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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Faz mal à saúde mental tratar animal de estimação como filho?

Imagem: Getty Images

Colaboração para VivaBem*

06/05/2025 13h56

Quem ama e cuida bem dos animais de estimação quer sempre o melhor para eles, afinal muitas pessoas os consideram parte da família. Mas é importante lembrar que cães e gatos são bichos, com comportamentos e necessidades diferentes das nossas. Tratar um pet como se fosse uma criança ou esperar que ele se comporte como um ser humano pode acabar prejudicando tanto o animal quanto o tutor.

É normal o ser humano se apegar aos pets, pois eles costumam retribuir o carinho. Eles trazem afeto, companhia e até lealdade, o que muita gente não encontra facilmente. Essa ligação forte pode lembrar o amor entre pais e filhos.

"Os sentimentos humanos são projetados nesse animal e muitos que, por essência, são mais cuidadores ou protetores podem transformá-lo num filho de faz de conta, como na infância. Nesse sentido não há problema, só é preciso tomar cuidado com o esperar algo de volta, as carências excessivas e a ideia concreta de que é um filho real", explica Deborah Moss, neuropsicóloga e mestre em psicologia do desenvolvimento humano pela USP.

Relação saudável com o pet traz benefícios

Ter um pet por perto melhora o humor, ajuda a controlar o estresse e a ansiedade e transmite sentimentos positivos como segurança e esperança. Isso é especialmente importante para quem está doente ou em recuperação de depressão, por exemplo. Além disso, os animais estimulam seus donos a se movimentarem mais, o que faz bem à saúde física e mental.

No entanto, o amor pelos animais não deve substituir os relacionamentos humanos. É importante também lançar amor e dedicação às pessoas a nossa volta. Quando toda a atenção está voltada só ao pet, isso pode ser sinal de um desejo escondido — como o de ter filhos ou de se abrir para outras pessoas, mas com dificuldade para interagir e lidar com críticas ou rejeições.

Convivência saudável demanda regras

Imagem: Getty Images/iStockphoto

Para manter uma relação saudável com o animal do ponto de vista médico, é importante estabelecer regras: o pet precisa ter seu próprio espaço e liberdade para brincar e agir como animal. Isso também ensina as crianças a respeitarem outras espécies e a desenvolver responsabilidade.

Sobre dormir com o pet, não há problema, desde que ele esteja com as vacinas em dia, limpo, e o dono não tenha problemas respiratórios ou distúrbios do sono. Também é preciso observar se essa rotina não virou uma forma de dependência. Isso pode acontecer quando a pessoa só consegue dormir com o pet por perto por se sentir sozinha ou culpada por ter passado o dia fora de casa.

Reconheça um acumulador

Um dos problemas que pode surgir na relação com os animais de estimação é quando o dono começa a adotar muitos deles, tentando preencher um vazio emocional. Algumas pessoas acumulam bichos de forma compulsiva, especialmente quando se identificam com o sofrimento e a fragilidade dos animais. Isso pode acontecer de forma impulsiva e, diferente de ONGs ou abrigos preparados, muitos acumuladores não têm estrutura física e psicológica, apoio ou dinheiro para cuidar bem desses animais.

"Quando ouvimos dizer que o que vale são as boas intenções, temos que pensar que na verdade nem sempre é assim. Algumas pessoas perdem o controle e de protetores acabam se tornando opressores. É um transtorno grave, pois não se enxerga a incapacidade e o impacto negativo que a situação causa a si e aos animais", esclarece Carla Guth, psicóloga especialista em família e construcionismo pela PUC-SP.

Segundo Guth, acumuladores de animais não são pessoas ruins. Muitos passaram por traumas sérios, como a perda de alguém próximo, separações difíceis ou situações de violência. Podem também sofrer de problemas como depressão, esquizofrenia, transtornos de personalidade, paranoia, delírios ou demência. Em muitos casos, a pessoa se "desconecta" emocionalmente da realidade e nem percebe o sofrimento dos animais que deveria estar cuidando. Por isso é importante que busquem ajuda.

*Com informações de reportagem publicada em 10/03/2021

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