Virginia encarna estética da 'boa moça' em CPI das Bets, diz consultora
Virginia Fonseca depôs hoje na CPI das Bets e o seu visual virou assunto nas redes sociais.
O que aconteceu
Influenciadora escolheu um moletom preto estampado com uma foto de Maria Flor, sua filha do meio, óculos de grau jovial e uma maquiagem discreta. O visual, que era completado por um copo rosa, destoa do que a esposa Zé Felipe costuma usar nas redes sociais e em eventos badalados.
Clara Laface, consultora de imagem pessoal, acredita que o visual foi calculado para encarnar a persona da jovem despretensiosa, quase alheia à gravidade do tema. "Ingênuo é quem acredita que foi espontâneo. Nada na imagem de alguém com milhões em contratos publicitários — e envolvida em uma investigação de tamanha proporção — é por acaso", escreveu ela em publicação viral no X (antigo Twitter).
A Splash, a especialista explica que o visual adotado pela Virginia foi escolhido para transmitir uma imagem de leveza, juventude e uma certa ingenuidade. "Trata-se de uma construção visual pensada para gerar empatia e suavizar a percepção de responsabilidade sobre seus atos".
É a estética da 'boa moça'. No entanto, em contextos institucionais sérios, como uma CPI, essa suavização não é neutra — ela interfere diretamente na forma como o público e os próprios parlamentares interpretam sua presença. Clara Laface, consultora de imagem pessoal
A imagem, por si só, não altera o curso formal de uma investigação, mas influência, sim, a percepção pública e o ambiente emocional em que ela ocorre, completa a profissional. "Em situações de julgamento público, o visual pode atenuar críticas, despertar empatia ou até mesmo desviar o foco da gravidade dos fatos. A comunicação não verbal, quando estrategicamente manipulada, tem o poder de moldar a narrativa que se constrói em torno de uma figura pública. Isso, na prática, pode impactar a maneira como o depoimento é repercutido, como a imprensa aborda o caso e como a opinião pública reage".
O que ela disse
Apresentadora do SBT ressaltou que todos os contratos são legais. Ela defendeu a necessidade do Congresso Nacional criar leis relacionadas ao tema.
Não estou fazendo nada fora da lei [...] Se realmente faz tão mal para a população, então proíbe tudo. Eu nunca aceitei fazer publicidade para casas de apostas que não estão regulamentadas. Virginia
Ela negou a existência da "cláusula da desgraça" em contratos com plataformas de jogos. De acordo com reportagem da Revista Piauí, que foi publicada em janeiro, um contrato da famosa com a Esporte da Sorte estabelecia o pagamento adicional de 30% do valor perdido pelos usuários em apostas.
Saiu na internet e, por questão de confidencialidade, não podia falar. Eu fechei o meu contrato com a Esportes da Sorte, e esse valor que eles me pagaram, se eu dobrasse o lucro dele, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum era sobre perdas. Nunca teve isso em contrato. Nem foi atingido esse valor. Eu nunca recebi nenhum valor além do que foi pago de publicidade. Isso era uma cláusula padrão.
Com mais de 53 milhões de seguidores só no Instagram, Virginia entrou no radar da CPI das Bets por causa da popularidade nas redes sociais. A esposa de Zé Felipe já fez campanhas publicitárias para jogos de azar e apostas online.
Direito de ficar calada
Senadora Soraya Thronicke questionou qual o maior valor em cachê Virginia já recebeu, e influenciadora não respondeu. "Me reservo ao direito de ficar calada", disse.
Como uma das maiores personalidades da internet no Brasil, Virginia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online. Nos últimos anos, a influenciadora esteve envolvida em campanhas de marketing para casas de apostas, utilizando sua ampla base de seguidores. Soraya Thronicke, senadora
Soraya ainda afirmou que as publicações de Virginia não traziam aviso de jogos de apostas são para maiores. Nesse momento, influenciadora se levantou e mostrou no celular algumas de suas postagens que teriam o aviso.
Senadora também questionou se a mulher e o marido da influenciadora eram apostadores, o que Virginia negou. "Então a senhora consegue influenciar milhões de brasileiros, mas não consegue influenciar seu marido e sua mãe? Será que esse produto fosse realmente bom, sua mãe e seu marido não estavam jogando?", questionou a política.
Virginia diz que alerta seguidores e segue as recomendações do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) sobre o tema. "Quando eu posto, sempre deixo muito claro que é um jogo, que pode ganhar e pode perder. Que menores de 18 anos são proibidos na plataforma. Se possui qualquer tipo de vício, o recomendado é não entrar. E para jogar com responsabilidade.
Defesa recorre ao STF
Decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que foi assinada pelo ministro Gilmar Mendes, permite que a influenciadora fique em silêncio sobre questões que possam incriminá-la. Ela também será acompanhada por advogados durante todo o depoimento. O ministro atendeu a um pedido feito pela defesa da famosa.
Advogados de Virginia argumentaram que a cliente é uma pessoa pública e, por isso, teme que a "convocação seja desvirtuada para que a sua imagem seja indevidamente utilizada para fins diversos daquele que ensejou a instauração da CPI das Bets".