado mesmo sem motorista "por exemplo, quando há pessoas idosas ou crianças no banco traseiro" e o ar-condicionado precisa ficar ligado por longos períodos.
Ainda de acordo com o texto, se o condutor e o passageiro dianteiro saírem do veículo sem travá-lo, a energia se mantém até que a bateria atinja cerca de 10%.
Além disso, acredita-se que exista modo específico para estandes publicitários que, como em carros de outras marcas, limita a aceleração por meio de códigos. Esse, porém, não teria sido usado.
Sem alavanca
Outras hipóteses para a batida incluem o fato de a chave ter sido deixada na cabine pelos responsáveis do automóvel, permitindo o acionamento do botão de partida. Mesmo nesse caso, entretanto, é necessário que o condutor pise no freio, mude o câmbio para a posição D (drive) e então acelere.
A seleção de marchas do Aion Y não é feita em alavanca tradicional, mas em um comando semelhante ao dos limpadores do para-brisa. Tal opção é comum até a carros elétricos de marcas ocidentais, como a Volkswagen; o mecanismo, entretanto, pode confundir quem está no comando do veículo.
Sem supervisão
O caso brasileiro não é o primeiro envolvendo carros elétricos que, expostos em lojas, aceleram inadvertidamente. Em março de 2024, um adolescente de 14 anos entrou em um BYD Yuan Plus e, sem notar que a ré estava engatada, acelerou contra uma farmácia em um shopping de Sydney (Austrália).
No mês seguinte, foi um Zeekr X que acelerou sem motorista dentro de uma feira de negócios em Nanjing (China). A investigação concluiu que a chave estava fora do carro, mas suficientemente perto para que alguém engatasse o modo de condução sem conseguir pará-lo.
Ao todo, sete pessoas ficaram feridas nos dois incidentes. Em ambos, autoridades locais concluíram que não houve falha do produto, mas falta de supervisão no acesso ao automóvel.
A GAC foi procurada pelo UOL Carros, mas não se pronunciou até a publicação da reportagem.