Cassino na 'Orlando brasileira'? Cidade quer oferecer jogos em resorts

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A cidade de Olímpia (SP), conhecida como a "Orlando brasileira", aprovou a construção de cassinos em resort antes mesmo da liberação pelo governo federal.
No último dia 14, o prefeito Geninho Zuliani sancionou a lei municipal 5098/2025, que reconhece cassinos integrados a resorts de alto padrão como "serviços públicos de relevante interesse turístico e social", além dos chamados serviços complementares de gastronomia, cultura, recreação, entretenimento e hotelaria.
A lei ainda autoriza a prefeitura a conceder, por meio de licitação, a prestação dos serviços à iniciativa privada, ou seja, às empresas interessadas em construí-los e geri-los na cidade através de um modelo de concessão, por exemplo.
Por que Olímpia "liberou" os cassinos antes de Brasília?

O texto da sanção, publicado no Diário Oficial, destaca que "a eficácia desta lei está condicionada à conversão do projeto de lei (PL) nº 2.234/2022 em lei federal". Ou seja, só será possível prosseguir com a construção dos cassinos caso o Senado aprove e o presidente assine, de fato, a liberação regulamentada dos jogos de azar no país.
Procurada, a assessoria do Senado Federal confirmou que não há previsão para deliberação dos senadores a respeito do projeto de lei. Ele havia sido incluído na ordem do dia do plenário em dezembro, mas foi retirado de pauta após a publicação de requerimentos dos senadores Alessandro Vieira (MDB-SE) e Flávio Arns (PSB-PR), este último assinado no total por 33 senadores.
Na contramão, foi publicado no mesmo dia um requerimento que pedia urgência na votação do projeto, mas com a assinatura de apenas 10 parlamentares. Atualmente, há pedidos pendentes da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) para que o projeto seja ouvido nas comissões temáticas da casa, para a análise de assuntos sociais, econômicos e de segurança pública relacionados à liberação dos jogos. Entenda aqui o que propõe o PL dos cassinos.
Nossa também procurou o prefeito Zuliani para entender por que Olímpia decidiu se antecipar a uma lei que, na prática, ainda não existe. Em nota direto de Orlando, o prefeito afirmou que a aprovação da lei municipal tem "caráter estratégico e visionário", já que o texto do PL prevê apenas até três cassinos no estado de São Paulo.
Queremos sair na frente e nos prepararmos para a escolha de um modelo jurídico adequado aos interesses turísticos do município. Para tanto é preciso ouvirmos o que existe de mais moderno no mercado e as melhores práticas do setor. Não podemos aguardar o Governo Federal efetivamente sancionar a lei para iniciar esse processo. Essa medida é um passo à frente. Estamos nos posicionando como um destino preparado para atrair investimentos bilionários em turismo e entretenimento. A lei aprovada nos permite iniciar um diálogo com o mercado, dentro da legalidade e com o objetivo de gerar mais empregos, mais desenvolvimento e consolidar Olímpia como um destino completo. Geninho Zuliani, prefeito de Olímpia
Na cidade americana, Zuliani tem agenda no Disney Institute para uma "imersão", informou. Ele se encontra com empresários do setor, entre eles Alex Pariente, vice-presidente sênior corporativo de operações de cassino e hotel do grupo Hard Rock, em Miami, onde quer "apresentar o potencial da cidade e abrir diálogo com possíveis investidores globais".
Por que Olímpia é chamada de "Orlando brasileira"?
Olímpia recebe cerca de cinco milhões de turistas por ano e oferece 35 mil leitos em sua rede hoteleira, segundo estimativas da prefeitura. Atualmente, toca um ambicioso projeto: o futuro Aeroporto Internacional, previsto para abrir as portas em 2027. Seus terminais terão capacidade para um milhão de passageiros ao ano.

Atualmente, Olímpia prepara a construção de um centro de convenções e já ostenta dois dos maiores parques aquáticos da América Latina, o Thermas dos Laranjais e o Hot Beach, que Nossa visitou e mostra como é aqui.

Além disso, o Thermas, sozinho, é o segundo mais frequentado do mundo com quase dois milhões de visitantes anuais, segundo estimativa do fim de 2024 da TEA (Themed Entertainment Association), ou Associação de Entretenimento Temático.
A poucos metros do Hot Beach, os turistas encontram o Vale dos Dinossauros, com entretenimento para todas as idades. Caminhando pelo percurso, você dá de cara com réplicas animadas de diferentes espécies e lê curiosidades sobre elas. Em um espaço, é possível até observar uma "incubadora".

Mais no centro da cidade, o Museu de Cera impressiona. São 30 cenários diferentes e mais de 70 estátuas de cera. Algumas são bem fiéis, como a do humorista Renato Aragão e a do físico Albert Einstein. Outras, rendem risadas: é o caso das estátuas do jogador Cristiano Ronaldo e do príncipe William, que não se parecem tanto com seus modelos reais.

Bem ao lado, fica o Bar de Gelo. O calor em Olímpia não deu trégua: termômetros acima de 35ºC todos os dias. Mas, lá dentro, as temperaturas estão sempre negativas, com ápice em -15ºC. Os visitantes usam casacos pesados, luvas e calças (cedidos pelo local) para entrar no ambiente, onde podem ficar até 40 minutos. São oferecidos drinks com e sem álcool. Crianças ainda podem descer um escorregador de gelo.

Ainda no último ano, a cidade ganhou o Orionverso, parque temático de realidade virtual inspirado naqueles que existem no Walt Disney World, em Orlando.

Mas a cidade já faz esforços para ampliar seu domínio turístico e atrair outros públicos. No dia 16, a prefeitura anunciou o início de negociações com o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), para a sua entrada no "Caminho da Fé".
A ideia é que um ramal do percurso de peregrinação até a Basílica seja instalado na cidade, que se tornará parada para os fiéis católicos. O trajeto atual já conta com hotéis e restaurante que atende aos peregrinos no trajeto.
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