Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Clubes e seleção podem ser afetados por queda de Ednaldo na Justiça?

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o afastamento do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. E já houve recurso feito pelo dirigente ao STF. Mas, mantida a decisão, há ameaça de suspensão da CBF e impacto sobre clubes e a seleção brasileira?

A Conmebol e a Fifa ficaram surpresas com a decisão. E ambos os organismos começaram a estudar a situação jurídica da CBF e o afastamento de Ednaldo.

Por quê? O estatuto da Fifa determina que as filiadas (federações nacionais) devem conduzir seus assuntos de forma "independente e evitar qualquer forma de interferência política". Está expresso nos artigos 14 e 15 da entidade.

No primeiro afastamento de Ednaldo, também via judicial, a Fifa e a Conmebol entenderam que houve interferência. E mandaram carta ameaçando a CBF de suspensão. Em caso de suspensão da entidade, os clubes e a seleção não poderiam jogar competições internacionais.

A questão é que, desta vez, o nomeado como interventor não é o presidente do STJD, e sim um vice-presidente da CBF, Fernando Sarney. Pela decisão, ele deve conduzir as eleições. O próprio Sarney argumenta que não é um corpo estranho, tendo sido dirigente não só da CBF, como da Conmebol quanto da Fifa.

Perguntada pelo UOL, a diretora jurídica da Conmebol, Montserrat Jiménez, disse que vai analisar o caso porque há impacto na própria confederação sul-americana, até pelos cargos ocupados por Ednaldo, no Conselho da entidade e da Fifa.

"A intervenção externa nos organismos esportivos se caracteriza quando não há uma validade constitucional", disse ela. A Fifa fará a mesma análise em seu departamento legal.

Em geral, os dois organismos são resistentes a tirar dirigentes eleitos, como Ednaldo. Mas depende também do apoio deles dentro do próprio corpo esportivo — o atual presidente da CBF tem sido bastante questionado até por aliados entre as federações estaduais.

Fernando Sarney fala em realizar uma eleição rápida, o que poderia legitimar outro dirigente como eleito em um consenso.

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Ednaldo foi pedir ajuda à Fifa quando esteve no Paraguai para o Congresso da Fifa. Informou sobre o andamento do processo judicial que o ameaçava — no dia seguinte, foi afastado. Ele melhorou sua relação com o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez.

A suspensão da CBF, que leve a tirar clubes e seleção de competições, é sempre uma medida radical muito improvável em um país grande como o Brasil.

É até mais possível a Fifa e a Conmebol, se entenderem que há um problema, mandarem dirigentes para verificar o andamento de novas eleições ou intervir na entidade. Isso porque o objetivo é que a política não impacte o campo. No momento, não há nenhuma federação nacional suspensa pela Fifa.

Reportagem

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