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Voltando do casamento de Lionel Messi, em 2017, Neymar Jr. dividiu um voo com Daniel Alves. Ali, o lateral lhe contou: também tinha uma proposta do Paris Saint-Germain e, se o atacante topasse, iria para lá para que fizessem parceria.
Neymar, que se sentia isolado no Barcelona, topou e apertou a mão do amigo, que rumou para Paris.
Aquela promessa foi determinante para a saída dele do clube catalão, diz André Cury, agente que representava o clube espanhol.
Cury diz que avisou Neymar Jr. de que estaria tomando uma decisão equivocada e que teve apoio de Neymar pai para tentar revertê-la, com ajuda de jogadores do time.
Mas a empreitada não deu certo. Mesmo juntos na capital francesa, a dupla de amigos ficou longe de atingir as metas dentro de campo.
O episódio 5 do podcast "Neymar", "O Príncipe que Não Quis Ser Rei", traz bastidores da história de como Neymar decidiu jogar no PSG —e do arrependimento que se seguiu.
Na França, ele passou a conviver com as inéditas lesões, a pressão e a solidão. A combinação desencadeou uma série de crises de imagem e o afastou precocemente do topo do futebol.
O podcast terá seis episódios, publicados às terças no canal de YouTube do UOL Prime e em todas as plataformas de podcasts (Spotify, Apple Podcasts e Deezer) e às quartas no YouTube de UOL Esporte.

Da feliz Barcelona a uma triste Paris
Neymar se transferiu para o PSG em agosto de 2017, por 222 milhões de euros, a maior da história do futebol na época.
Neymar foi apresentado com pompa e teve sua imagem projetada na torre Eiffel.
Cury conta que, apesar do clima de festa, dois meses depois, o craque estaria arrependido.
"Eles nos encontraram lá em um cassino em Barcelona, ele chorou, disse que era muito novo, que tinha errado... ", conta o empresário, que disse ao jogador que era tarde demais.
Oito anos depois, o choro no cassino descrito por Cury parece um prenúncio para Neymar.

O peso do protagonismo e as lesões
O brasileiro chegou à França em busca de protagonismo e de uma inédita era de ouro para si e para o futebol francês.
Mas ele encontrou dificuldades inéditas na sua carreira, dentro e fora dos gramados.
O ano de 2017 ficaria marcado como o último em que ficou no top 3 na disputa pelo lugar de melhor jogador do mundo.
Em fevereiro de 2018, Neymar torceu o tornozelo e fraturou o quinto metatarso do pé direito. A lesão o tirou do restante da temporada e marcou o começo do seu calvário.
Essa situação se tornaria recorrente, e os longos períodos de afastamento fariam de Neymar um jogador propenso a esse e outros problemas.
Se no Santos e Barcelona ele chegou a atuar em 60 ou 50 jogos por temporada, de 2018 em diante ele nunca mais ultrapassaria a marca de 31 partidas com a camisa do PSG.
No restante da carreira, ele passaria, em média, 164 dias por ano se recuperando de lesão e afastado dos gramados.
Nesse cenário instável, o craque viveria em 2020 seu melhor momento no PSG.
O calendário encurtado pela covid-19 favoreceu um Neymar propenso a lesões, que conseguiu encontrar seu melhor momento na reta final da Liga dos Campeões.
Ele fez apenas sete partidas na competição, mas todas em alto nível. Conduziu o PSG até a final, diante do Bayern de Munique, que ficou com o título após vencer por 1 a 0.
Na esteira do vice-campeonato e em plena pandemia, Neymar organizou uma megafesta de ano novo em sua mansão em Mangaratiba (RJ), que recebeu celebridades e subcelebridades.
O evento acendeu um debate que acompanharia Neymar: ele é presença constante em festas e eventos no Brasil e na Europa enquanto se recupera de lesões graves.

As crescentes crises de imagem e acusações sexuais
Neymar chegou à Copa do Mundo de 2018 sem estar 100% fisicamente e não conseguiu atuar em alto nível.
Na tentativa de se proteger, se jogava e rolava quando recebia pancadas. As imagens viraram memes nas redes sociais e viralizaram pelo mundo.
Após a seleção brasileira ser eliminada nas quartas de final contra a Bélgica, Neymar pai chegou a negociar uma entrevista com a TV Globo, como parte de uma estratégia para resgatar a imagem do filho. Mas ela não aconteceu.
Em vez disso, a NR Sports, empresa do pai do craque, usou um comercial da Gillette para se justificar.
A publicidade teve impacto negativo e foi criticada até pela imprensa europeia —Neymar foi acusado de monetizar seu diálogo com a torcida brasileira para vender mais um produto.
A imagem dele ficou ainda mais manchada após agredir um torcedor do Rennes em 2019, depois de uma derrota na final da Copa da França.
A perda da braçadeira de capitão da seleção brasileira, por decisão de Tite, reforçou a percepção de imaturidade.
As duas maiores crises ainda estariam por vir: duas denúncias de agressões sexuais contra Neymar.
Em maio de 2019, a modelo Najila Trindade acusou o jogador de estupro durante a preparação do Brasil para a Copa América, disputada no Brasil.
Neymar foi inocentado, o caso, arquivado, e a mulher que o acusou terminou processada por denúncia falsa —esse inquérito também foi arquivado.
Mesmo assim, o caso afetou contratos publicitários. A Mastercard, por exemplo, suspendeu uma campanha publicitária nacional.
Em 2021, a Nike afirmou que rescindiu contrato com Neymar após uma investigação interna sobre uma denúncia de agressão sexual de uma funcionária contra o atleta.
Segundo a empresa, o brasileiro teria tentado forçar uma funcionária a fazer sexo oral nele em um hotel em 2016. O caso foi denunciado por ela em 2019.
A companhia disse que as investigações foram inconclusivas, mas que rescindiu com o jogador por ele se recusar a colaborar com elas.

De estrela maior a jogador negociável
De grande estrela em ascensão em 2017, Neymar chegou à Copa de 2022, no Qatar, cercado de incertezas.
E ele seguiu um roteiro familiar: lesionou o tornozelo direito na estreia, conseguindo voltar a campo na segunda fase do torneio.
Nas quartas de final diante da Croácia, brilhou e marcou um gol antológico, mas o Brasil acabou eliminado nos pênaltis.
Voltando para casa, Neymar organizou no final de dezembro uma festa na casa da irmã, Rafaella.
Quando o calendário virou para 2023, algo havia mudado. Neymar não estava mais nos planos do PSG.
Rumores sobre interesses de Real Madrid e Barcelona, que acompanharam Neymar ao longo de anos, desta vez não ganharam tração.
Em agosto de 2023, após jogar apenas oito jogos pelo PSG no ano, ele acertou a transferência para o Al Hilal, da Arábia Saudita.
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