Picape que voa? O que Ford alerta e motorista ignorou ao decolar com Ranger
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Um motorista foi alçado à fama após voar com sua Ford Ranger Raptor pelas dunas de Canoa Quebrada, no litoral do Ceará. A bordo da picape esportiva, o homem decolou a cerca de 10 metros de altura, antes de pousar violentamente com o veículo, com vídeo ganhando o mundo desde sábado (17).
Com a violência do impacto, o conjunto de suspensão da Ranger Raptor cedeu, os pneus furaram, os airbags foram acionados e a carroceria foi bem amassada. As imagens indicam que houve perda total da caminhonete, vendida por R$ 490.000 e que usa justamente a capacidade de saltos como um chamariz.
Há, entretanto, diferenças importantes entre o que a Ranger Raptor consegue fazer e o que ocorreu nas dunas do Ceará, com alertas claros para isso dados ao proprietário.

Modo 'Salto'
A linha Ford Raptor corresponde ao que há de mais extremo no catálogo da Ford para condução fora de estrada. A versão envenenada da Ranger, por exemplo, traz carroceria reforçada nos pontos de impacto, a fim de absorver melhor eventuais pulos.
Os amortecedores também são mais robustos e vêm com um modo específico para saltos, que enrijece os pistões a fim de aguentar o pouso.
Curiosamente, a marca afirma ter se inspirado nos aviões tanto na estética quanto em detalhes ergonômicos da Raptor, como os bancos feitos para maior "sacolejo" dos ocupantes.
Tais recursos são inspirados nas corridas de rali na península da Baixa Califórnia, no México. As rotas de baja, como chamadas, se destacam por altas velocidades e pequenas ondulações, que fazem os carros voarem longe, mas com pouca altura do solo.
A Ford exibe os saltos da Raptor em peças publicitárias, eventos com jornalistas e ativações com clientes no mundo todo. Segundo apurou o UOL Carros, nunca se vai além de um ou dois metros de altura.

No manual do proprietário, a marca ainda destaca que não cobre resultados da condução e dá cuidados básicos a serem tomados nas manobras — ignorados no acidente do fim de semana.
Um dos cuidados mais importantes é estudar o terreno antes da brincadeira. "Revise o caminho à frente antes de tentar cruzar um obstáculo", diz o livreto, que recomenda uma checagem a pé da área para compreender melhor a geografia.
"Não dirija sobre o cume de uma colina sem ver quais são as condições do outro lado", acrescenta.

Em alguns mercados, a Ford é mais clara. "A Ranger Raptor foi feita para uso off-road de alta velocidade e projetada para lidar com terrenos complicados. No entanto, dirigir no ar ou saltar com o veículo pode causar danos aos componentes e não é recomendado para uso regular", diz o manual da picape na Austrália, EUA e Reino Unido.

É uma frase que não consta no Brasil, onde há, porém, aviso explícito de que a garantia não cobre danos causados pela condução do veículo em condições off-road extremas.
Tais danos incluem as "chapas de proteção, para-choques, estribos e acabamentos externos, bem como carroceria torta, rachada ou quebrada, ou ainda chassi e componentes".
"A condução do veículo off-road em altas velocidades exigirá uma programação de manutenção alternativa, completa a Ford.
Risco de sequelas
O manual brasileiro da Ranger Raptor também é claro ao recomendar proteção extra aos ocupantes em caso "uso severo, off-road, de alta velocidade".

Segundo a marca, deve-se "usar EPIs, incluindo capacete e dispositivo de fixação para pescoço aprovado". Tais itens são praxe nos eventos da caminhonete. O condutor da unidade acidentada não usava tais equipamentos.
Segundo testemunhas, ele chegou a reclamar de falta de sensibilidade nas pernas; após o resgate, o homem foi encaminhado ao hospital com suspeita de fraturas nos pulsos, mas sem risco de paraplegia, afirmaram.
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