OPINIÃO
C6 Fest se firma como 'o festival' para os 35+ que seguem loucos por música
Fabrício Nobre
Do TOCA
26/05/2025 15h30
Depois de três edições, o C6 Fest se firma como um dos principais encontros para quem ama música —música de verdade, sem rótulos fechados e com o espírito aberto ao novo. Jazz, world music, indie, pop, rock, eletrônica... tudo cabe ali.
Mais do que isso: o festival se estabelece como o espaço ideal para quem, geralmente, já passou dos 35 anos, gosta de novidades, mas carrega também a memória afetiva de ter vivido a era de festivais clássicos do sudeste brasileiro —o Free Jazz e o Tim Festival.
Por mais que a Dueto Produções, responsável pelo evento, evite admitir, está cada vez mais clara a sequência natural que o C6 Fest representa.
Afinal, onde mais você poderia ter visto — e ouvido —, num mesmo festival, nomes como Air, Wilco, Seu Jorge, Meshell Ndegeocello, Gossip, Amaro Freitas e The Last Dinner Party? No mesmo evento que, lá atrás, teve em 2000 shows históricos de Sonic Youth, Manu Chao, Femi Kuti, João Donato e D'Angelo, no Free Jazz, e depois no Tim Festival.
A locação, mais uma vez, foi impecável: o parque Ibirapuera, com sua integração única entre natureza, arquitetura e música. O público transita entre os palcos atravessando o próprio parque —pode parecer estranho, mas, no fim das contas, é justamente esse deslocamento que dá charme e respiro à experiência.
Foi um espaço pensado não apenas para shows mas também para o bem-estar, com ótimas opções de comida, bebida e áreas de descanso. Afinal, quem ama música também ama conforto —especialmente quando já passou dos 40.
Destaques de 2025
Air: uma apresentação celestial, etérea, que reafirma o charme absoluto do French pop.
Wilco: reunindo uma legião de "jovelhos" indies, que cantaram juntos os solos e refrãos de várias canções, num show catártico.
Beth Ditto & Gossip: uma musa explosiva, plus size, queer, ícone do rock pós-2000, botando todo mundo para dançar com seu look de oncinha e muita gente para se emocionar.
The Last Dinner Party: talvez a maior revelação desta edição. Jovens roqueiras que evocam o espírito do Queen em sua fase mais teatral e intensa, misturando indie e classic rock com fôlego de sobra.
E esses são apenas alguns dos muitos shows que fizeram da edição 2025 mais uma afirmação: o C6 Fest é uma celebração da música para quem sabe apreciar cada nota, cada pausa, cada encontro.
E, claro, quem já passou dos 40 sabe: não dá mais pra correr de um palco ao outro como antes. A seleção é natural. Menos é mais.
Longa vida para nós —e para o Free Jazz, o Tim e, agora, o C6 Fest.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL