Pirula: paralisia não é único sintoma de AVC; veja sinais pouco conhecidos
De VivaBem, em São Paulo
31/05/2025 15h20
O biólogo e divulgador científico Paulo Miranda Nascimento, conhecido como Pirula, sofreu um AVC aos 43 anos e está internado na UTI. Segundo nota divulgada pela equipe do podcast 'Os Três Elementos', do qual ele participa, o acidente vascular cerebral aconteceu na noite do último domingo. O estado dele é estável, mas requer atenção. "Não há, por enquanto, uma estimativa segura sobre sua recuperação", diz o comunicado.
Sintomas do AVC
Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo é o mais conhecido. Também é o sintoma mais comum, afetando rosto, braço ou perna. A pessoa pode sentir uma paralisação, como se uma parte do rosto estivesse "pendurada", ficar incapaz de levantar os dois braços e mantê-los suspensos e se sentir fraca ao levantar um copo.
Dificuldade na fala (mais lenta e mal articulada) é outro sinal de alerta. Algumas pessoas podem ficar totalmente sem falar, mesmo estando acordadas.
Alterações sensitivas são sintomas menos conhecidos. Problemas súbitos na visão, em um ou ambos os olhos, mudanças nos níveis de consciência, sonolência e confusão mental também podem aparecer. Dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente, além de aumento da pressão intracraniana, náuseas e vômitos são relatados.
Lembre-se do Samu. Além de ser o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, a sigla está associada a uma escala para identificar os sintomas do AVC:
- S de sorriso. No AVC, ao sorrir, pode haver assimetria da face.
- A de abraço. A pessoa pode ter dificuldade para levantar o braço.
- M de música. Com os neurônios afetados, pode ser difícil lembrar e cantar uma música, ou mesmo falar qualquer frase.
- U de urgência. Com todas essas características, é urgente buscar atendimento médico.
Atendimento médico imediato é essencial. Estima-se que a cada minuto sem oxigênio no cérebro, 2 milhões de neurônios morrem. Por isso, o atendimento rápido ajuda a limitar os danos ao cérebro e marcar a diferença entre ter uma lesão cerebral leve, uma grave incapacidade ou até morte.
O que causa um AVC?
O derrame cerebral, como também é conhecido, ocorre quando o cérebro deixa de receber sangue. Isso pode acontecer pelo bloqueio ou rompimento de um vaso sanguíneo, que transporta o sangue com oxigênio e nutrientes para todos os órgãos. Sem oxigênio, as células cerebrais morrem.
Existem dois tipos de AVC. Quando há obstrução de uma artéria por um coágulo, é chamado de AVC isquêmico, sendo o mais comum (85% dos casos). Quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe e provoca hemorragia, é chamado de AVC hemorrágico. Essa perda de sangue pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge (membrana que reveste e protege o sistema nervoso central). É responsável por 15% dos casos, mas pode causar a morte com mais frequência.
Os principais fatores de risco para AVC são:
- Hipertensão;
- Diabetes tipo 2;
- Colesterol alto;
- Sobrepeso;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Uso excessivo de álcool;
- Idade avançada;
- Sedentarismo;
- Uso de drogas ilícitas;
- Ter histórico familiar de AVC;
- Ser do sexo masculino (é mais frequente em homens).
Como evitar um AVC?
Proteja-se dos fatores de risco modificáveis. Doenças relacionadas ao estilo de vida, ainda que sejam causadas por diferentes fatores, podem ser evitadas e, consequentemente, prevenir um acidente vascular cerebral. Fazer atividade física, controlar o peso, a gordura abdominal e a pressão arterial, reduzir o colesterol, não abusar do álcool e não fumar são medidas preventivas.
AVC sempre deixa sequelas?
Ter ou não sequela depende de diferentes fatores. É preciso analisar o tipo de lesão, a extensão dela e a área do cérebro afetada. Lembrando que o atendimento rápido ajuda a limitar esses danos.
Entre os danos mais comuns estão:
Alterações na fala: se a área do cérebro afetada foi a responsável pela linguagem, a comunicação do paciente pode ficar prejudicada. Nesses casos, pode existir dificuldade na capacidade de falar e ser compreendido, além da capacidade de compreender mensagens.
Agnosia Visual: incapacidade de reconhecer objetos e pessoas, mesmo sem ter comprometimento na visão.
Déficit de memória: o paciente com AVC pode perder a memória tanto de curto quanto de longo prazo. Além de ter confusão mental, esquecimentos pontuais —algo como esquecer de repente a receita de um bolo que sempre soube fazer.
Falta de sensibilidade: acontece quando a área do cérebro responsável por interpretar a sensibilidade sofre lesão.
Alterações motoras: imediatamente após o AVC, pode acontecer uma perda do controle muscular voluntário, uma paralisia. Depois, o paciente pode desenvolver um aumento desproporcional da contração muscular de forma involuntária, chamada de espasticidade, que deixa os membros em posturas inadequadas, como mãos sempre fechadas ou ombros contraídos, podendo causar dor e desconforto.