'Liberdade de expressão tem limite': advogada analisa Caso Fontenelle
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O caso de Antonia Fontenelle, que tentou recorrer, mas teve a condenação mantida em seu processo que envolve Klara Castanho, só evidencia o ódio contra as mulheres na internet com objetivo de obter engajamento e lucro, declarou a advogada Mayra Cotta em entrevista ao UOL News de hoje.
Sim, liberdade de expressão tem limites, especialmente quando a gente está falando da instrumentalização do ódio às mulheres nas redes sociais para garantir engajamento.
Acho que o mais importante dessa condenação não é nem sobre os limites da liberdade de expressão, é justamente a instrumentalização desses conteúdos, o uso de conteúdo misógino, que é esse ódio contra as mulheres praticado largamente na internet, nesse caso praticado por outra mulher, para gerar engajamento.
A gente está falando de uma influenciadora que vive disso, vive de likes, vive de exposição de engajamento nas redes e que sabe o tanto que fomentar o ódio às mulheres nesses espaços gera retorno, inclusive financeiro, para ela.
Mayra Cotta
Fontenelle terá que indenizar a atriz em R$ 50 mil por danos morais. Além disso, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro rejeitou um recurso da influenciadora que tentava anular a multa de R$ 1,6 milhão, aplicada pelo descumprimento de uma ordem judicial que determinava a remoção de uma publicação ofensiva contra Klara Castanho.
A advogada Mayra Cotta sinalizou que não se pode moralizar estas atitudes, explicando que o discurso de ódio contra as mulheres gera engajamento e monetização a quem o disseminou.
A gente não pode moralizar isso, no sentido de ser sobre apenas duas pessoas, uma que quer fazer mal à outra. Tem um grande incentivo hoje que se dá à produção desse tipo de conteúdo nas redes, e é o fomento da misoginia, do insuflar seus seguidores a ir atacar uma mulher.
Então, a Klara Castanho, por que ela vira um alvo tão atrativo para uma influencer que quer atenção? Que quer engajamento nas redes. Por que ela é tão atrativa? Porque ela é uma mulher que passou por uma situação de violência sexual, e que a gente sabe o quanto que isso acaba sendo até vibrado nas redes.
Quanto que odiar mulheres gera o engajamento e gera tráfico nas suas redes e gera reprodução de seus conteúdos e isso se transforma em likes e inclusive em monetização. Para quem tem canal no YouTube, para quem vive desses engajamentos em redes sociais.
Mayra Cotta
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