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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Sebastião Salgado teve complicações da malária: o que a doença pode causar?

Sebastião Salgado contraiu malária na Indonésia Imagem: MARIO TAMA / GETTY IMAGES

De VivaBem, em São Paulo

23/05/2025 14h59Atualizada em 23/05/2025 19h37

O fotógrafo Sebastião Salgado morreu hoje, aos 81 anos, em Paris, na França. Segundo nota da família à Folha, ele teve uma leucemia grave, provocada por uma forma particular de malária contraída na Indonésia em 2010.

"Minha máquina de fabricar glóbulos brancos e plaquetas quebrou. Não funciona mais de maneira adequada", ele disse à revista piauí no ano passado. "Faço exames periódicos para controlar as taxas sanguíneas. De resto, estou saudável. Sou bom como um coco!"

O que é malária?

É uma doença infecciosa causada pela picada de um mosquito contaminado. Existem cinco tipos diferentes da doença, de acordo com as espécies do protozoário Plasmodium: falciparum, vivax, ovale, malariae e knowlesi. O parasita é transmitido para humanos pela picada de fêmeas infectadas dos mosquitos Anopheles (mosquito-prego).

Os parasitas vivax e falciparum são os mais comuns. O maior número de mortes é causado por Plasmodium falciparum, forma mais grave da doença e que afetou Salgado, conforme a piauí.

No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região amazônica. Neste ano, foram registradas mais de 35,5 mil notificações, segundo o Ministério da Saúde.

O mosquito age mais em determinados períodos do dia. Ele costuma picar no fim da tarde, durante todo o período noturno e ao amanhecer. Não é uma doença contagiosa, ou seja, não é transmitida de uma pessoa doente para outra. A transmissão ocorre quando um mosquito fêmea pica uma pessoa com malária e ingere o sangue dela que contém células reprodutoras dos parasitas.

A malária é uma infecção dos glóbulos vermelhos do sangue. Quando o mosquito pica outra pessoa, injeta esses parasitas nela pela saliva, que se movem para o fígado, onde se multiplicam novamente.

Relação entre malária e leucemia é incomum. O médico e professor Marcelo Urbano Ferreira, que pesquisa o tema no ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da USP), diz que, "a rigor, não se conhece nenhuma associação entre malária e leucemia tanto tempo depois". Ele explica que, na fase aguda da doença, logo após a infecção, pode haver alterações na produção de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas, mas é algo reversível a partir do momento que a pessoa tem acesso a medicamentos.

Sequelas podem ficar se houver mais de uma infecção. Pessoas com imunidade comprometida, que tiveram malária mais de uma vez e que não conseguiram eliminar totalmente o parasita, podem ter consequências como anemia e lesão renal. "Mesmo que atrase o tratamento, uma vez que o faz, teria conseguido eliminar parasitas com os medicamentos disponíveis", diz Ferreira.

Quais são os sintomas?

Eles costumam aparecer dentro de sete a 30 dias após a picada do mosquito. Mas também podem ocorrer até meses ou anos mais tarde. O principal sintoma é febre em todas as formas de malária.

Há ainda:

  • Calafrios com tremores;
  • Sensação de indisposição geral (mal-estar);
  • Dor de cabeça;
  • Dores no corpo;
  • Fadiga;
  • Anemia;
  • Náuseas e vômitos;
  • Pressão baixa;
  • Baço aumentado.

Complicações da malária

A malária tem cura e o tratamento é eficaz. Mas a doença pode evoluir para formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada.

Conforme a infecção avança, o baço aumenta e a anemia se torna grave. A pessoa pode desenvolver icterícia (coloração amarelada na pele e nos olhos). Gestantes, crianças e pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença.

Sem tratamento, pode ser fatal, porque os glóbulos vermelhos infectados se acumulam e levam à obstrução dos vasos sanguíneos, o que causa lesão de vários órgãos, especialmente do cérebro (malária cerebral), pulmões, rins e trato gastrointestinal.

Problemas respiratórios também podem surgir. O dano em vários órgãos pode causar queda na pressão arterial e o nível de açúcar (glicose) no sangue pode cair a ponto de trazer risco à vida em pessoas com grande número de parasitas no sangue.

Como é o tratamento?

Medicamentos antimaláricos são usados para tratar e prevenir a infecção. A escolha do remédio depende de fatores como a espécie do protozoário que infectou a pessoa, a idade e o peso do paciente, condições associadas, como gravidez e outros problemas de saúde, além da gravidade da doença. No Brasil, comprimidos são fornecidos gratuitamente em unidades do SUS.

Ainda não existe vacina contra a malária no Brasil. O imunizante disponível serve apenas para alguns países africanos com alta transmissão da doença por Plasmodium falciparum e é exclusiva para crianças pequenas. No ano passado, uma vacina brasileira desenvolvida na USP contra o tipo vivax teve patente solicitada. O imunizante tinha passado pela fase pré-clínica para avaliar qualidade, eficácia e segurança, com resultados promissores.

Como se proteger da malária?

A prevenção é individual e coletiva. Cada pessoa pode se proteger usando mosquiteiros, roupas que protegem pernas e braços, repelente e colocando telas em portas e janelas. As recomendações são importantes para pessoas que vivem ou viajam para áreas onde a malária é prevalecente.

Já a proteção coletiva inclui:

  • Borrifação residual intradomiciliar;
  • Uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração;
  • Pequenas obras de saneamento para drenagem e aterro de criadouros do vetor;
  • Limpeza das margens dos criadouros;
  • Melhoramento da moradia e das condições de trabalho.

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