Doença incurável: Mujica recebe cuidados paliativos; o que isso significa?
De VivaBem*, em São Paulo
12/05/2025 17h22
O ex-presidente uruguaio José Mujica, 89, enfrenta a fase "terminal" de um câncer de esôfago. A informação foi confirmada por sua esposa, Lucía Topolanski, a um veículo de comunicação do Uruguai. Segundo ela, Mujica está sob cuidados paliativos.
O que são cuidados paliativos?
Conforto, qualidade de vida e alívio do sofrimento do paciente. Diante de uma doença incurável, a equipe de cuidados paliativos realiza intervenções específicas para aliviar o sofrimento físico e permitir que a vida siga seu curso natural. Assim, a pessoa terá uma "boa morte" (kalotanásia).
Na prática, os cuidados paliativos oferecem assistência por meio de uma equipe multidisciplinar. Os paliativistas não medem esforços para melhorar a qualidade de vida de quem tem uma doença incurável (e de sua família), mas todas as ações respeitam os limites do paciente, a sua autonomia e crenças.
Princípios básicos. Promover alívio da dor e outros sintomas; não acelerar nem adiar a morte; oferecer suporte para que o paciente viva o mais ativamente possível; ser iniciado o quanto antes, junto de outras medidas, para prolongar a vida; afirmar a vida e considerar a morte um processo natural; integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso de vida; auxiliar os familiares durante a doença do paciente.
A equipe de cuidados paliativos. Ela é composta por diversos profissionais que controlam os sintomas: do corpo (médicos e enfermeiros); da mente (psicólogos e psiquiatras); espirituais (padre, pastor, rabino, entre outros); sociais (assistentes sociais).
Intervenções médicas devem ser implementadas apenas quando oferecem benefícios. Qualquer procedimento deve ser comprovado cientificamente e ter concordância do paciente e de seus familiares.
Desejos do paciente serão sempre respeitados. A pessoa que está em processo de morte precisa decidir como deseja que sejam os seus cuidados e os tratamentos que quer (ou não) receber no momento da finitude. Para isso, há as diretrizes antecipadas de vontade (ou testamento vital).
O que aconteceu
Em janeiro deste ano, o câncer de esôfago em Mujica se espalhou para o fígado. Ele explicou que o câncer descoberto no esôfago se espalhou e pediu aos médicos que não "o façam sofrer em vão". Por isso, não iria mais seguir o tratamento. Ao jornal Búsqueda, o ex-presidente disse: "Quando chegar a hora de morrer, eu morro".
O câncer no esôfago está colonizando o fígado. Não tem nada que eu faça que consiga parar. Por quê? Porque sou um idoso e porque tenho duas doenças crônicas. Meu corpo não aguenta. Pepe Mujica, ao jornal uruguaio Búsqueda
Cuidados paliativos para aliviar a dor. Em entrevista à rádio local Sarandí, Lucía Topolanski explicou que eles fazem todo o possível para garantir que ele viva a parte final de sua vida "da melhor maneira possível".
Mujica não participou nas eleições regionais de domingo por recomendação médica. A companheira de Pepe detalhou que a ausência do ex-presidente nas eleições, nas quais a esquerda manteve o poder na capital do país, Montevidéu, foi por recomendação médica, já que o deslocamento era longo.
Ex-presidente já disse que não dará mais entrevistas e pediu que fosse deixado em paz. "Eu estou morrendo. O guerreiro tem direito ao seu descanso", afirmou.
*Com AFP e informações de reportagem publicada em 01/04/2021